SXSW: Arte, ciência e representatividade feminina nas telas

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Blog da Regina

SXSW: Arte, ciência e representatividade feminina nas telas

Abertura do evento neste 8 de março traz muitas mulheres ao palco e uma reflexão profunda sobre pertencimento


8 de março de 2024 - 20h27

Neste dia simbólico, 8 de março, Dia Internacional da Mulher, e de muita reflexão sobre a condição feminina na sociedade contemporânea, os principais painéis do SXSW também se voltaram a essas temáticas. No painel de abertura do evento, um encontro sensível entre arte e ciência, mais especificamente entre poesia e espaço. A premiada poetisa norte-americana Ada Limón fez um sensível paralelo entre os dois universos: “Quando se está no espaço não há instrumentos (musicais). É só você e o espaço. Poesia é uma expressão profunda e humana”.

Ela foi convidada pela Nasa a fazer um poema para a missão Europa Clipper, no ano passado. E confessou que escreveu mais de 19 rascunhos até achar o que considerou melhor definir o desafio. O poema original, intitulado “In Praise of Mystery: A Poem for Europa”, conecta dois mundos aquáticos – Terra e Europa. Ele foi gravado numa placa transportada a bordo da sonda Europa Clipper como parte da campanha “Message in a Bottle” da Nasa, que convida pessoas de todo o mundo a assinarem os seus nomes no poema que viajará para outro mundo. Os nomes dos participantes viajarão 1,8 mil milhões de milhas (2,89 mil milhões de quilómetros) a bordo da sonda Europa Clipper, com lançamento previsto para outubro, na sua viagem a Júpiter e às suas luas em busca de manifestação de vida.

Ada Limón no painel de abertura do SXSW (Crédito: Arquivo pessoal)

Em conversa com Lori Glaze, diretora da divisão de ciência planetária da Nasa, Ada chamou a atenção para como o espaço, assim como todos os lugares do mundo, podem ser fontes de inspiração. “Ao olharmos ao redor deste mundo, podemos encontrar um número infinito de coisas para explorar. Cada esquina que viramos pode estar repleta de curiosidade e admiração. E quanto mais olhamos, mais podemos encontrar possibilidades que irão inspirar, gerar ideias e expandir a nossa compreensão dos mundos além da Terra.”

Ada, que tem origem latina, também falou sobre inclusão: “Sempre me perguntei o que ‘nós’ inclui. Quem de fato o ‘nós’ representa. Estamos todos mesmo incluídos quando falamos em ‘nós’? As mulheres estão incluídas?”.

Meghan Markle

No painel mais disputado do dia, “Quebrando barreiras, moldando narrativas: como as mulheres lideram dentro e fora da tela”, anunciado nos últimos minutos antes do início do Festival, ninguém menos do que Meghan Markle, a Duquesa de Sussex, foi uma das painelistas, com direito a ter seu marido, o príncipe Harry, na plateia. Além dela, fizeram parte do painel a jornalista veterana Katie Couric, ex-âncora da CBS Evening News, a atriz Brooke Shields, a jornalista Errin Haines e a socióloga Nancy.

Questionada por Brooke Shields, Meghan contou sobre uma história de quando tinha 11 anos e ficou indignada com um comercial de detergente, que considerou sexista, na época. “Eu tinha 11 anos. Vi um comercial de um detergente para louças e os meninos da minha turma disseram: ‘Sim, é onde a mulher pertence, na cozinha.’ Quando ouvi isso deles, escrevi para a P&G, fabricante do detergente, e relatei minha indignação. E eles mudaram a narrativa do comercial.”

Shields disse imediatamente após a história de Meghan: “Esta é uma das maneiras pelas quais diferimos. Quando eu tinha 11 anos, eu interpretava uma prostituta. Gostaria de ter conhecido você quando tinha 11 anos.” E arrancou risos da plateia. Ele se referia ao filme “Menina Bonita”, de 1977, do diretor francês Louis Malle, que tem como foco central o leilão da virgindade da jovem Brooke, então com 11 anos.

Painel mais disputado do Dia das Mulheres, “Quebrando barreiras, moldando narrativas: como as mulheres lideram dentro e fora da tela”, com Meghan Markle, a Duquesa de Sussex (Crédito: Arquivo pessoal)

Os nefastos efeitos das redes sociais, especialmente nas mulheres, também fizeram parte do painel. Katie Couric citou estatísticas de que o impacto das redes sociais sobre as mulheres jovens é comparável ao consumo excessivo de álcool em termos de picos nas taxas de suicídio. “Temos uma crise real em nossas mãos aqui.”

A Duquesa disse ao auditório lotado do Centro de Convenções de Austin que ela lida com as mídias sociais negativas que são lançadas sobre ela mantendo distância delas. Markle contou que foi mais bombardeada quando estava grávida dos filhos Archie e Lily e se diz perplexa com o quão “maliciosas e cruéis” as pessoas podem ser.

Ela completou dizendo disse que “uma mudança sistemática tem que ocorrer ao mesmo tempo de uma mudança cultural”. O painel foi apresentado pela The Archewell Foundation de Markle, voltada a programas para evitar os danos de toxicidade online, e pela The 19th, um site sem fins lucrativos que faz reportagens sobre gênero, política e política.

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