Comunicação

Omnicom e IPG: os números da nova gigante da comunicação

Com receita de US$ 26,4 milhões, segundo cálculos do Ad Age DataCenter, empresa combinada tem mais de 128 mil funcionários em todo o mund

i 27 de novembro de 2025 - 11h16

Omnicom Interpublic

(Crédito: Shutterstock)

A conclusão da compra do Interpublic Group Co. pelo Omnicom, anunciada nessa quarta-feira, 26, fez com que o mercado global de comunicação e publicidade ganhasse uma nova líder.

A receita combinada das duas companhias coloca o novo grupo à frente de concorrentes como Accenture e WPP, liderando o ranking global de holdings de comunicação.

A conclusão do acordo ocorreu menos de um ano depois de as duas companhias, até então rivais de mercado, terem anunciado o acordo de fusão.

Com o acordo, a gigante Interpublic, primeira holding de agências de publicidade a se formar no mercado, deixa de existir após 65 anos de história.

“Este é um momento decisivo para nossa empresa e para o nosso setor”, disse John Wren, presidente e CEO da Omnicom, em comunicado. “Com a conclusão do negócio, a Omnicom está estabelecendo um novo padrão para a liderança moderna em marketing e vendas”, completou.

Veja, abaixo, a nova configuração global de holdings de comunicação, com base nos dados do Agency Report, do Ad Age, que utiliza as receitas das operações em 2024:

1- Omnicom + Interpublic – Estados Unidos – US$ 26,4 bilhões
(Omnicom Group – US$ 15,7 bilhões e Interpublic Group – US$ 10,7 bilhões)
2- Accenture’s Song (Accenture) – Estados Unidos – US$ 19 bilhões
3- WPP – Reino Unido – US$ 18,8 bilhões
4- Publicis Groupe – França – US$ 17,3 bilhões
5- Delloite Digital (Delloite) – Estados Unidos – US$ 12,7 bilhões
6- Dentsu Group – Japão – US$ 9,3 bilhões
7- BlueFocus Communication Group – China – US$ 8,5 bilhões
8- IBM Corp. – Estados Unidos – US$ 7,2 bilhões
9- Hakudo DY Holdings – Japão – US$ 6,3 bilhões
10- Cheil Worldwide – Coreia do Sul – US$ 3,2 bilhões

Quanto o Omnicom pagou pelo IPG?

O Omnicom Group comprou o Interpublic em uma transação de troca de ações, avaliadas em aproximadamente US$ 8,9 bilhões (calculado pelo Ad Age Datacenter, com base no preço de fechamento das ações da Omnicom nessa quarta-feira, 26, e nas ações em circulação do Interpublic no final de outubro). Essa avaliação do negócio exclui a dívida do Interpublic.

Essa foi a maior aquisição de um grupo de comunicação na história, quase o dobro do valor do recorde anterior (a compra do Aegis Group pela Dentsu, em 2013 por US$ 4,9 bilhões).

Os acionistas da Interpublic receberão 0,344 ações da Omnicom para cada ação ordinária da Interpublic que possuíam.
A taxa de câmbio de 0,344 foi fixada — garantida — quando o acordo foi assinado em dezembro passado. Como resultado, o valor do negócio no fechamento foi bilhões de dólares abaixo da avaliação de aproximadamente US$ 13,3 bilhões quando o negócio havia sido anunciado, já que o preço das ações do Omnicom caiu cerca de 31% em relação ao valor anterior ao anúncio da aquisição. (Durante esse período, as ações do Publicis Groupe caíram cerca de 21%; as ações da WPP despencaram cerca de 65%.)

Após a conclusão da transação, os acionistas do Omnicom ficarão com cerca de 60,6% da empresa combinada e os antigos acionistas do Interpublic conservam cerca de 39,4% em base totalmente diluída.

Omnicom e IPG – Receitas internacionais

O comunicado de anúncio da conclusão do acordo, feito pelo Omnicomm, divulgava que a empresa combinada tem uma ‘receita Pro Forma superior a US$ 25 bilhões”.

Considerando os cálculos da combinação da receita dos dois grupos em 2024, feito pelo Ad Age Datacenter, a nova companhia tem uma receita de R$ 26,4 bilhões.

Desse total, 57% da receita combinada entre Omnicom e IPG foi gerada nos Estados Unidos, em 2024. A nova companhia ultrapassa o Publicis Groupe como a holding com maior receita no mercado norte-americano (o grupo francês registrou US$ 9,8 bilhões no ano passado).

Divisão dos funcionários do Omnicom e IPG

Embora a maior parte das receitas dos dois grupos venha dos Estados Unidos, somente um terço dos funcionários da nova empresa combinada trabalhavam no País, considerando o período anterior a fusão.

Quadro de funcionários (2024)

Omnicom – 74.900
Estados Unidos – 21.900
Outros mercados – 53.000

IPG
Estados Unidos – 21.100
Outros mercados – 32.200

Omnicom + IPG – 128.200
Estados Unidos – 43.000
Outros mercados – 85.200

Cortes de custos de US$ 750 milhões

Após a conclusão da fusão são esperados cortes de funcionários, visto que a Omnicom já sinalizou a meta de economizar em US$ 750 milhões em um “sinergia de custos”.

Em fevereiro, Wren afirmou: “É importante ressaltar que essas sinergias de custos não afetarão os funcionários dedicados a atender nossos clientes e gerar receita. Em vez disso, elas surgirão da otimização da holding, das funções administrativas e regionais, bem como da eliminação de custos indiretos, administrativos e terceirizados duplicados em nossa ampla presença global combinada.”

“Na avaliação de talentos, adotaremos uma abordagem focada na seleção dos melhores indivíduos de todas as organizações, independentemente de sua afiliação atual”, disse Wren, também em fevereiro. “Com equipes de liderança unificadas por área de atuação nos níveis global, regional e nacional, eliminaremos funções, cargos e operações administrativas redundantes.”
Tanto Omnicom quanto Interpublic buscaram reduzir custos antes da conclusão do negócio.

Em outubro, o Omnicom declarou que, nos primeiros nove meses de 2025, teve US$ 127,4 milhões em “custos de reposicionamento, relacionados a indenizações por demissão, enquanto nos preparamos para integrar a aquisição pendente da IPG, bem como iniciativas de eficiência no segundo trimestre de 2025”.

O Interpublic, por sua vez, iniciou no primeiro trimestre “ações de reestruturação, destinadas a transformar nossos negócios, aprimorar nossas ofertas e gerar economias estruturais significativas”.

Nos primeiros nove meses de 2025, o Interpublic reduziu seu quadro de funcionários em cerca de 3,2 mil pessoas, o equivalente a cerca de 6% do seu quadro global de funcionários no final de 2024. Em um comunicado regulatório, o IPG afirmou: “Os grupos de funcionários afetados incluem executivos, gerentes regionais e de contas, bem como pessoal administrativo, criativo e de produção de mídia”.

Agora que a aquisição foi concluída, o CEO do Interpublic, Philippe Krakowsky, de 63 anos, receberá uma indenização milionária, avaliada no início deste ano em cerca de US$ 49 milhões.

Além da indenização, Krakowsky assumiu um novo cargo bem remunerado como copresidente e co-diretor de operações do novo Omnicom.

Omnicom retorna ao topo e Interpublic encerra trajetória

O Omnicom retorna ao topo do ranking das maiores holdings de comunicação do mundo com o encerramento da história de 65 anos do IPG.

O Omnicom surgiu com força total em 1986, em um movimento que o Ad Age chamou de “Big Bang”: a fusão de três grandes redes de agências — BBDO International, Doyle Dane Bernbach Group e Needham Harper Worldwide — em uma nova holding.

Wren, ex-consultor de gestão da Arthur Andersen, ingressou na Needham Harper em 1984. O executivo, de 73 anos, tornou-se CEO da Omnicom em 1997 e deverá permanecer no cargo até o final de 2028.

Já o Interpublic iniciou a trajetória em 1961 como a primeira grande holding de agências, o Interpublic Inc.

Em seguida, embarcou numa onda de aquisições ao estilo Mad Men, adotando um nome grandioso em 1964: “The Interpublic Group of Companies”. Em 1966, a holding possuía empresas em 100 cidades, atuando em 48 países.

O Interpublic se consolidou como a maior empresa de agências do mundo, mas perdeu sua posição de liderança durante a década de 1980, quando outras empresas — notadamente a Saatchi & Saatchi (agora parte do Publicis), WPP e o Omnicom — consolidaram seu poder por meio de fusões e aquisições.

A venda para o Omnicom encerra o capítulo final de uma empresa de agências com uma história rica, com o Interpublic fora do mercado e seu grupo de empresas se preparando para se reagrupar sob as regras de uma nova controladora e uma família muito maior.