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Netflix: publicidade será a salvação?

Especialistas analisam a decisão da plataforma de acrescentar publicidade em seu serviço após reportar perda de 200 mil assinantes


3 de maio de 2022 - 6h00

Em conferência realizada no dia 19 de abril, para apresentar os resultados do primeiro trimestre de 2022, a Netflix divulgou uma queda de 200 mil assinantes, primeira em uma década. Com a queda, a empresa não alcançou a meta de 2,5 milhões de usuários totais que havia estabelecido para o período e ainda projetou uma perda de mais dois milhões nos próximos meses. Na ocasião, declarou que baixa aconteceu devido a três fatores: a inflação, a guerra na Ucrânia e a competição acirrada no setor.

 

Netflix estuda incluir anúncios na plataforma (crédito: Rafapress/Shutterstock)

Apesar disso, Aline Pardos, consultora do mercado de streaming e audiovisual, entende que a desaceleração da pandemia e a flexibilização das medidas de restrição da Covid-19 contribuíram para essa queda no número de assinantes. “Esse cenário da Netflix já era um pouco esperado. Claro que o tombo foi grande, talvez um pouco maior do que o previsto, por conta da guerra na Rússia, que fez com que eles perdessem muitos assinantes”. Ellie Bamford, Head Global de Mídia & Conexões da R/GA, concorda com Aline. A executiva ressalta que a Netflix expressou que tem sido um desafio avaliar adequadamente os fluxos e refluxos dos negócios por assinatura, já que a pandemia criou muito ruído.

Com essa realidade, a empresa que sempre foi avessa à publicidade, falou pela primeira vez em incluir anúncios em seu serviço, que seriam apresentados em pacotes mais acessíveis. A afirmação veio do próprio CEO da companhia, Reed Hastings, mesmo após sempre negar essa possibilidade. “Nossos assinantes estão felizes justamente por não termos publicidade e não há intenção de mudar esse modelo”, disse Reed Hastings ao Meio & Mensagem, em visita ao Brasil, em 2017.

Com toda a conjuntura de fatores, Hastings tem mudado um pouco seu discurso: “Aqueles que acompanham a Netflix sabem que eu tenho sido contra a complexidade da publicidade, e um grande fã da simplicidade da assinatura”, disse o CEO da companhia, Reed Hastings. “Mas, por mais que eu não seja um fã disso, eu sou mais fã da escolha do consumidor”, completou durante a conferência. O CEO ainda citou outros players do setor, como Disney+ e HBO Max, que estão tendo bons resultados com esse modelo de streaming também financiado por anúncios.

Para Aline Pardos, a personalização dos anúncios é bom caminho a ser seguido pela plataforma. “Sem dúvida o big data vai ser um grande aliado para fazer com que esses anúncios tenham uma segmentação muito mais certeira do que em outras plataformas”. Outra possibilidade é a venda produtos das séries e filmes da plataforma, iniciativa que a Netflix já implementou, com o lançamento do seu e-commerce, Netflix.shop, nos Estados Unidos, em junho de 2021, em parceria com a empresa de tecnologia Shopify.

Diversificação de receita

Além da inclusão de publicidade, diversificar a receita também é fundamental para a Netflix, segundo Paulo Loeb, CEO da Fbiz. “Se o seu modelo de negócio é baseado em uma única fonte de receita independente de qual seja, se ela fica estrangulada, você vai ter que ser criativo, não tem jeito”, enfatiza. Para exemplificar sua fala, Loeb cita a Amazon, que começou vendendo livros há dez, 15 anos, e atualmente é uma das maiores empresas do planeta, unindo diversas fontes de receita, como e-commerce, computação em nuvem, streaming e inteligência artificial.

O caminho da publicidade é apenas um dos caminhos que a Netflix pode recorrer para reter assinantes, na opinião de Loeb. “Ela pode ampliar o serviço, pode criar conteúdo exclusivo, pode cobrar mais caro para não ver publicidade. No final do dia, se a Netflix oferecer para os seus usuários e para o mercado três principais verticais é bom para todo mundo”.

Tanto Loeb quanto Aline entendem que tudo é possível quando o assunto é o futuro da Netflix. O CEO da Fbiz traça dois cenários possíveis, mas não crava nenhum deles. O primeiro é a plataforma ser comprada e o segundo é ela comprar alguma outra empresa. Já Aline destaca que Netflix ainda tem fôlego para seguir com as próprias pernas no mercado, pelo menos no curto e médio prazo. “A Netflix veio aí colocando o pé no acelerador com produção de conteúdo, com grandes investimentos e agora estão freando um pouco, porque realmente é impossível se sustentar no modelo atual em que estão. Eles estão tomando estratégias para evitar maiores perdas nos próximos anos, mas não é de se destacar alguma movimentação deles de união com empresas de tecnologia”.

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