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Três regras básicas para escrever com simplicidade, objetividade e boa gramática, o que deveria ser objetivo de toda a mídia e de todos os que se expressam nela


12 de agosto de 2020 - 14h10

(Crédito: Pict Rider/istock)

O título deste artigo é o mesmo de uma das melhores peças teatrais que assisti na minha vida. “É…” foi um grande sucesso comercial, uma comédia de Millôr Fernandes, com direção de Paulo José e atuação de Fernanda Montenegro e seu marido Fernando Torres, que interpretavam um casal problemático. Mas, o mais genial de tudo era a absurda síntese do título (É…), que, para quem assistiu à peça, faz todo sentido.

Se, nos anos 70 do século passado, a síntese já era uma competência essencial nas artes e na comunicação, imaginem nos dias de hoje, com a influência do superficialismo da Internet e a impaciência das gerações Millenium! Mas, apesar das evidências, continuamos lendo na mídia textos que serão abandonados na 1ª linha do 1º parágrafo. 

 Infelizmente, o poder de síntese é uma arte desprezada nos dias atuais, como desde sempre. Confunde-se erudição com linguagem empolada. Advogados falam jurisdiquês, técnicos falam tecniquês e economistas falam economês. E nós, pobres mortais, que falamos português, não entendemos nada. A questão que se coloca é: por que as mídias tradicionais e os profissionais reconhecidos e tarimbados incorrem em erros tão crassos de comunicação? Por duas razões: vaidade (pois a linguagem formal mostra conhecimento) e dificuldade. Sim, porque qualquer advogado, sem grandes qualificações, é capaz de preparar petição para um  juiz, em linguagem empolada, como, também, qualquer pessoa, sem qualificação específica, pode escrever uma bula de remédio ou um manual de produtos eletrônicos. O difícil, mesmo, é explicar a beleza da Lua, ou um sentimento pungente, em uma frase direta e simples. “Apertou em mim aquela tristeza, da pior de todas, que é a sem razão de motivo”. Bem, essa frase é do genial Guimarães Rosa e não precisamos (nem conseguiremos) chegar a tanto. Mas, escrever com simplicidade, objetividade e boa gramática deveria ser objetivo de toda a mídia e de todos os que se expressam nela. E isso é acessível a qualquer um de nós, que não seja um Guimarães Rosa? A resposta é sim, desde que observadas três regrinhas simples.

 Regra #1: Pense antes de escrever 

Faça um “rascunho mental” do que você quer expressar. Pode ser artigo, post de Facebook e, até mesmo, o trecho de um livro que você esteja escrevendo. Pense no viés do tema que será abordado. Se o assunto for, por exemplo, o ‘novo normal’, reflita sobre o aspecto que vai dissertar: home office, vídeo conferências, distanciamento social ou impactos na economia.

Regra #2: Pense no público-alvo 

Leve em consideração a compreensão que o público-alvo tem sobre o tema. 

Regra #3: Escreva um textão e depois sintetize 

Se for escrever sobre distanciamento social pós-pandemia, para um jornal interno da empresa, por exemplo, a linguagem pode e deve ser coloquial. Um título como “Após a pandemia, as pessoas ficaram ressabiadas e desconfiadas, o que dificulta o relacionamento e o contato social”, poderia, dentro deste contexto, ser, facilmente, compreendido, se resumido a um simples e direto “Chega pra lá”!

 Não é difícil, mas dá trabalho. Lembra daquela história de 10% de inspiração e 90% de transpiração? Pois é…

*Crédito da foto no topo: Unsplash

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