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Separadas, duplas reinventam processo criativo

Ferramentas digitais ajudam na proximidade entre profissionais, apesar de as interações atrapalharem execução de peças


20 de março de 2020 - 8h03

Trabalho remoto apresenta novos desafios para duplas de criação (Crédito: Jakkaje808/iStock)

O trabalho criativo de uma agência de publicidade é, tradicionalmente, feito em dupla: um redator e um diretor de arte. Juntos, criam campanhas e executam peças para diversas marcas. Essa dinâmica, entretanto, tem sido alterada por conta da crise do novo coronavírus, diante da adoção massiva das agências de publicidade pelo formato remoto de trabalho.

O cenário se torna mais tranquilo, entretanto, com a utilização de ferramentas tecnológicas que aproximam as duplas, agora separadas pelo confinamento. Entre elas, ganham destaque o Teams e o Skype, ambos da Microsoft, além de Zoom e WhatsApp. Com eles, é possível trocar aprendizados e ideias sobre uma campanha e alinhar pontos soltos antes de compartilhar um trabalho ao cliente.

Pedro Maneschy mantém contato constante com sua dupla durante processo criativo mesmo em trabalho remoto (Crédito: divulgação)

“Há outros departamentos da agência que já estão mais acostumados a trabalhar a distância, mas nesse início estamos conseguindo uma boa adaptação”, afirma Pedro Maneschy, redator da Publicis. Gustavo Vieira, diretor de arte da Publicis e dupla do Pedro, explica que é necessário manter um contato constante entre os dois para que saia tudo como planejado. “Eu e o Pedro nos falamos sempre pela manhã, e a pauta vai mudando ao longo do dia. Vamos criando por WhatsApp ou mensagem de voz e, durante o dia, fazemos uma ligação quando são coisas um pouco mais complexas”, explica.

Entretanto, executar uma peça a partir de uma ideia que já foi criada é um desafio menor do que iniciar uma campanha do zero. Nesse caso, a tecnologia continua como uma aliada de peso. “Facilita muito poder dividir a tela, mas a troca de ideias fica mais difícil”, afirma Bruno Ponzini, diretor de criação da R/GA. “O que tenho feito bastante com meu dupla é trabalhar mais separado e chegar na hora e apontar o que pensamos. Assim, fica mais direto”.

Apesar de positivo, o efeito das tecnologias também pode acarretar em um empecilho para o trabalho. Isso porque ainda não há um fluxo definido de quais assuntos virão por qual canal, e em qual momento. “Só no primeiro dia foram mais de 70 e-mails, fora os diversos calls e skypes. Mas isso é necessário para manter todo mundo da agência informado sobre o que está acontecendo”, afirma Ligia Mendes, redatora da Leo Burnett Tailor Made.

Ligia Mendes e Patucci executam campanhas com ajuda de ferramentas digitais (Crédito: divulgação)

Sua dupla, Fernando Patucci, compartilha dessa visão. Para o diretor de arte, “nesses primeiros dias, a troca de mensagens, ideias, briefings, reuniões está acontecendo em todos os lugares: e-mail, sistema interno da agência, Skype, WhatsApp, telefone. E às vezes tudo ao mesmo tempo”.

Da porta para fora

A interação com o cliente para apresentação de campanhas também passará pelo isolamento obrigatório, assim como a participação de processos de concorrência. Essa distância, no entanto, pode drenar parte do entusiasmo e da emoção ao apresentar uma campanha para um grupo de profissionais de marketing que são responsáveis por uma marca.

Essa realidade, entretanto, não será negociável nas próximas semanas.

“Apresentar uma campanha criativa é complexo. Tudo será apresentado por ligação, e perderá um pouco da emoção de contar uma ideia. Mas precisaremos nos adaptar. Se for um ou dois meses, será necessário correr atrás do prejuízo do tempo em relação à economia”, afirma Gustavo, da Publicis.

A prospecção de novos negócios também passa por um problema semelhante. Isso porque os processos de concorrência por novas contas são, recorrentemente, considerados operações de guerra dentro de grandes agências de publicidade.

“Durante o processo de concorrência, os prazos são muito curtos. Na agência, é todo mundo junto em uma sala. Isso ficará mais difícil remoto, mas talvez seja simplesmente falta de costume. Os trabalhos do dia a dia estão cada vez mais organizados”, afirma Ponzini, da R/GA.

 

*Crédito da imagem no topo: Oatawa/iStock
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