Web Summit

Aplicação da tecnologia e inovação na transformação social

Lisiane Lemos, fundadora do Conselheiras 101, analisa aprendizados da área no Web Summit

i 3 de novembro de 2022 - 22h17

Fundadora Conselheiras 101, Lisiane Lemos, participa do evento pela primeira vez, de forma independente, criando conteúdo para suas redes sociais, com uma visão estratégica de conectar inovação e tecnologia com projetos voltados a minorias. A profissional, que já passou pela Microsoft e pelo Uol EdTech, compartilha com o Meio & Mensagem sua visão sobre o tema no evento.

Lisiane Lemos, Google

Lisiane Lemos, fundadora do Conselheiras 101 (crédito: divulgação)

Meio & Mensagem – Como a tecnologia pode atuar como transformação social?
Lisiane Lemos – A tecnologia já está sendo uma ferramenta de transformação social no momento em que as pessoas têm um acesso muito maior às mídias digitais e diferentes plataformas, quando começam a se comunicar, questionar. O que eu estou questionando nesse Web Summit é quem está construindo a base, o fundamento dessas tecnologias. Pensando no trabalho remoto, por exemplo, trabalho remoto para quem? Que classe e que cor tem isso? E temos outras trilhas também para pensar segurança. Estamos falando de invasões em cyber segurança com grandes empresas, mas e esse pequeno criador que tem seu perfil invadido? Como que ele perde essa fonte de renda do dia para noite? Vim muito com esse norte de me aprofundar em tecnologia para que mais pessoas consigam entender a mesma coisa e modificar suas próprias realidades.

M&M – Você também é mentora no programa de startups do Google, Black Funders Fund. As startups representam grande parte do Web Summit. Como você acha que a experiência pode agregar?
Lisiane – Startups são umas das fortalezas do Web Summit como um todo. Eu quero estar presente mais nos pitches, que eu acho que são muito mais estratégicos e esporadicamente visitar algumas pessoas. Na minha visão, até o momento, eu vejo muitas startups voltadas para endereçar problemas que são coorporativos, eu não vi muitas startups que tivessem lá para impacto social para além da questão de clima, então estou curiosa. Sob uma ótica de mentoria, é muito sobre entender como esses pitches estão sendo construídos e como ex-vendedora, como a minha carreira pode ajudar essas empresas a defenderem melhor suas ideias. Porque eu vejo muitos criadores e fundadores tem ideias maravilhosas, mas não conseguem defender e não entendem como a mente desse investidor funciona, por conta do networking e da diferença social que a gente enfrenta como minoria.

M&M – Quando falamos de diversidade no meio de inovação, como o Brasil está em relação em relação aos outros países?
Lisiane – O que os festivais têm me mostrado é o quanto estamos na frente. A gente tem muita coisa para ensinar. Eu acho que é esse método brasileiro de fazer gambiarra, de conseguir fazer coisas incríveis com pouco recurso escalável e acessível diante dos desafios de conexão que temos. Eu acredito que temos um desafio para saber contar essas histórias, mas na minha visão como especialista, estamos muito mais à frente do que se imagina.

M&M – Apesar do evento olhar para o futuro, temos poucos painéis e personalidade negras na programação e também como público. Como você se sente ocupando esse lugar?
Lisiane – Eu acho que é a realização de um sonho muito conectado com o que eu penso de novas vozes, novas pessoas. Não que eu desmereça as pessoas que foram outras vezes, mas diante das interseccionalidade e das visões que eu tenho do mundo, acho que eu posso atingir as pessoas e realmente ser uma tradutora para os meus alunos. Claro que tem aquele lado ruim que sempre estamos questionando de porque as pessoas negras não estão no palco e a maioria das que estão, estão falando sobre questões de diversidade e inclusão, cotas, ações afirmativas, quando eu queria ver elas liderando startups, em palcos de cyber segurança e outros temas. E não somente pessoas negras, mas mulheres negras, pessoas com deficiência aparente, pessoas abertamente LGBTQIA+ entre outras minorias.