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Opinião

Mercado de comunicação e significância

O que vale mais: uma vida de milhões ou ser a pessoa de milhões em algumas vidas? 


14 de junho de 2022 - 9h00

(Crédito: Nadia Snopek/Shutterstock)

A vida está nos detalhes e escrevo isso após passar um período internada – já estou bem –  inesperadamente. Nesse espaço de tempo, não teve como essa moleira à milhão não transbordar de mil reflexões sobre a vida, e também sobre o meu papel no mundo e no nosso mercado.

Compartilho um pouco disso porque penso que é por meio de trocas que podemos despertar uma percepção repentina de algo, e que esse algo pode de alguma forma fazer a transformação acontecer. Esse é o lado positivo, o tal do copo meio cheio. Porque uma das minhas percepções é que voltei pro dia da marmota ao tentar me atualizar com o que aconteceu nos últimos tempos (alguém poderia ter avisado. Eu e essa tal de FOMO…). Mas não é nesse ponto que eu quero focar, porque isso daria um outro artigo.

O fato é: ninguém (pelo menos boa parte da minha rede) está muito bem e precisamos continuar falando sobre isso. Será que é possível trabalhar no nosso mercado e ainda manter a sanidade? De acordo com o relatório “Tendências de Gestão de Pessoas 2022”, feito pela consultoria global GPTW (Great Place to Work), as empresas aumentaram sua preocupação com a saúde mental dos seus funcionários. Mas o que mais tenho me deparado é com profissionais exaustos de suas jornadas (recentemente a OMS tornou a Síndrome do Burnout uma doença ocupacional). Dito isso: quais são as ações essenciais para manter a saúde mental no trabalho? A mudança de chave dessa cobrança por produtividade não ser apenas interna era um requisito para essa discussão ser levada mais em consideração nos formatos de empregabilidade que vivemos.

Na contramão disso, o mesmo relatório diz que a diversidade e a inclusão acabaram ficando para segundo plano. E nessa mesma época vemos agências e empresas (re)surgindo com suas fotos nada diversas. Me pergunto onde estão as evoluções de diversidade e inclusão e, mais que isso, quais são as narrativas que nós enquanto comunicadores continuamos repetindo.

Meus sonhos sempre foram meus líderes e meus principais motivadores de carreira. O trabalho é uma parte fundamental da minha vida e tomada de decisões. A diferença e significância em cada momento da nossa jornada é feita por nós. Eu, mulher preta e filha de uma professora, não poderia deixar de usar esse espaço para te convidar a reservar um momento para respirar e questionar: que tipo de líder você tem sido? O quanto você é aliado(a) e defende ações efetivas de transformação? Quanto do seu sucesso tem significado? Quanto do seu sucesso você estende para as pessoas? Quanto você tem feito de diferença nesse mercado e no mundo? 

Estou longe de ser a dona da razão e nem anseio isso. Mas também não consigo olhar para tudo o que tem acontecido sem questionar como podemos transformar e cobrar quem ainda está sentado(a) na mesa tomando decisões que desconsideram boa parte dos questionamentos acima. 

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