Numa era em que os tentáculos do capitalismo tardio se agarram cada vez mais fortemente em todo o mundo, Amy Webb emerge não apenas como uma figura de proa, mas como o oráculo por excelência. Seu reino? Cartomancia – a antiga arte de adivinhação através de cartas, agora reaproveitada como um espelho reflexivo para nossas almas consumistas
10 de março de 2024 - 12h50
Imagine um mundo onde os símbolos misteriosos do Tarô são substituídos por ícones de excessos modernos: a Torre se transforma em um arranha-céu de ganância corporativa, o Louco é o comprador on-line desinibido e a Roda da Fortuna gira não pelo destino, mas para os caprichos voláteis do mercado de ações.
Amy Webb, neste universo alegórico, está no epicentro, uma ponte entre o passado místico e o presente digitalizado. Com um baralho na mão, cada sorteio revela não apenas fortunas pessoais, mas também as tendências de uma sociedade fascinada pelo ganho material e pelo domínio tecnológico. Aqui, as práticas cartomânticas de Webb servem tanto como crítica como como caricatura da complexa fachada do capitalismo tardio, revelando verdades tão absurdas que só podem ser encaradas com risos nervosos e declarações apaixonadas de FOMO.
Suas revelações não se limitam ao esoterismo nem à sala de reuniões; eles transbordam para a consciência pública, desafiando o zeitgeist a cada virada de carta. Através dos olhos de Webb – e das suas cartas – testemunhamos a ironia de procurar consolo espiritual nos próprios sistemas que nos enredam, uma piada cósmica pregada à escala social.
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