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Panamericana: 60 anos e o desafio de formar designers para o futuro

Alex Lipszy, presidente da entidade, fala sobre o impacto da inteligência artificial, dificuldades do mercado de trabalho e do legado da escola


19 de junho de 2023 - 6h00

As obras de Enrique Lipszey, fundador da Panamericana Escola de Design, serão expostas a partir de 20 de junho na instituição

As obras de Enrique Lipszey, fundador da Panamericana Escola de Design, serão expostas a partir de 20 de junho na instituição (Crédito: Divulgação)

Completados 60 anos, a Panamericana Escola de Arte e Design trabalha para permanecer com espírito pioneiro em meio aos avanços das tecnologias de modelagem e criação.

Ferramentas como Midjourney ou Generate Fill, do Photoshop Beta, colocam em xeque o futuro da profissão assim como os métodos de aprendizagem. Com cursos remotos e presenciais, a primeira escola de design de São Paulo quer atingir todos os públicos, sobretudo, aqueles que estão fora do eixo sudeste.

Segundo Alex Lipszy, presidente da Panamericana, o principal dilema da nova geração de profissionais é conseguir balancear as tarefas. “Na medida em que recebo um briefing de qualquer tipo de trabalho que seja, é preciso entender o tempo que temos para criar e entregar”, comenta. Com rotatividade mil alunos por ano, a instituição continua investindo em três alicerces: competências, habilidades e criatividade.

A faixa etária dos alunos da entidade varia de 20 a 40 anos, sendo comum que os discentes tenham outras formações ou mesmo sejam mestres e doutores. Para Alex, grande diferencial da escola é metodologia prática, ou seja, a “mão na massa”.

O Brasil sofre com o excesso de mão de obra especializada, diz. “Não digo que seja errado, mas tem muito doutor e pouca gente que saiba realmente fazer as coisas. Desse modo, a Panamericana enxergou nesse cenário uma brecha para ensinar as pessoas o que elas precisavam fazer para entrar no mercado de trabalho”, comenta.

Design do Futuro

“O profissional hoje deve ser extremamente rápido e eficaz, não só cria uma linguagem, mas amplifica a comunicação duma marca. Anteriormente, tínhamos um mês de criação, mais um mês de execução, era poesia”, contempla. Nas aulas, os alunos da Panamericana são incentivados a trabalhar com as imagens geradas pelo Midjourney, por exemplo, a partir da lógica utilitarista. O diretor acredita que essas ferramentas não se diferem muito de um pincel ou da caneta.

Muito se debate a respeito da ética ou dos valores que a sociedade pode refletir nas imagens geradas por inteligência artificial. Todavia, Alex ressalta que a IA tem o poder de igualar num mesmo plano de trabalho diferentes tipos de artistas e profissionais. Mesmo assim, diz, é preciso que essa geração tenha cautela, sobretudo, na apuração e na fase de pesquisa, “para que a IA dê uma resposta rápida sobre um briefing é possível que saiam coisas erradas daí”.

O diretor também menciona que inevitavelmente discussões sobre direitos autorais possam surgir a partir da massificação dos usos de IA. “Digamos que um artista brasileiro, da Panamericana, peça para o Midjourney fazer um desenho com as mesmas descrições que um designer japonês. Quem fez primeiro? Quem é ‘dono’ daquela peça? Como as empresas vão ver isso é uma questão que se coloca para o futuro”, resume.

60 anos de design no Brasil

Dessa forma, como homenagem à trajetória da entidade e ao legado do fundador, Enrique Lipszy, a exposição O Criador e Sua Obra será exposta na Panamericana. Com origem na Argentina, Eduardo chega ao Brasil em meados dos anos 60 e funda a escola pouco tempo depois, em 1963. “Apesar da vox populi dizer que não podíamos usar design para definir os desenhos que ensinávamos, o que a Panamericana fazia já era o trabalho de design”, comenta Alex, filho do fundador e curador da exposição. Alex fez uma promessa ao pai, antes de Enrique falecer em 2020, que suas obras seriam vistas e apreciadas pelas futuras gerações, porém a pandemia adiou os planos do curador.

Alex conta que seu pai era fascinado pelo mito de origem cristão, no qual Eva e Adão foram expulsos do Paraíso. “Eu faço uma conexão com o que a gente vem falando, ele tomou tempo e trabalho para ler tudo que está escrito na Bíblia e em outros autores. Em outras palavras, ele tomou para si o trabalho de estudar como era esse casal primordial”. As obras de Enrique Lipszy estarão expostas na Av. Angélica, 1900, São Paulo, entre 20 de junho e 18 de agosto. Além disso, o evento será de entrada gratuita de segunda a sexta, das 9h às 20h, e aos sábados entre 9h e 12h.

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