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Por favor, Mickey, não seja um rato

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Por favor, Mickey, não seja um rato

O que será que acontece durante um passeio na Disney? Os dados sabem demais sobre mim


27 de outubro de 2015 - 12h33

Por Judann Pollack, do Advertising Age

Foi tudo muito fácil. Um balanceio, vou para a frente da fila. Outro balanceio, a porta se abre. Mais um e compro um cachorro quente. Tudo realmente pareceu mágico no Epcot Food & Wine Festival no mês passado. Com um simples agitar do meu pulso, o maravilho mundo da Disney se revelou diante de mim.

Minha Magic Band rosa customizada meu deu acesso ao quarto no resort da Disney World, ao Reino Mágico e outros parques, seus restaurantes e muito mais. Umas das desvantagens óbvias da pulseira é que você pode gastar muito mais dinheiro do que imagina (e aconteceu comigo), mas não fica claro que a Disney está te seguindo.

Não sei exatamente a quantidade de dados que a casa do Mickey Mouse registrou com as pulseiras – a empresa declinou de uma entrevista sobre o tema –, então não sei se todos os meus movimentos foram rastreados. No entanto, a pulseira revelou o suficiente sobre mim para eu desejar que o Mickey não seja um rato.

Ele sabe, por exemplo, quantas margueritas eu comprei no Laguna Bar – talvez até se os copos vieram com a borda salpicada de sal. Imagino que este último detalhe seria uma informação valiosa para um plano de saúde. Rato astuto!

Meu grupo de vigilantes do peso também ficaria muito interessado em saber quanto tempo levei de passeio em passeio, quantas vezes eu fui de monotrilho ao invés de ir a pé, o tamanho do hambúrguer que eu comi no Cosmic Ray’s Starlight Café, e quanta comida e vinho eu consumi no festival. O Departamento de Segurança Interna também pode estar disposto a pagar para saber quanto tempo passei em cada país no Epcot.

Fiquei muito perto dos fogos de artifícios? Eu tirei o sapato no castelo da Cinderella?

Ah, Mickey, minha vida está em suas mãos com luvas brancas. Como a pulseira é sincronizada com um aplicativo que permite reservar lugar na fila das atrações, você sabe exatamente quando eu cheguei a cada uma. Você sabe quantas vezes eu fui no Mr. Toad’s Wild Ride (este, é claro, é um exemplo ficcional, já que adultos não vão ao Mr. Toad).

Você provavelmente sabe a cadeira em que sentei para o show Country Bear Jamboree, o qual eu obviamente não vi; sabe que eu me acovardei na Space Mountain e sabe exatamente o momento em que tirei uma foto com o Pluto – claro, se eu tivesse tirado.

Alguém pode até supor a partir dos dados da pulseira quanto tempo eu dormi – ou pelo menos o quão tarde eu voltei do Laguna Bar para o meu quarto com uma marguerita para a viagem. Os chamados membros do elenco Disney sabiam meu nome e a data do meu aniversário graças à Magic Band (as pulseiras levam os funcionários a desejar feliz aniversário para as pessoas, o que me deu mais motivos para suspeitar das margueritas). Os dados na Disney mostram que o mundo é, afinal de contas, pequeno.

Apesar de toda a sua tecnologia, há uma coisa que o Mickey Mouse não sabe sobre mim: meu sobrenome. De alguma forma, ele aparecia correto em alguns lugares, mas vinha "Poltack" sempre que a Disney me enviava um email.

Tradução: Fernando Murad

 

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