Comunicação

Polêmica internacional ofusca Leão da Moma

Campanha impressa para Kia Motors Brasil é criticada por suposto vínculo com pedofilia; agência rebate acusações sobre peças

i 29 de junho de 2011 - 5h50

Repercute especialmente na mídia social uma história que ofusca uma conquista da Moma no Festival de Cannes. Uma campanha criada para a Kia Motors do Brasil (“Professor/Princesa”), ganhadora de Prata em Press e de Bronze em Outdoor, foi acusada de incentivar a pedofilia. As peças trazem quadrinhos mostrando duas situações que se baseiam em personagens um tanto semelhantes, mas com apelos distintos. A ideia é ressaltar o sistema de controle de ar condicionado chamado Dual Zone.

Em “Professor”, um sequência de quadrinhos traz um professor conversando com uma aluna, uma menina que lhe entrega uma maçã. O traço é infantil. Ao lado está o que seria um complemento da tira, porém essa parte apresenta um professor e uma aluna adulta. A estudante usa vestes provocativas. Um lado seria o “frio”. O outro, o “quente”. Esse conceito foi utilizado também na peça “Princesa”, que remete à clássica história da Bela Adormecida.

A polêmica se espalhou por blogs e sites, gerando comentários no Facebook, uma enquete no Huffington Post e um post da revista Campaign na rede social de Mark Zuckerberg. Nesse caso, a Campaign pergunta a seus leitores no Facebook se essa controvérsia não deveria resultar na devolução do Leão de Prata. E levanta outro aspecto crítico: o cliente não teria aprovado a campanha. Isso porque a Kia Motors America avisou à imprensa nos Estados Unidos que não responde por essas peças, que considera inapropriadas. O escritório norte-americano pediu desculpas pela campanha, que não foi veiculada no Brasil.

Rodolfo Sampaio, sócio da agência, rebate as acusações em torno da campanha, que foi aprovada. “Acho que as peças foram mal interpretadas. A gente pede desculpas a quem se sentiu ofendido, mas de forma alguma faríamos qualquer coisa ligada à pedofilia”, acrescenta. Ele observou que os jurados que avaliaram o trabalho em nenhum momento enxergaram a campanha com esse tom. “Os júris não viram polêmica”.

A Moma preparou um comunicado para contestar as acusações. Segundo esse documento, “o conceito da campanha é de enfatizar o principal atributo do ar condicionado Dual Zone, que oferece temperaturas diferentes dentro do mesmo veículo. Esta mensagem foi dramatizada em cartoon, mostrando justamente estes opostos, de quente e frio. São duas histórias independentes, diferentes, sobre situações parecidas. A independência das histórias é reforçada pelo recorte do anúncio e os traços dos cartoons, visivelmente distintos.”

O comunicado faz referência a um dos argumentos levantados por Sampaio, lembrando que as peças foram avaliadas por “32 pessoas de várias nacionalidades, membros do júri do Festival de Cannes, em dois grupos separados. Eles nunca levantaram qualquer polêmica.”

O texto conclui: “a Moma lamenta o acontecido; jamais houve a intenção de gerar questionamentos envolvendo um assunto tão importante e sério como pedofilia e foi uma surpresa ver a reação no mercado americano. A Moma também lamenta por ter colocado seu cliente Kia no centro desta discussão e assume total responsabilidade pela campanha.”
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