Negros apontam melhora na diversidade dos anúncios
Levantamento da Data-Makers, com Black Influency, ESPM e Peji, aponta que 70% dos brasileiros pretos e pardos se sentem melhor representados

(Créditos: People Imagens/Shutterstock)
Cerca de 69% dos consumidores negros afirmam perceber uma melhora em representatividade nos anúncios, se comparado à 2024. É o que revela o levantamento feito pela Data-Makers, em parceria com Black Influency, ESPM e com apoio da Peji.
O estudo entrevistou dois mil brasileiros pretos ou pardos, acima dos 18 anos, e de todas as regiões e classes sociais do País.
Os consumidores que não se sentem representados pela publicidade totalizam 32% dos respondentes, o que representa uma ligeira queda em relação ao ano anterior, de dois pontos percentuais.
Entre as formas de representação mais mencionadas estão a ausência de estereotipos (32%), posições de liderança e protagonismo (26%) e histórias de superação (25%).
“Este é um mercado de mais de 100 milhões de pessoas. Ignorar suas demandas não é apenas uma questão ética — é um erro estratégico de negócios”, afirma Fabrício Fudissaku, CEO da Data-Makers.
Apesar de oito em cada dez respondentes terem sido vítimas de racismo, 77% acreditam viver em uma sociedade mais justa do que a de seus pais, e 71% afirmam agir ativamente para que esse cenário continue avançando.
Influência sobre o consumo
Seis em cada dez entrevistados afirmam que sua cor e raça exerce influência nas decisões de compra, e destacam que aceitariam pagar mais por produtos que apoiem a causa negra, demonstrando disposição financeira para incentivar marcas comprometidas socialmente.
O contrário também acontece: cerca de 59% dos consumidores já deixaram de comprar produtos por causa de um anúncio inadequado, enquanto 46% afirmam que boicotariam uma marca por desrepeito à causa.
“Não basta colocar pessoas pretas nos anúncios; é preciso entregar experiências, produtos e serviços que respeitem e atendam de verdade esse público. As marcas que compreenderem essa complexidade e responderem com autenticidade e consistência vão liderar o mercado”, afirma Ricardo Silvestre, CEO da Black Influence e cofundador da Peji.
Ainda segundo a pesquisa, o Instagram se consolidou como o canal preferido para 31% dos respondentes, seguido pelo Youtube (27%). Os consumidores que acompanham influenciadores totalizam 81% dos entrevistados, um aumento de 8 pontos percentuais em relação a 2024.
No entanto, a escolha desses influenciadores não é determinada pela raça e cor, nem por sua atuação no apoio à causa negra. Cerca de 68% dos consumidores se dizem indiferentes a esses fatores.
Os influenciadores pretos de melhor reputação junto ao público são: Neymar Jr., Vini Jr., Ludmilla, Iza, Tirullipa, Ronaldinho Gaúcho, Rebeca Andrade, Taís Araújo, Jojô Todynho e Estevão.
O “Black-Gap”
A Data-Makers introduziu uma métrica inovadora no estudo, o Black-Gap, índice de inequidade que mede o quanto setores e marcas atendem bem os consumidores pretos e pardos em toda a jornada de compra.
Segundo o estudo, o setor que possui o maior gap é o varejo, liderando em casos de racismo, discriminação e mal atendimento em lojas físicas. Em seguida, aparecem os setores de alimentos e bebidas, serviços financeiros, turismo e moda e vestuário.
“O consumidor preto percebe quando há distância entre o que a marca comunica e o que ela entrega. Para avançar, as marcas precisam ir além da campanha e transformar a experiência em todos os pontos de contato. A coerência entre discurso e prática é o que constrói confiança e diferencia quem só comunica de quem realmente entrega”, destaca Eduardo Mesquita, coordenador do CEAM ESPM.