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Carros, testes em macacos e reputação

Investigações envolvendo Volkswagen, Daimler e BMW iniciam um gerenciamento de crise de imagem com proporções globais


1 de fevereiro de 2018 - 7h59

 

Carro é testado em nível de emissões, em Klettwitz, na Alemanha (Crédito: Sean Gallup/Getty Images)

A notícia publicada pelo jornal New York Times e repercutida pela imprensa alemã, no início desta semana, envolvendo as marcas Volkswagen, Daimler e BMW, e o financiamento de pesquisas que conduziram experimentos sobre diesel em macacos e humanos, foi a ponta de uma situação com impactos globais.

Segundo os jornais Süddeutsche Zeitung e Stuttgarter Zeitung, o Grupo Europeu de Pesquisas sobre Meio Ambiente e Saúde no Setor de Transportes (EUGT), instituição que foi financiada pelas três montadoras, realizou uma pesquisa em solo americano, em 2014, que incluíia testes em humanos e macacos.

A notícia surge em uma discussão mais ampla sobre a utilização do diesel em grandes conglomerados urbanos. Em 2015, a Volkswagen já havia se envolvido em um escândalo batizado de “Dieselgate” que culminou, inclusive, na mudança de sua presidência, além de uma multa estimada em mais de US$ 4,3 bilhões.

O caso levou o governo alemão a se pronunciar condenando os testes em humanos e macacos e pediu esclarecimentos. O porta-voz do governo alemão disse que os casos “não são de forma alguma justificáveis em termos éticos e levantam questões críticas àqueles que estão por trás disso”.

Logo que o The New York Times publicou a matéria, na sexta-feira, a Daimler se posicionou afirmando estar chocada com a informação. “Condenamos fortemente os experimentos. Mesmo que a Daimler não tenha tido influência na elaboração do estudo, lançamos uma ampla investigação sobre o assunto.”

Já a Volkswagen anunciou, nesta terça-feira, 30, que suspendeu o chefe de relações públicas e prometeu que haverá consequências internas para quem permitiu os testes. “Thomas Steg foi afastado de suas responsabilidades até que sejam esclarecidos todos os detalhes sobre os acontecimentos”, afirmou a montadora em um comunicado. Por sua vez, a BMW afirmou que não participou do estudo mencionado e não realiza nenhuma experiência em animais.

Marcos Bedendo, sócio consultor na Brandwagon Consultoria de Branding e Inovação, afirma que o episódio vai prejudicar pouco as marcas, pois é um assunto muito específico e está relacionado a três montadoras, e não a uma marca em específico. “A grande quantidade de marcas envolvidas faz com que o impacto seja pulverizado, “livrando-as” individualmente de uma lembrança mais negativa. Resumindo, como a possibilidade de gerar lembrança e ligação direta com uma das marcas é menor, e pelo fato de elas poderem alegar ignorância sobre os detalhes, o assunto não deve prejudicar tanto as marcas”, diz Bedendo.

Bedendo relembra, no entanto, que uma das marcas, a VW, já esteve envolvida no chamado Dieselgate. “Foi, talvez, o fato mais nocivo a uma marca que eu tenha notícia, rivalizando com os casos de corrupção das empresas brasileiras (Odebrecht sendo a mais impactada),e da Enron e Worldcom. O dieselgate foi um projeto interno da VW, com alocação de recursos específicos e aprovação do board para burlar testes de emissão de gases, e mesmo assim, o impacto na marca VW foi pequeno – para minha surpresa!”

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