Os 20 anos do Cirque du Soleil no Brasil
Stephanie Mayorkis, da IMM, empresa responsável pelas turnês no Brasil revela os segredos por trás da atração

Espetáculo Alegria volta em 2026 para os 20 anos do Cirque du Soleil no Brasil, mas repaginado (Crédito: Matt Beard Costumes Dominique Lemieux)
Acrobacias, números aéreos, pirotecnia e coreografias milimetricamente precisas. Isso e muito mais chamou a atenção de centenas de brasileiros lá em 2006, quando o Cirque du Soleil chegou ao País, com o espetáculo “Saltimbanco”.
Desde então, a companhia mundial de entretenimento, sediada em Montreal, no Canadá, já realizou nove apresentações no Brasil, atraindo milhares de pessoas às lonas. Logo, com o passar dos anos, São Paulo acabou se tornando um dos quatro mercados mais importantes para o Cirque du Soleil no mundo, atrás de Montreal, Tóquio e Londres.
Em 2026, companhia de entretenimento completa 20 anos de atuação no país. E para celebrar este momento, o Cirque du Soleil promoverá o seu décimo espetáculo, sob o nome “Alegria in a New Light”, fazendo alusão ao “Alegria”, um dos mais memoráveis de sua história no Brasil, que aconteceu em 2007.

Stephanie Mayorkis, COO da área de entretenimento da IMM (Crédito: Divulgação)
“É uma versão totalmente diferente, repaginada do espetáculo, trazida para os dias de hoje, mais moderno, arranjos musicais diferentes, coreografias, figurinos, mudanças nas acrobacias”, adianta Stephanie Mayorkis, COO da área de entretenimento da IMM, empresa de responsável pelas turnês do Cirque du Soleil no Brasil.
Na entrevista a seguir, Stephanie destaca como o Cirque mantém a inovação artística e tecnológica em um mercado saturado por entretenimento digital, de que forma atrai públicos de todas as idades e como escolhe parceiros comerciais.
Meio & Mensagem – O que podemos esperar desses 20 anos do Cirque du Soleil no Brasil?
Stephanie Mayorkis – Em 2026, vamos celebrar 20 anos de Cirque no Brasil. O primeiro foi em 2006, com o espetáculo Saltimbanco. Desde então, foram nove turnês aqui no Brasil. Então, vai ser o décimo, o próximo show. E estamos fazendo esse evento, na verdade, para explicar para potenciais patrocinadores do Cirque um pouco o posicionamento da marca atual do Cirque du Soleil. Ele é um ativo inigualável, não tem nada exatamente no mesmo território do Cirque du Soleil, porque ele tem pilares muito fortes e diferenciados, que é a parte de ser referência mundial na inovação artística, a parte de arte e criatividade que é inigualável. A experiência emocional que o Cirque proporciona ao público, as ativações que acontecem das marcas também dentro do ambiente onde acontece o Cirque du Soleil. São lembranças que o público leva para o resto da vida. O Cirque não é um acontecimento que você decide da noite para o dia, você escolhe muito bem com quem você quer compartilhar aquele momento. Vemos a presença muito grande de famílias, de avós com netos, filhos, tem um range de público muito grande, de sete até setenta, oitenta anos, sempre com experiências memoráveis. O Cirque tem um alcance, um prestígio também muito especiais no sentido de: temos um público muito qualificado. A maioria do público do Cirque du Soleil tem curso universitário completo e pós-graduação, mestrado, tem uma renda per capita alta, é um público bastante qualificado. Geramos uma quantidade de mídia espontânea muito grande, milhões e milhões de mídia espontânea, muita cobertura mesmo de mídia espontânea e muita visibilidade, tanto da mídia espontânea quanto da mídia que é feita para a divulgação do evento, as ativações de patrocinadores. Tem essa relevância de alcance e prestígio que são importantes. E tem uma relevância cultural também muito grande, porque é um sinônimo de excelência e de status no entretenimento global. Não estamos falando só de Brasil, o Cirque, eu diria que é a maior empresa de entretenimento ao vivo, no sentido de operar com tantas nacionalidades, tantos shows diferentes simultaneamente, em países diferentes, artistas que vêm de milhares de países, shows diversos, com temas diversos e sempre buscando a inovação, atrair com um elemento surpresa o público e sempre com um nível de excelência muito alto, com ex-ginastas olímpicos, são mais de 200 pessoas rodando cada turnê do Cirque, cada show. E o outro item importante é essa exclusividade do Cirque também aqui no país, porque não tem nenhum outro ativo semelhante. O evento é um pouco para isso, para falarmos sobre isso. Eu não posso dar datas, praças, etc., mas o espetáculo que virá é o Alegria, revisitado, é um novo Alegria, chama “Alegria in a New Light”. É uma versão totalmente diferente, repaginada do espetáculo, trazida para os dias de hoje, mais moderno, arranjos musicais diferentes, coreografias, figurinos, mudanças nas acrobacias. É um dos maiores sucessos do Cirque. Mas lembrando que não é o mesmo Alegria. É a mesma história, é a mesma essência, até porque é brilhante, então não existe interesse em mudar isso, mas é um show totalmente revisitado, com outro diretor, é uma nova estética e uma nova montagem cênica, uma nova criação para o espetáculo. Que ficou ainda melhor, na minha opinião.
M&M – Como o Cirque mantém a inovação artística em um mercado saturado por entretenimento digital?
Stephanie – O Cirque trabalha com equipes criativas diferentes. Cada espetáculo não tem o mesmo diretor, o mesmo coreógrafo. São mentes diferentes pensando em coisas diferentes o tempo todo. Os recursos tecnológicos, logicamente, com a evolução desses recursos ao longo dos anos, o Cirque foi se utilizando da tecnologia para modernizar os espetáculos. As projeções, os cenários, os recursos também para os figurinos, a ousadia nas coreografias. E nas acrobacias também, tentando sempre dar algum diferencial entre o jeito que era, uma determinada acrobacia e como ela é executada nos dias de hoje. E sempre com essa diversidade de artistas, de temas, show na água, números aéreos, cada vez mais números aéreos, pirotecnia. O conjunto que faz o Cirque du Soleil ser único. São muitas mentes criativas juntas pensando sempre em como continuar cada vez mais encantando o público e criando esses momentos memoráveis.
M&M – Como o Cirque escolhe marcas e eventos para parcerias comerciais?
Stephanie – Existem algumas categorias que são vetadas, como de tabaco, por exemplo. Algumas coisas que o Cirque acha que não está dentro das políticas deles. Mas fora isso, acaba que as marcas que se associam ao Cirque acabam sempre tendo sinergia e identificação com os aspiracionais que a marca Cirque du Soleil representa, porque acho que não faria nem sentido se associar a marcas que não tenham nada em comum com o que o Cirque representa. Naturalmente, acabamos evoluindo e falando com marcas que realmente têm afinidade com esses pilares e valores do Cirque du Soleil. Que são marcas que têm propósito, que apoiam a igualdade, diversidade, marcas que gostam de inovar, marcas que precisam de flexibilidade, que apostam em tecnologia, em ousadia, em surpreender os clientes sempre, marcas que querem sempre ser diferenciadas, querem sempre estar na vanguarda e na liderança dos seus segmentos, seja o nicho que for e a proposta que for de cada marca, mas a questão da excelência é uma coisa muito importante e forte para as marcas que se associam ao Cirque.
M&M – De que forma a venda de produtos licenciados e experiências imersivas complementa o negócio principal?
Stephanie – Tentamos acompanhar o cliente em toda a jornada dele. Desde a experiência de compra, até a experiência de quando chega na venue, até chegar dentro da tenda do Cirque, photo opportunities, ativações, a comunicação que mantemos constantemente nas nossas mídias sociais com os fãs do Cirque du Soleil. O Brasil é o único país do mundo onde o Cirque autorizou que tenhamos uma rede social propria do Cirque du Soleil Brasil. Gerenciamos, em conjunto com o Cirque, as mídias sociais, porque o Brasil é um dos mercados mais importantes do Cirque du Soleil no mundo, tem uma base de lovers gigantesca e começamos a sentir a necessidade, ao longo dos anos, de poder trazer novidades, contar para esse público o que está acontecendo com o Cirque em todos os lugares do mundo, o que tem de novidade, o que está acontecendo em cada espetáculo, o que acontece no headquarters. Co isso, conseguimos manter contato com a nossa base de fãs ininterruptamente.
M&M – Como a companhia se adapta para atrair um público mais jovem sem perder os fãs tradicionais?
Stephanie – A questão da inovação, da tecnologia, das projeções, dos números aéreos, enfim, a tecnologia e o avanço, ao longo dos anos, fizeram com que os espetáculos pudessem também ficar mais audaciosos. E notamos, na verdade, um rejuvenescimento do público do Cirque Du Soleil. Temos 40% do público que tem até 35 anos. É um percentual importante. E notamos, ao longo dos anos, um crescimento nessa faixa até 35, 39 anos. Inclusive, na faixa até os 29 também tem um crescimento. Mas, a magia está justamente em conseguir manter a atratividade de todos esses públicos, porque ter um rejuvenescimento do público são gerações que passam para gerações. Isso não faz com que os mais velhos deixem de achar o Cirque interessante, atraente e tem a questão do ao vivo que é inigualável. Na verdade, o Cirque, na pandemia, começou um trabalho muito forte digital. Hoje, você entra no YouTube, na plataforma do Cirque du Soleil, tem milhares de documentários, tem takes de vários shows, tem episódios que são três espetáculos no mesmo episódio. Mas é muito diferente de você estar no ao vivo, estar com aquele frio na barriga de saber se vai dar tudo certo na apresentação, se ninguém vai cair, se os números vão ser feitos com perfeição. Tem as brincadeiras dos palhaços que também é uma alma do Cirque, que tem as suas customizações para cada país, tem a chance de você ser chamado eventualmente no palco para participar de alguma coisa.