Cannes Lions admite falta de diversidade na seleção de jurados brasileiros
Em resposta à carta do Papel & Caneta, que questiona a falta de jurados negros, Simon Cook, CEO do Festival, promete evolução na representatividade global e local
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Bárbara Sacchitiello
6 de maio de 2022 - 9h52
“Estamos comprometidos em ter júris mais representativos – mas ainda estamos longe de onde queremos chegar. Neste ano, erramos na seleção dos jurados do Brasil”. Com essa frase, o CEO do Cannes Lions, Simon Cook, respondeu ao manifesto criado nesta semana pelo coletivo Papel & Caneta, junto a demais entidades, que questionava a ausência de profissionais negros entre os jurados brasileiros selecionados para a edição deste ano do festival.
Dos 30 brasileiros escolhidos para fazer parte dos grupos que escolherão os trabalhos mais criativos do mundo neste ano, apenas um é negro: Angerson Vieira, diretor executivo de criação da Africa. O baixo número fez com que o coletivo, com apoio da Chapa Preta, que preside o Clube de Criação, do Auê Creators e do coletivo Publicitários Negros criassem uma página com uma carta, endereçada a Simon Cook, questionando sobre a falta de diversidade entre os representantes do Brasil.
O CEO do Cannes Lions respondeu ao manifesto por meio de uma carta, publicada no site oficial da organização. Após admitir que a organização errou a respeito da seleção dos jurados brasileiros, Cook relatou que o Festival vem fazendo um trabalho em prol da ampliação da diversidade, mas que ainda há muito a ser feito. E prometeu ampliar a diversidade dos júris de pré-seleção, que são escolhidos para as primeiras etapas de seleção dos trabalhos inscritos. Esses profissionais não participam do festival diretamente da Riviera Francesa, pois avaliam os trabalhos antes do período do festival, de forma remota, já para definir as listas a partir das quais os grupos de jurados presentes no evento definirão os cases vencedores de prêmios.
“De todo o coração, reconheço que há muito mais trabalho a ser feito com cada país. O júri de pré-seleção será anunciado na próxima semana e garantiremos uma maior representatividade, tanto em termos global quanto locais, particularmente no Brasil.”, afirmou.
“Até o momento, nossos esforços têm sido focados na inclusão e representatividade em âmbito global, com a participação de jurados negros passando de 8% em 2021 para 13% neste ano, enquanto a presença de pessoas não brancas passou de 37% para 47% (de um ano a outro). Esses são passos na direção certa, em uma escala global. Para o futuro, estamos comprometidos em revistar nossos critérios, ampliando a transparência sobre a representação dos países, garantindo que os jurados de cada local sejam uma representação da sociedade.”, continuou.
Por fim, o CEO do festival agradece ao manifesto por ter levantado a questão. “Quero agradecer por terem me escrito e aumentado a conscientização a respeito dessa importante questão. Estamos trabalhando para enxergar através das lentes da diversidade, equidade e inclusão e estamos comprometidos para que nossos júris sejam mais representativos da sociedade, ano após anos”, finalizou Cook.
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