Sadoun responde a Mark Read: “Jogar pedras nos competidores não ajuda”
CEO e chairman do Publicis Groupe responde a comentário feito pelo CEO do WPP, que insinua falta de transparência no uso de mídia proprietária por "certos grupos"
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Meio & Mensagem
17 de outubro de 2024 - 12h56
Por Brian Bonilla, do Ad Age
O fato mais surpreendente sobre os resultados do Publicis no terceiro trimestre não foi a receita orgânica de 5,8%, ou o fato de que a receita líquida chegou a R$ 3,72 bilhões.
Incomum foi o relatório destacar que a holding está transacionando dados e mídia de forma transparente em sua nova oferta conectada. Salientou, em uma série de slides rotulados como “dados limpos, transações limpas”, que o dado de nenhum cliente está sendo compartilhado com outro cliente, tampouco utilizado pela base de dados do Publicis Groupe.
A companhia também revelou que os EUA correspondem por menos de 1% da receita anual em principal-based buying – termo utilizado pelas agências de mídia para se referir à atividade de comprar mídia e revendê-la aos clientes. Em setembro, o Ad Age fez uma matéria dizendo que um fator determinante na concorrência de mídia da Amazon, da qual Omnicom e WPP foram as vencedoras, foi quanto inventário de retail media as holdings seriam capazes de vender aos clientes.
“Seria errado pensar por um segundo sequer que o motivo de nosso crescimento é a atividade de principal-based buying. Representa 1% da nossa receita nos EUA. Não tem a ver com o que poderia ser uma ‘caixa preta’, porque é totalmente transparente”, disse Sadoun.
A ‘caixa preta’ se refere a um comentário feito pelo principal concorrente do Publicis Groupe, o CEO do WPP, Mark Read. Quando a holding revelou seu resultado relativo ao segundo trimestre, em agosto, Read disse que é preciso que haja um debate em torno do uso de mídia proprietária.
“Creio que haja, no mercado, uma quantidade de modelos de mídia ‘caixa preta’, que talvez o WPP não tenha ofertado. Acho que algumas dessas caixas pretas não são tão transparentes. Não tenho certeza, pensando à frente, que funcionarão em um mercado transparente como o norte-americano. Estamos olhando para nossos produtos de mídia proprietária e como podemos inovar para sermos mais competitivos. Oferecemos mídia proprietária no mercado dos EUA, mas muito menos do que alguns de nossos colegas”, disse Read.
Sadoun respondeu a esse comentário, mesmo que não tenham sido direcionados diretamente ao Publicis Groupe.
“Estou muito surpreso com esses comentários. Sei como é ser um CEO sob pressão. Já estive nesse lugar. Mas, honestamente, jogar pedras em seus competidores, ou predecessores, na minha opinião, não o ajuda, tampouco ajuda a indústria”, afirma Sadoun.
O WPP decidiu não responder aos comentários de Sadoun para a reportagem do Ad Age.
O que fica claro no relatório do Publicis Groupe é o foco em “mídia conectada”, que costura mídia, commerce e influência como área expressiva para os investimentos e crescimento da organização. As aquisições das empresas Influential e Mars United Commerce pela holding somam US$ 1 bilhão.
Ao combinar essas capacidades com a Epsilon, Sadoun diz que a holding consegue entender a jornada completa do consumidor – desde onde a pessoa compra até quais influenciadores seguem, e em quais plataformas. Isso permite que o grupo, por meio de ferramentas de inteligência artificial (IA), ofereça conteúdo personalizado em escala, endereçando uma demanda crescente do cliente.
Recentemente, o Publicis conquistou a conta da Mondelez International, para a qual criará conteúdo personalizado usando IA. A Monks, da S4, também conquistou uma verba da General Motors que tem este mesmo fim.
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