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4 maneiras com que a IA Generativa pode transformar a educação

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Opinião

4 maneiras com que a IA Generativa pode transformar a educação

Haverá muitas promessas e apostas não se concretizarão, mas acredito que já evoluímos muito na inclusão da tecnologia na área


18 de janeiro de 2023 - 0h18

(Crédito: Brooke Cagle/Unsplash)

Você já deve ter passado pela seguinte situação: surge um aniversário de alguém do trabalho ou um amigo secreto e você precisa dar um presente a alguém que você conhece pouco. Aí, acaba comprando algo mais genérico, para não correr o risco de dar alguma coisa que desagrade. No caso de uma pessoa conhecida, que me contou a história a seguir, a situação era mais desafiadora: o presente era para uma criança de um ano de idade que tem síndrome de Down.

Sem ter muitas referências sobre o que comprar, a pessoa recorreu a um sistema de chatbot baseado em GPT (sigla para generative pre-trained transformer, ou “transformador generativo pré-treinado”, em tradução livre), uma tecnologia que usa ferramentas avançadas da inteligência artificial para criar uma linguagem similar à humana. Após algumas perguntas e respostas ao chat, o robô sugeriu que o melhor presente seria um livro bem bacana com texturas, cores e outras características que estimulavam a capacidade cognitiva da criança. Ela – e os responsáveis – adoraram!

Os sistemas de Inteligência Artificial Generativa estão cada vez mais presentes no nosso dia a dia e nos ajudando a tomar decisões importantes. Eles usam algoritmos e ferramentas de machine learning, que são alimentados com milhões de fragmentos de dados coletados na web, produzindo informações completamente novas e gerando variações. E isso não se limita apenas a textos — ela é capaz de produzir imagens, áudios, vídeos ou mesmo novas linguagens de programação.

Para citar um exemplo mais simples, pense nas sugestões que o tradutor do Google faz para melhorar a qualidade da sua tradução e o texto ficar mais fluído. Ou, pensando num mais complexo, podemos lembrar do aplicativo de fotos Lensa, que virou febre no fim do ano passado ao transformar fotos da sua galeria em imagens de super-heróis, cartoons ou personagens de filmes.

Segundo a consultoria Gartner, os sistemas de inteligência artificial irão responder por 10% de todos os dados que serão gerados no mundo em 2025, participação que em 2021 respondia por apenas 1%. Falando especificamente da IA Generativa, há diversos campos em que ela pode ter um impacto considerável nos próximos anos. Talvez o entretenimento seja o mais evidente para compreender. Mas queria aqui mencionar como a IA Generativa deve transformar ao menos 4 aspectos quando pensamos em educação:

1. Educação personalizada

Aplicativos como o Duolingo para línguas estrangeiras, independente da profundidade do conteúdo, já comprovaram como criar um conteúdo de tarefas e exercícios personalizados usando IA, e podem funcionar como uma poderosa ferramenta de educação. É uma maneira de garantir que os alunos recebam uma educação mais eficaz, adaptada especificamente às suas necessidades e interesses. Nesse caso, os sistemas de inteligência artificial analisam fatores como as áreas de interesse e habilidades do aluno, seu desempenho em exercícios anteriores, além de feedbacks que a pessoa possa ter dado enquanto estava realizando essas tarefas.

Com essas informações, as ferramentas são capazes de gerar um conteúdo personalizado com maior probabilidade de envolver cada aluno e ajudá-lo a atingir seu potencial, o que se torna um grande ativo na mão de educadores. A tecnologia pode ser uma aliada em particular na educação de crianças com dificuldades ou distúrbios de aprendizagem. Já há ferramentas que usam a IA Generativa para pegar os mesmos conteúdos e oferecê-los em formatos diferentes e mais acessíveis a crianças diagnosticadas com dislexia ou TDAH, por exemplo.

2. Criação de conteúdo educacional

As ferramentas de IA Generativa podem ajudar também na criação de exercícios mais eficientes. Professores e educadores podem usar a tecnologia para criar materiais didáticos, como perguntas para questionários e exercícios, além da apresentação de resumos de conceitos. Isso pode ser especialmente útil para professores que precisam criar uma grande quantidade e variedade de conteúdo para suas aulas. Ao usar a IA, é possível desenvolver conteúdo modificado ou totalmente novo a partir do original e evitar aquela sensação de frustração das aulas.

A IA Generativa também pode auxiliar na criação de materiais “extras” que ajudam os alunos, como listas de leitura, guias de estudo, fichas de resumo etc. Buscar imagens mais atraentes e elucidativas também estão entre os atributos da IA Generativa. E com as ferramentas mais avançadas, é possível ir além e criar até mesmo roteiros para vídeo aulas ou podcasts que permitam maior interatividade com quem está consumindo.

3. Criação de grades curriculares

Ao unir as ferramentas que permitem uma educação personalizada à capacidade de criar conteúdo educacionais diversos, a IA Generativa também se torna uma excelente forma de gerar grades curriculares mais eficientes. É possível projetar e organizar os materiais do curso, incluindo programas de estudos, planos de aula e avaliações. A tecnologia também permite que gestores educacionais usem esses dados para entender onde estão os principais gaps e oportunidades para uma futura turma de alunos, com base no histórico dos estudantes que já passaram por lá.

E há um conjunto de tendências tecnológicas que podem ajudar ainda mais nessa transformação. Imagina poder criar um material do zero que leva em consideração dados precisos sobre as lacunas de conhecimento, principais habilidades e estilos de aprendizagem dos alunos? A IA também ajuda a criar conteúdo em ambientes mais complexos, como a realidade virtual. Por exemplo, um sistema de IA Generativo pode criar um ambiente de laboratório virtual onde os alunos podem realizar experimentos, observar os resultados e fazer previsões com base em suas observações.

4. Recuperação de conteúdos antigos

Sempre lembro de um professor da faculdade que, mesmo diante de diversas tecnologias mais acessíveis, seguia usando um aparelho antigo de slides (daqueles mecânicos, que projetavam a partir de miniaturas). Ele dizia que era impossível encontrar aquele conteúdo de qualidade nos materiais mais tecnológicos. Bom, uma das propriedades da IA Generativa é a capacidade de recuperar materiais que estão desatualizados ou degradados, como documentos históricos, fotografias e filmes. Ao usar a IA para aprimorar a resolução desses materiais, eles podem ser atualizados para os padrões modernos e serem mais atraentes para os alunos que estão acostumados com mídia de alta qualidade.

Também é possível atualizar conteúdos datados. Um sistema de IA Generativa pode “ler” um livro de história dos anos 1990, por exemplo, e complementar as informações com base em pesquisa de milhões de fragmentos de dados, ao mesmo tempo em que mantém a linguagem usada pelo livro. Me parece um ótimo negócio para editoras e autores de materiais didáticos.

Aliás, fazendo um rápido disclaimer aqui, foi essa transformação, a tecnologia a favor da educação, que fez com que eu me juntasse à Zeka, uma escola online que prepara o aluno para conquistar o diploma do Ensino Médio. A Zeka funciona como uma plataforma acessível pelo computador, tablet ou smartphone, que é intuitiva e bastante fácil de usar. Ela é baseada em algoritmos que identificam os gaps de aprendizagem individuais de cada aluno, e traz uma jornada inteligente e gamificada, com monitoramento por meio de dashboards, análises e acompanhamento da evolução dos alunos até a conclusão do curso.

Como toda nova geração de tecnologia, haverá muito “vapor”, visões, ideias e criações quando pensamos em IA Generativa. Muitas promessas e apostas não se concretizarão. Mas acredito que já evoluímos muito na inclusão da tecnologia na educação, principalmente devido às restrições da pandemia, o que alavancou violentamente o que ainda podemos evoluir quando pensamos na educação do futuro e seus desafios.

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