As grandes mensagens do Web Summit 2022
Inteligência artificial, crypto e economia de criadores foram conteúdos de destaque na agenda do evento
Inteligência artificial, crypto e economia de criadores foram conteúdos de destaque na agenda do evento
7 de novembro de 2022 - 17h50
O Web Summit aconteceu do dia 1 ao 4 de novembro em Lisboa e na volta ao Brasil busquei refletir sobre o funcionamento do evento – foi a minha primeira vez lá – e as grandes mensagens e sinais que, a meu ver, foram os grandes destaques para o ano de 2022. Fazer esse tipo de análise pode trazer insights e possíveis tendências que poderemos ver aqui no mercado local e estrangeiro para o próximo ano.
Primeiramente, a estrutura do evento é impactante. Cinco pavilhões, uma arena, palcos separados por temas que mudam ao longo dos dias, exposição de marcas, lounges de investidores e stands de países, estados e municípios. Sem dúvidas é um evento de negócios com uma visão global em que o ecossistema todo e seus agentes na forma mais ampla se reúnem para 4 dias de interação. Arriscaria dizer que este é o foco do evento: Um evento de negócios que tem conteúdo.
O conteúdo em si é bastante importante como um dos pilares do Web Summit, com uma agenda extensa e uma grande chance de você não conseguir ver nem 5% de tudo pela quantidade de painéis ao mesmo tempo. Um ponto negativo fica por conta da duração das discussões que poucas passam de 30 minutos, dificultando o aprofundamento. O ponto positivo fica sem dúvidas para as trocas de experiências ao final do dia sobre o que cada pessoa viu e capturou de insight.
Contribuindo com meus “dois centavos” na parte de conteúdo, este texto não se trata de apenas um ou outro talk em específico. Muito se foi escrito nos portais brasileiros e há vários outros disponíveis no YouTube, pelo próprio canal oficial do evento. Assim sendo, minha contribuição será com a visão das grandes mensagens – como revelado no primeiro parágrafo. Para tal, sem mais delongas, inteligência artificial, crypto e economia de criadores foram os “top 3” assuntos mais discutidos – do que pude acompanhar.
Inteligência artificial (“AI”) foi tratado em praticamente todos os talks no palco “Venture”, dedicado a fundos de venture capital e empresas que fizeram suas rodadas de captação com êxito recentemente. AI já é alvo desses fundos e por conta da “generative AI” e suas aplicações via softwares como Dall-E (software focado em transformar texto em imagens) e o GPT-3 (software que produz textos semelhantes ao que humano faria). Por outro lado, o encerramento do evento contou com o linguista e filósofo, Noam Chomsky que foi categórico ao afirmar que a inteligência artificial não é e não entende a linguagem humana, além de vários perigos como perpetuação de vieses passados tais como racismo e desinformação.
Crypto também foi um dos destaques. Pode-se falar da abertura do CZ, fundador da Binance, do palco dedicado à crypto e diversos talks na arena principal. Muita discussão principalmente pela recente queda no mercado, o falado “inverno crypto”, muitos protocolos focados na Web 3 deixando de existir da noite para o dia e ótimos pontos trazidos por Charles Hoskinson (fundador da Cardano) em um painel bastante provocativo com o ator Ben Mckenzie, trazendo contrapontos sobre a maturidade da indústria de cripto e colocando em perspectiva contra outras industrias como a de software por exemplo, que também passou por anos de experimentação, tentativas, erros e acertos. Além das discussões acaloradas, muito se falou de novas aplicações e potencialidades de web 3, com ampliação da segurança e suas aplicações dentro de games e da economia de criadores. Neste cenário, o Brasil terá um papel relevante dentro da indústria de crypto no mundo, seja pela adoção das pessoas às criptomoedas seja pelo regulador financeiro liderando inovações em conjunto com os grandes bancos e fintechs, criando um melhor ambiente de negócios.
Por fim – e não menos importante – a economia dos criadores foi destaque no evento. Seja pela quantidade de produção de conteúdo ao longo do evento (não raramente era possível ver pessoas com seus celulares e câmeras registrando o evento e fazendo “inserções”), seja no painel da CEO do OnlyFans, plataforma social e sua excelente visão de como cuidar dos creators através da monetização correta, visibilidade dentro da plataforma, segurança de divulgação e publicação de conteúdo, seja no painel do KondZilla, um “branded CEO” contando sua história e o que poderemos esperar como próximos passos da sua companhia.
Segundo ele, dentre outras coisas KondZilla focará na educação através do seu instituto, levando conhecimento do audiovisual para comunidades carentes na região do Guarujá. Sobre os criadores, há um notório amadurecimento e os números da indústria impressionam, a lógica de criação de comunidade e audiência aplicada ao negócio de entretenimento e não será raro ver criadores de conteúdo cada vez mais criando suas respectivas marcas e ampliando sua atuação – não se restringindo a uma plataforma. Atenção nesta indústria que nós brasileiros somos heavy users de redes sociais e os criadores estão por todos os lados – seja na hotmart, no youtube, no tiktok ou na mais nova marca de cosméticos do mercado.
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