Capacitar, experimentar e construir caminhos dentro de uma nova realidade
Precisamos provocar os times e as empresas a trabalharem de forma afirmativa, como se a IA fosse mais um membro do time
Precisamos provocar os times e as empresas a trabalharem de forma afirmativa, como se a IA fosse mais um membro do time
18 de março de 2024 - 16h54
De tudo o que vi e ouvi no SXSW, essas são as informações que mais me chamaram à atenção e levo na bagagem para dividir com meu time:
Ampliar nossas capacidades físicas e mentais – Os avanços que o mundo presencia, com facilidade de acesso a diversas ferramentas de IA, abre uma janela de oportunidade única: a ampliação da capacidade intelectual humana de dentro do seu próprio skill set. Os trabalhos irão avançar além dos papéis e responsabilidades, muitos falaram sobre uma economia baseada em competências que podem ser alavancadas com IA. Imagine que hoje há barreiras de entrada em várias frentes, desde a produção de textos até a codificação de aplicativos que já pode ser suportada por IA, sendo uma plataforma de execução de boas ideias, de iniciativas que resolvem problemas reais e podem surgir em diversos lugares/áreas. Para mim, essa é uma tendência importante e urgente, e precisamos capacitar e experimentar.
Capacitar, experimentar e construir caminhos dentro dessa nova realidade – São inúmeras as ferramentas de IA disponíveis e ainda surgirão muitas outras e, aqui, o segredo será a volta ao básico: qual problema quero resolver? O que vou melhorar desse ou daquele processo? Sem isso estaremos em um trabalho apenas de avaliação das ferramentas, sem romper a camada inicial das possibilidades. Com o objetivo definido, aí sim, ficará mais fácil buscar a suíte de ferramentas mais adequada.
Capacitação é fundamental, executar com apoio dessas ferramentas hoje é um diferencial, amanhã será um pré-requisito e muita gente vai cair pelo caminho. Precisamos provocar os times e as empresas a trabalharem de forma afirmativa, como se a IA fosse mais um membro do time; vamos elaborar ideias mais rápido, fazer research em tempos inimagináveis e partir para prototipação também em tempo recorde, o que levará a time to market curto e permitindo um crescimento importante em vários setores.
Create/connect/Interact – Em várias sessões o tema de criação (o famoso creators economy) apareceu. Impressionante como o poder foi distribuído e hoje temos o espaço para a criatividade individual com escala massiva. Mais do que isso, nichos específicos se identificam e se relacionam; grupos que falam sobre o mesmo tema têm os mesmos interesses e buscam desenvolver ainda mais relação entre eles. O conceito que muitos veem, somente a camada da rede social, do vídeo da internet? Grandes empresas já têm alavancado há algum tempo. O case que mais gosto são os de games. É sem dúvida uma das maiores tendencias junto as gerações Z e Alpha, está aí, basta observar como os mais jovens hoje falam mais, se relacionam mais e buscam mais isso.
Como disse, as empresas já perceberam e as trilhas já começam o loop do Play/Watch /Connect/Create/Collect que Joost van Dreunen (professor da NYU, pesquisador e investidor de jogos eletrônicos) relatou tão bem na sua apresentação. Estamos com vários ambientes disponíveis, as pessoas interessadas em criar para o próprio jogo (e eventualmente até ganhar um dinheiro com isso) e, mais do que tudo, usar a plataforma como lugar de relacionamento e até temas de conversas para o “pós jogo”. Seria a evolução do “ir à partida de futebol e depois encontrar os amigos para falar sobre o jogo”? O paralelo me vem à cabeça; Games são um novo big thing para muitas indústrias, e estar fora parece ser uma desconexão com esse novo público que está entrando no mercado.
Computação imersiva/spatial computing/vision pro: chama à atenção o avanço que será possível com os “face computers”, parafraseando Amy Webb aqui. Evoluímos de uma discussão sobre imersão em ambientes virtuais para o mixed reality de fato. Incorporando mais elementos ao nosso ambiente real, com acompanhamento de movimento de olhos ou reações a pinças com os dedos. Tudo muito intuitivo. O Vision Pro foi uma experiência incrível, onde o nível de fidedignidade das imagens e reações aos comandos parece mágica.
A rapidez entre estar imerso e voltar ao seu ambiente, como se estivesse com óculos escuros (muito pesados) também chama a atenção. Definitivamente, muda a forma como vamos preparar conteúdos, o que a indústria pode oferecer e como alguns negócios acontecerão. Em shows, jogos em geral, será possível vender posições de acompanhamento mais próximos, ou mais longe, ter uma relação imersiva importante, ampliando a capacidade física dos locais e mantendo mesmo assim sua proximidade com a “ação”.
E para concluir, é importante pensar em todos os balizadores dessa transformação. Há que se ter cuidado no processo, sempre deixando o ser humano e suas peculiaridades no centro de tudo. Ian Beacraft (um dos maiores top voices de IA) comentou que a “liderança fraca” vem de uma adesão cega a sistemas/processos antigos, além de um mindset tech first que, segundo ele, é ainda mais perigoso que a própria IA. Precisamos sempre questionar e reavaliar o que está sendo feito hoje, considerando que temos um repertório muito maior e, consequentemente, podemos ter resultados ainda mais fortes para além da nossa imaginação.
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