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“A revolução digital libertou os criativos da publicidade”

Idealizador do Dia Mundial da Criatividade fala sobre a relevância da cultura criativa nas novas configurações da economia e da sociedade


18 de abril de 2019 - 6h00

Lucas Foster: “O momento exige uma recriação das carreiras” (Crédito: reprodução)

No domingo, 21, o Brasil será palco de mais uma edição do World Creativity Day. Idealizado pelo consultor em criatividade, economia criativa e desenvolvimento Lucas Foster, o evento acontece de forma simultânea em 50 cidades de todo país com uma programação inteiramente gratuita. A data faz parte do calendário oficial das Nações Unidas desde 2017 e tem como objetivo fomentar e contribuir para uma agenda de inovação e desenvolvimento sustentável. Somente em São Paulo serão mais de 70 mentes criativas no comando de talks sobre os mais variados formatos, modelos, inspirações e referências que envolvem o processo criativo. Na entrevista abaixo, o criador do World Creativity Day fala não apenas sobre a relevância do projeto, como a importância da cultura criativa para a economia, entre outros temas:

Meio & Mensagem – Qual a importância de um evento como esse para a cidade?
Lucas Foster – Toda a cidade precisa estimular, formar e reter talentos. Uma cidade sem talentos está fadada à decadência em um médio/ longo prazo. Os talentos são responsáveis por criar novos negócios, promover inovações e transformar a dinâmica de uma cidade, seja do ponto de vista social, político ou econômico. O World Creativity Day é a melhor oportunidade que uma cidade pode ter para celebrar os talentos da sua cidade, atrair novos cidadãos para essa indústria e mostrar que ela se preocupa com o futuro. São Paulo é a cidade onde o World Creativity Day nasceu, o que reforça o protagonismo e a liderança da cidade, a maior cidade da América Latina e serve de exemplo para dezenas de cidades no Brasil e no mundo que agora fazem parte da rede e ajudaram a criar o maior festival colaborativo de criatividade do mundo.

E qual é a relevância da criatividade para os profissionais no mercado nos dias de hoje?
A criatividade foi identificada pelo Fórum Econômico Mundial e pelo LinkedIn como a habilidade mais desejada pelas empresas em busca de novos profissionais. Além disso, as habilidades sociais são diferenciais fundamentais na era da indústria 4.0. E com a automação em diferentes mercados substituindo o trabalho humano por máquinas, está mais do que provado que o momento exige uma recriação das carreiras e das jornadas profissionais em todo o mundo. Sendo o maior festival colaborativo de criatividade do mundo, o World Creativity Day é uma sala de aula aberta e livre, tendo atividades das mais diversas áreas, como artes, empreendedorismo, autoconhecimento, sustentabilidade, impacto social, tecnologia, inovação – e todas gratuitas – para que os profissionais  possam encontrar novas referências, se conectar a outros segmentos e descobrir alternativas para o sucesso de suas carreiras.

“Estamos vivendo aquilo que chamo de “revolução criativa”, na qual nenhuma indústria está imune à nova geração de profissionais que tem na criatividade a solução para reinventar o mundo”

Durante muito tempo o termo “criativo” ficou restrito ao universo da propaganda… No entanto, mais recentemente a cultura criativa passou a ganhar corpo em diversas outras atividades… Como você avalia essa questão?
Na era industrial, mais do que criatividade, a demanda do mercado era pelo esforço físico, em troca de salário. A publicidade não se apropriou do termo criatividade, mas era o único segmento profissional capaz de proteger as pessoa criativas de sucumbir exclusivamente ao trabalho físico. Dada da repressão da época, os profissionais dessa área se fecharem em si mesmos para preservar uma certa liberdade em relação à economia tradicional. Com o fim da era industrial e o início da ascensão da revolução digital, o esforço físico dá lugar à sociedade do conhecimento e a criatividade passa a ser a matéria prima de um conjunto de setores muito maior que formam a chamada economia criativa. Portanto, foi a revolução digital que libertou os criativos da publicidade tradicional que, agora, começa a ser desconstruída com a automação – por exemplo a mídia programática – desenvolvida exatamente por exatamente por essa geração de novos criativos. Minha avaliação, portanto, é que estamos vivendo aquilo que chamo de “revolução criativa”, na qual nenhuma indústria está imune à nova geração de profissionais que tem na criatividade a solução para reinventar o mundo.

Quais são os principais pilares da dita economia criativa em sua visão?
Os principais pilares da dita economia criativa são culturais, comportamentais e econômicos. No pilar cultural, o desenvolvimento da economia criativa está relacionado a uma capacidade de acolher a diversidade, de respeitar as diferenças e aceitar o novo. No campo comportamental, a força da economia criativa está no grau de liberdade dos indivíduos para expressarem suas ideias, na autoestima dos profissionais para acreditarem em si mesmos e na atitude de ter prazer em resolver desafios. Por fim, no pilar econômico, a economia criativa depende de um ecossistema que acredita na inovação, que se adapta aos novos tempos com velocidade e está disposto a investir capital, correndo riscos maiores do que o comum. Esses fatores determinam o sucesso de empresas, cidades de países na era da economia criativa.

O que o evento deste ano traz de diferente e mais relevante?
O alcance, o volume de atividades, o número de vagas, o número de participantes inscritos e a quantidade e diversidade de temas e formatos de atividades. São 62 líderes locais, 570 atividades, 48669 vagas e 54 cidades no Brasil.

Quais foram os critérios para definir a curadoria de conteúdos e atividades do evento neste ano?
Desde que fundei a ProjectHub, em 2011, fiz questão de me envolver com educação, para o desenvolvimento e o incentivo da criatividade no Brasil. Na época, trouxemos o respeitado arquiteto dinamarquês Bjarke Ingels (série Abstract Netflix), para uma série de palestras no Brasil, para estudantes de arquitetura. Hoje Bjarke Ingels é responsável pela nova sede do Google na Califórnia. Quando idealizei o Prêmio Brasil Criativo em 2012 fiz questão de trazer grandes nomes da economia criativa brasileira para a curadoria da premiação, como Danilo Miranda, Silvio Meira, Tiago Mattos, Paula Alzugaray, Nádia Somekh e Roberto Martino. Na primeira edição do Dia Mundial da Criatividade, em 2014, trouxemos ao Brasil John Howkins, autor britânico do best seller “Economia Criativa” e criador do conceito, em 2001. Para este ano, reunimos toda essa expertise para consolidar o manual de curadoria do World Creativity Day.

Quais são as principais expectativas com o evento deste ano?
Todas as nossas expectativas para o evento deste ano já foram atingidas com a expansão nacional para cidades de pequeno, médio e grande porte – sendo 17 capitais e a internacionalização do projeto para cinco países, inclusive Bangalore, na Índia, sendo que nossa previsão era testar apenas em Portugal. Além disso, o reconhecimento do mercado, da mídia, dos especialistas e o apoio de marcas como Starbucks e Y&R e de entidades profissionais como Abap, Bravi, Ampro, Abest, Icab e de secretarias municipais estaduais de todo o país, inclusive da Câmara Municipal de Lisboa. A apresentação do World Creativity Day no SXSW deste ano coroou reconhecimento internacional e mostrou definitivamente que esta iniciativa idealizada no Brasil é relevante não somente para o país, mas para o mundo e está pronta para contribuir com o desenvolvimento sustentável e fazer a revolução criativa.

Imagem de topo: jonathan Ford/ Unsplash

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