Com 63% da liderança feminina, GUT vê na diversidade motor para inovação

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Com 63% da liderança feminina, GUT vê na diversidade motor para inovação

No quadro geral de colaboradores, agência possui 52% de mulheres, 37% de pessoas negras, 33,3% de LGBQIA+ e 1,6% de pessoas trans

e Marina Vergueiro
24 de maio de 2023 - 14h07

Líderes mulheres da GUT posam para foto (Crédito: Arthur Nobre)

Há 4 anos no mercado brasileiro como agência independente e filiais em Miami e Buenos Aires, a GUT apresenta índices de diversidade que impressionam em comparação com outras agências do mercado publicitário. Entre heads e diretores, o percentual chega a 63% de mulheres e 10% de negras. No quadro geral de funcionários, as mulheres são 52% e 14% são negras. 

Para a CEO no Brasil Valéria Barone, a liderança feminina não foi uma estratégia proposital na hora da contratação, mas uma transição natural a fim de manter uma operação saudável na empresa. “O que fizemos foi não excluir mulheres, seja por qual razão for”, conta. “Acho que, principalmente na liderança, as mulheres têm uma capacidade de cuidar, que nem todos os homens têm.” 

Além das demandas do trabalho, mulheres também costumam atender as necessidades de suas famílias, parceiros, filhos, o que automaticamente as transforma em multitarefas, capazes de equilibrar melhor as responsabilidades e gerenciar melhor o tempo. “Se uma mulher tem filho, tenho certeza de que ela está muito mais preocupada com o horário de terminar uma reunião em ponto do que talvez um homem que não tenha, porque tem alguém esperando. Então, faz diferença”, comenta Valéria. 

Quando o assunto é a liderança dos diversos times da agência, Valeria é enfática. “Eu acho que as mulheres cuidam mais das suas equipes. O cuidado com o escritório. O cuidado com o outro. O cuidado em dar feedback. Em desenvolver pessoas. Em gerir aquela equipe.”  

Segundo ela, o que diferencia uma mulher de um homem na hora de liderar um projeto é o olhar, por isso uma conta cujo assunto é menopausa está sob os cuidados de mulheres. “O trabalho em si, a entrega criativa, estratégica, de mídia, se não for uma categoria muito específica, acho que homens e mulheres têm capacidades iguais. Mas o entorno do trabalho, o que propicia você entregar um trabalho, eu acho que algumas mulheres cuidam muito bem desse processo como um todo”. 

Valéria Barone, CEO da agência Gut (Crédito: Arthur Nobre)

MATERNIDADE 

A maternidade costuma ser um empecilho na vida de muitas profissionais, que por vezes sofrem discriminação no processo seletivo ou terminam afastadas após darem à luz ou por terem filhos pequenos. “Se uma mulher mãe de uma criança pequena não pode trabalhar aqui porque não vai dar tempo de ver o filho, a gente falhou miseravelmente nesse projeto chamado agência”, reflete Valéria.  Como exemplo, cita que um dos movimentos mais recentes da GUT foi promover a sócia a Head of Account Alessandra Visintainer durante a licença maternidade. 

Para as mulheres grávidas, a licença maternidade é de seis meses enquanto a licença paternidade é de um mês. Quanto às férias, profissionais com filhos pequenos e/ou em idade escolar têm prioridade para os meses de janeiro e julho, além de terem a possibilidade de fazer trabalho remoto nesses mesmos meses. “Funcionou na pandemia, por que não funcionaria agora?”, pontua Valéria.  

“Eu não posso pensar em criar uma agência só para ganhar prêmio ou para ter lucro, ou para ter cliente e pensar que eu, mãe de dois, não posso proporcionar para as mulheres que trabalham comigo uma coisa digna”, reflete. 

Sobre equidade salarial, a GUT faz questão de revisitar a folha de pagamento a cada três meses para evitar que pessoas nas mesmas posições tenham salários diferentes, sejam mulheres, pessoas negras ou LGBTQIA+. “A gente toma muito cuidado dentro das faixas salariais de olhar sempre se não tem um branco ganhando mais que uma pessoa negra, um homem ganhando mais que uma mulher. Tomo super cuidado para não vir alguém de fora ganhando mais do que quem está dentro, para a pessoa não achar que ela tem que conseguir uma proposta para ter um aumento”, conta. 

DIVERSIDADE  

Com os valores coragem, transparência e intuição, a GUT também se destaca por ter um quadro de funcionários com 37% de pessoas negras e pardas, 33,3% de LGBTQIA+ e 1,6% de pessoas trans. “Eu não acho nem um pouco que é coincidência a GUT São Paulo ser tão criativa, porque a gente traz muita diversidade e trata homens e mulheres iguais”. O trabalho de diversidade que foi iniciado na filial brasileira acabou se expandindo e levou as discussões para as outras agências da rede e chegou até Miami e Buenos Aires. Sobre alguns dos trabalhos premiados da agência, a CEO acredita que não seriam tão criativos caso tivessem sido executados por uma equipe só com pessoas brancas ou héteros. 

Valéria relembra que nem tudo foram flores quando o assunto é diversidade. Houve um episódio em que a agência foi cobrada por ter maioria branca em uma foto publicada na imprensa celebrando a conquista da conta da Skol. Foi o gatilho para que nascesse o departamento de Diversidade na empresa.  

“A gente fez um trabalho educacional, montou o comitê e começou a ir nessa direção. Acho que não é só contratar, porque eu acho que hoje todo mundo contrata e aí fica uma guerra por percentuais. Mas, como você contrata e mantém os salários, desenvolve, põe na conta adequada, faz a pessoa se sentir pertencente e cuida pra que não tenha situações de racismo e homofobia dentro da agência faz toda a diferença. Sem falar que às vezes é necessário também ligar para um cliente que teve uma fala errônea”, finaliza. 

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