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Pesquisa traz dados sobre saúde e planejamento familiar das mulheres nas favelas

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Pesquisa traz dados sobre saúde e planejamento familiar das mulheres nas favelas

SUS é o principal provedor de saúde, mas ainda falta conhecimento sobre planejamento familiar e contracepção


17 de fevereiro de 2023 - 10h59

Pesquisa realizada pela Nós Inteligência e Inovação Social, iniciativa do Nós, o Novo Outdoor Social, traz dados sobre a saúde das mulheres moradoras das favelas no Brasil (Crédito: DisobeyArt/Shutterstock)

Pesquisa realizada pela Nós Inteligência e Inovação Social, iniciativa do Nós, o Novo Outdoor Social, traz dados sobre a saúde das mulheres moradoras das favelas no Brasil, em especial sobre sua saúde sexual e planejamento familiar. Em resumo, os dados revelam que as mulheres moradoras das favelas brasileiras cuidam de sua saúde, principalmente pelo SUS. Entretanto, ainda falta maiores informações sobre planejamento familiar e contracepção, sobretudo entre as mulheres com menor escolaridade.

“O nosso objetivo com a Pesquisa Persona Favela “Saúde da Mulher” é entender e sentir onde estão as necessidades sobre bem-estar sexual e planejamento familiar das mulheres das periferias brasileiras. Por essa razão, fomos a campo para entender a realidade do universo feminino nas maiores comunidades do país”, explica Emília Rabello, CEO do Nós, o Novo Outdoor Social.

Perfil das entrevistadas

A pesquisa mostra que 71% das mulheres das favelas são pretas ou pardas e 26% brancas. Já os dados de escolaridade mostram que 37% têm ensino médio completo, e 34% contam com ensino médio incompleto. Entretanto, 41% delas pararam os estudos no ensino fundamental, contando as que o completaram ou não. Já as que têm ensino superior completo representam apenas 5% da amostra. Sobre o estado civil, 47% são casadas ou moram junto com seus parceiros.

Elas não têm planejamento familiar

De acordo com o estudo, 6 em cada 10 mulheres têm vida sexual ativa e com um parceiro fixo. 76% delas já engravidaram e 26% já tiveram um aborto. Em relação à gravidez, 46% foram planejadas e 57% não, sendo que 63% têm um ou dois filhos.

Quando os dados relacionam a quantidade de filhos à escolaridade, vemos uma proporção inversa, na qual quanto mais filhos, menor a escolaridade. Dentre as que têm três ou mais crianças, 40% fizeram até o ensino fundamental.

Ainda que elas demonstrem conhecimento sobre o que é planejamento familiar, apenas 36% participaram de algum programa do tema, e 77% o fizeram pelo SUS. As que desconhecem o assunto compõem 14% da amostra. Entretanto, o número sobe para 19% entre as mulheres que fizeram até o ensino fundamental.

Elas recorrem ao SUS

O SUS é o principal provedor de consultas médicas dessas mulheres, com um percentual de 81%, enquanto apenas 12% delas recorrem à rede privada. Sobre os exames e consultas ao ginecologista, pelo menos metade delas vão ao especialista pelo menos uma vez ao ano. 82% já realizaram o exame Papanicolau, entretanto, dentre as que nunca o fizeram, o principal motivo foi não terem conseguido marcá-lo.

Sobre as principais condições de saúde, 20% afirmaram que tiveram algum problema ginecológico no último ano, sendo a infecção urinária e o corrimento como os mais citados. Para além das doenças ginecológicas, a pressão alta e diabetes se configuram como as condições mais presentes, com percentuais de 44% e 29% respectivamente.

Falta conhecimento sobre contracepção

Pouco mais da metade (52%) destas mulheres fazem uso de contraceptivos, principalmente as mulheres entre 18 e 34 anos e com vida sexual ativa. Entretanto, como visto ao longo da pesquisa, este número também cai para 45% quando falamos de mulheres com escolaridade até o ensino fundamental.

Dentre os principais métodos utilizados, a injeção (35%) e a pílula (28%) foram as mais citadas. Logo em seguida, estão a camisinha (17%), DIU (9%) e laqueadura (7%). A grande maioria delas diz que não enfrenta dificuldades e está satisfeita com o método contraceptivo usado. Entretanto, quando perguntadas sobre a visão do parceiro sobre a contracepção, 64% afirmam que recebem apoio, 34% não falam sobre o assunto e 4% enfrentam rejeição por parte do parceiro.

Enquanto 8 em cada 10 afirmaram ter recebido orientação sobre o uso de métodos contraceptivos, o estudo demonstra que 57% não conheciam o DIU. Dados que mostram que as mulheres das favelas brasileiras desconhecem o método em questão, e quando o conhecem, apresentam dúvidas sobre sua eficácia e efeitos colaterais, ou ainda pensam que o aparelho causa dor e infertilidade. Já entre as que o conhecem, 71% sabem que é possível colocá-lo pelo SUS.

A porcentagem de mulheres que receberam orientação sobre métodos anticoncepcionais cai para 73% entre as que têm até o ensino fundamental, e mais ainda entre as moradoras com mais de 55 anos (48%).

Absorvente convencional ainda é o mais usado

Quando o assunto é ciclo menstrual, 66% destas mulheres usam o absorvente convencional, 10% utilizam o absorvente interno e apenas 1% fazem uso do coletor, também conhecido como copinho de silicone. Quanto ao gasto mensal médio das mulheres com absorventes, remédios para cólica e outros produtos relacionados ao período menstrual, 58% desembolsam entre R$10 e R$20 reais por mês.

Oportunidades para as marcas

“Dialogar intimamente com essas mulheres, fortalecendo, empoderando e libertando essas personalidades é onde está a oportunidade para as marcas se aproximarem com autenticidade, deixando um legado sócio-cultural”, destaca a CEO.

De acordo com Emilia, o SUS cumpre o papel de prover cuidados com a saúde dessas mulheres, porém não é tão efetivo quanto à educação, informação e aconselhamento. Ainda mais para as mulheres menos escolarizadas: “quanto menor a escolaridade, menor o uso de método contraceptivo, e menor o planejamento familiar”, destaca.

A executiva ressalta ainda que as marcas podem atuar neste sentido. “As marcas e anunciantes devem direcionar seus investimentos na parceria com essas mulheres, na informação difusa e equânime, no conhecimento e no diálogo. Sempre com um tom íntimo, delicado e empático”. Ela ainda destaca o papel dos creators periféricos,, que podem liderar este diálogo.

Tais iniciativas se relacionam diretamente com a pauta ESG, com destaque para a parte social da agenda. “Essas ações se encaixam diretamente no “S” do ESG, pois tratam da saúde mental e sexual de mulheres que têm pouco autoconhecimento e ainda enfrentam muitos tabus. Enxergá-las na intimidade é construir uma sociedade mais plena e equânime, pois somos nós a principal referência em educação dos filhos”, complementa Rabello.

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