Resolução de ano novo: tirar a DE&I do papel

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Opinião

Resolução de ano novo: tirar a DE&I do papel

Até quando as empresas seguirão sem um planejamento estratégico para Diversidade e Inclusão e alimentando ainda mais a sensação de estagnação?

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9 de janeiro de 2023 - 10h45

(crédito: Monkey Business Images/istock)

Todos os começos de ano somos convidados a refletir sobre a vida e a elencar as metas do novo ciclo: trabalhar menos, comer melhor, ver mais os amigos, viajar…a lista é sempre enorme. Estas resoluções podem dar muito certo para nos orientar no ano que entra, mas também podem virar uma enorme fonte de frustração.

Temos mais chances de sucesso se formos mais propositivos e menos genéricos: em vez de trabalhar menos, podemos elencar as ações que nos levarão a isso, como por exemplo não estender o trabalho para além do horário comercial, criar uma lista de tarefas com as prioridades do dia. Ações concretas são motivadoras e determinam o passo a passo para atingirmos objetivos maiores. O nome disso é estratégia.

Neste ano que entra, temos não apenas a renovação do calendário, mas também o início de um novo capítulo de nossa história, com promessas de ser mais progressista e alinhado às demandas sociais. Se nos últimos anos estivemos lutando para provar que as questões levantadas pelos grupos minorizados são importantes, agora temos a validação do óbvio: sim, nós existimos e somos valiosos, como disse Silvio de Almeida em seu arrepiante discurso de posse como Ministro dos Direitos Humanos.

Agora, para todas as pessoas que se importam, para as que estão na linha de frente na promoção da inclusão, o convite é para virarmos a chave. É hora de sermos propositivos. Além do debate e do discurso, nos interessa responder às perguntas importantes: que caminhos vislumbramos para a promoção da sonhada justiça social? Que ferramentas utilizaremos para atingir estes objetivos? Quais ações concretas são necessárias e quais parcerias precisaremos estabelecer? Que indicadores nos dirão que atingimos nossos objetivos? Nos interessa a estratégia e, infelizmente, a grande maioria das empresas ainda não traçou a sua.

Desde o boom das pautas ESG no Brasil, as empresas estiveram focadas em letramentos e sensibilizações, em uma situação de problematização tão infinita quanto necessária. A solução de problemas complexos é assim mesmo. Acontece que este tipo de abordagem exclusivamente discursiva acabou gerando outros problemas. Os profissionais de DE&I estão entre os que mais sofrem burnout e a causa está relacionada aos baixos orçamentos, baixo engajamento dos times e lideranças e o elevado nível de pressão e carga emocional.

Outro fenômeno relacionado foi apontado neste artigo interessante sobre a chamada “diversity fatigue”, ou em tradução livre a fadiga da diversidade. Em resumo, esta fadiga se refere à resistência emocional, estresse e frustração que podem se acumular ao longo do tempo, especialmente quando uma organização não consegue avançar nas questões de DEI dentro de suas próprias paredes (e na sociedade em geral).

O remédio para isso é a estratégia. Ela precisa indicar ações claras e alcançáveis ​​na contratação, recrutamento e mudança de cultura, mas também precisa ser capaz de responder a um mundo exigente que espera mais do que mudanças nas políticas internas. Nenhuma empresa ou marca inicia o ano sem uma estratégia financeira ou objetivos de faturamento, por que é diferente quando falamos de impacto social? A estratégia deve ser definida em ambos os níveis – o macro e o micro – para garantir que mudanças mensuráveis ​​sejam feitas enquanto mudanças aspiracionais são experimentadas.

Neste ano, o convite é que sejamos mais e mais propositivos. Continuaremos o debate, é óbvio!, porém se abre diante de nós uma janela cheia de oportunidades para que possamos agir. É pela ação, mais do que pelo discurso, que sentiremos que estamos avançando. Temos pressa e avançar é preciso.

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