Os prós e contras do Apple Vision Pro
Especialistas do mercado se reuniram no SXSW para debater as qualidades e o que pode melhorar no aparelho da Apple que movimentou o setor de XR
Especialistas do mercado se reuniram no SXSW para debater as qualidades e o que pode melhorar no aparelho da Apple que movimentou o setor de XR
Amanda Schnaider
12 de março de 2024 - 23h29
A conversa sobre realidade aumentada (AR), realidade virtual (VR) e realidade mista (MR) está presente no South by Southwest há tempos, tanto em sua programação de palestras quanto em um espaço físico mesmo, com a exposição XR Experience, que acontece no Fairmont Hotel durante o festival.
Neste ano, porém, a discussão sobre realidade estendida (XR) ganhou força no SXSW, devido a dois grandes e recentes lançamentos que movimentaram o setor. O Apple Vision Pro, headset de realidade mista (MR) da Apple, lançado no início deste ano, e o Meta Quest 3, nova geração de headsets de realidade virtual (VR) e realidade mista (MR) da Meta, lançado em outubro do ano passado.
Logo, para analisar o artefato da Apple, que tem gerado comoção pelas ruas e redes sociais – afinal, poucos meses depois de seu lançamento, já conta com 200 mil unidades vendidas, mesmo com um preço exorbitante de cerca de US$ 3.500 – o festival reuniu quatro especialistas no painel “XR na era do Vision Pro”.
Os três apresentadores do podcast “This Week in XR”, Rony Abovitz, colunista de tecnologia da Forbes; Rony Abovitz, fundador da Magic Leap e da Sun and Thunder, Ted Schilowitz, futurista na Paramount Global, ao lado da executiva sênior de mídia e tecnologia, de Joanna Popper, compartilharam suas visões e análises sobre o aparelho da Apple.
Os especialistas começaram avaliando os pontos positivos do dispositivo. Um ponto unânime entre eles foi a integração eficiente do aparelho da Apple com o ecossistema da empresa. “O que a Apple faz excepcionalmente bem é o aprimoramento e a otimização”, pontuou Schilowitz, que já trabalhou na companhia.
Com isso, ele destacou a capacidade do Apple Vision Pro de ser um “Mac no rosto”, o que facilita a familiaridade das pessoas com o ecossistema do Mac. O futurista enfatizou ainda a qualidade da dinâmica da tela do dispositivo da realidade mista da Apple.
A qualidade da realidade mista foi outro ponto positivo apontado para o dispositivo. “Em minha experiência, a realidade mista, seja na percepção ou no áudio, foi fenomenal”, disse Joana. Para ela, o Apple Vision Pro possui boa nitidez, clareza e cores vibrantes. Além disso, na sua visão, o UX do aparelho, ou seja, a experiência do usuário também é boa, de fácil compreensão.
Outro ponto a favor do dispositivo é o envolvimento da comunidade de desenvolvedores da Apple. “Com o lançamento deste headset, desenvolvedores dessa comunidade que nunca tinham construído para XR começaram a criar para ele”, comentou Joana. Com isso, novos apps começaram a surgir, como é o caso do Juno, que se assimila ao YouTube, visto que a plataforma do Google não quis se juntar ao aparelho da Apple.
A executiva também pontua que a chegada do Apple Vision trará muito mais pessoas para experimentarem a computação espacial pela primeira vez.
Um dos pontos mais críticos do Apple Vision Pro na visão dos palestrantes é o seu peso – cerca de 600 gramas – todo concentrado na parte frontal do dispositivo. Essa falta de distribuição do peso faz com que o aparelho seja desconfortável para algumas pessoas. Schilowitz foi bastante crítico quanto a isso. “Estou usando há muito tempo, não é confortável”.
Apesar dessa concentração de peso na frente do dispositivo, Joana, enfatiza que da forma como as pessoas estão usando o Apple Vision Pro, mais para outras formas de entretenimento além dos games e para o trabalho, elas não se movimentam tanto. Dessa forma, para ela o peso do dispositivo da Apple não interfere tanto na experiência do usuário como faria com outros headsets.
“Fazer coisas para o rosto é difícil porque todos os nossos rostos são diferentes. Se você perguntar a 10 pessoas diferentes, terá uma série de respostas diferentes sobre se algo é realmente confortável no rosto delas”, defendeu a executiva.
A bateria externa do aparelho também não agradou os especialistas, visto que ela é ligada por um fio ao dispositivo, ou seja, passa a ser um incomodo. “A ideia de um pacote de bateria externa em 2024 não parece fazer muito sentido para nós”, reforçou o futurista.
Outro ponto negativo levantado foi a desconexão com o mundo “real”, que ele proporciona. “Essa parte de me sentir desconectado da realidade é como quebrar um dos princípios da realidade aumentada”, enfatizou Abovitz. O executivo pontuou que a sensação é como se as pessoas estivessem olhando o mundo através de um filtro.
Na visão de Abovitz, a inteligência artificial é exatamente o que a XR estava esperando, porque ela poderá potencializar o poder da realidade estendida. “É como se o seu QI, sua consciência do mundo e seus poderes fossem multiplicados por 10x, 100x”, exemplificou.
No entanto, ele apresentou algumas ressalvas. “A coisa chave é quem controla esse AI? É descentralizado? Há privacidade e controle? Você está submetendo tudo sobre sua vida a um grande poder? Ou você controla isso? Acredito que essa será a grande decisão, não se chegará lá”.
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