Marketing
Consumidores muçulmanos: a nova fronteira das marcas
Seguidores do islã devem gastar US$ 300 bilhões com viagens, até 2026, e US$ 300 bilhões em beleza, até 2021, segundo a consultoria de tendências WGSN
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Victória Navarro
8 de junho de 2018 - 8h43
Em 2020, os negócios verão o crescimento comercial alinhado com a economia social. Nesse cenário, marcas, varejistas e prestadores de serviço terão que trabalhar arduamente para compreender como podem ser relevantes para os valores e estilos de vida de consumidores de diferentes etnias e religiões. Alguns grupos que, atualmente, não têm grande representação nos negócios, em breve, serão os consumidores mais ativos — e eles optarão por marcas que adotam ações positivas mensuráveis em suas próprias comunidades.
A consultoria global de tendências WGSN, que analisou pesquisas qualitativas e quantitativas de mercado, chegou a conclusão que, até 2050, um quarto da população mundial será muçulmana, ou seja, 2,8 bilhões de pessoas. Até 2026, estima-se um gasto de US$ 300 bilhões com viagens por consumidores da religião islâmica. Além disso, até 2021, os muçulmanos devem aportar globalmente US$ 300 bilhões em beleza. Dentro desse universo populacional, temos a Geração M — os millennials muçulmanos.
Para Maria Kowalski, executiva de marketing Latam da WGSN, o aumento no número de muçulmanos acontecerá por conta da conversão religiosa e da realização de mais casamentos inter-raciais. “Empresas que investirem para atender a Geração M, principalmente nos segmentos de beleza, halal (alimentos e bebidas que os muçulmanos podem consumir), moda e hotelaria, devem ganhar mercado”, afirma Maria. Além disso, suas datas comemorativas como o Ramadã, quando é praticado o ritual de jejum, e o Eid al-Fitr, que marca o fim do jejum do Ramadã, podem ser altamente lucrativas para o mercado.
Segundo Shelina Janmohamed, autora do livro Generation M, essa geração provocará “uma mudança cultural por força econômica”. Com um gasto mundial de US$ 1,9 trilhão, a Geração M não pode ser mais ignorada, defende a autora na obra.
Algumas marcas globais já passaram a enxergar o potencial dos muçulmanos. A Nike, por exemplo, em 2017, lançou o Nike Pro Hijab, uma peça projetada para lidar com o desconforto e problemas de desempenho associados ao uso do hijab (vestimenta usada pelas muçulmanas para se cobrir) na prática de esportes. O mercado da moda muçulmana foi de US $ 230 bilhões em 2014, e o número deve dobrar para US$ 484 bilhões até 2019, segundo a WGSN. Empresas de fast-fashion como Uniqlo e H&M estão lançando produtos voltados para os muçulmanos à medida que avançam para mercados do sudeste asiático. Além disso, em 2016, a Dolce & Gabbana apresentou sua primeira coleção com abaya (roupa típica árabe) e hijab.
Também em 2016, CoverGirl, marca norte-americana de cosméticos, anunciou a blogueira de beleza muçulmana Nura Afia como sua primeira embaixadora com um hijab. Os cosméticos halal não podem conter álcool e quaisquer partes ou substâncias de animais, e devem atender rígidos padrões islâmicos. Indonésia e Índia, na Ásia, são os dois principais consumidores de cosméticos halal.
Já o mercado de viagens muçulmano deve chegar US$ 233 bilhões até 2020, o que representará 25% da indústria mundial de viagens, de acordo com a WGSN. A agência de viagens muçulmana Have Halal Will Travel tem trabalhado destinos de aventura e opções de viagens que oferecem refeições halal e possibilidades de oração.
Segundo a executiva de marketing da WGSN, é uma questão de tempo para que outras marcas comecem a perceber a importância da Geração M. “Enquanto as empresas de grande porte ainda não reagem a esse novo consumidor, as marcas menores e empreendedoras já estão começando a investir nele”, contou.
A empresa Dazzle Food da Malásia, por exemplo, tornou-se 100% halal em 2009. A fabricante vende chocolates especiais para cobertura e consumo e possui marcas como Mr. Coco e Marie Coco. A companhia afirma que a certificação ajudou a ampliar suas vendas entre 20% e 30% nos últimos três anos.
A tecnologia 5G também influenciará no engajamento do consumidor, por meio de experiências em realidade aumentada e virtual. O desejo de que as marcas invistam mais localmente e não apenas vendam seus produtos, por parte dos clientes, é uma realidade, já que as pessoas não se setem mais confiantes sobre os seus estados e governos. Segundo o WSGN, 2020 marcará o início da inteligência híbrida — humana e artificial.
Crédito da foto do topo: David McEachan/Pexels
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