Stella Brant: “o mercado está em momento de cautela, mas promissor”
Executiva compartilha sua visão sobre o mercado de startups, inovação e de negócios, de um modo geral, citando desafios e oportunidades
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Thaís Monteiro
9 de outubro de 2023 - 13h42
Após 21 anos de trabalho na Ambev, Stella Brant saiu da companhia para explorar o mercado de startups em 2017, quando foi para a 99, app de mobilidade. Em seguida, em 2020, a executiva assumiu o comando do marketing e se tornou sócia da foodtech LivUp. Já em 2022, Stella saiu do cenário das startups ao ingressar na Afya como vice-presidente de marketing e sustentabilidade, inaugurando uma nova categoria de negócios em sua carreira.
Na Afya, ela diz ter encontrado o melhor dos mundos ao unir tecnologia, educação e medicina com a construção de posicionamento com propósito no modelo de negócio. O intuito da empresa é acompanhar a jornada do cliente desde sua formação até a prática clínica. A Afya é dona dos produtos Afya Whitebook, Afya iClinic, Afya Papers, entre outros.
Nesse primeiro ano de atuação, a executiva fez parte do rebranding da marca, incluindo o nome em todos os produtos. Agora, as unidades de graduação, pós-graduação e especializações contam com a assinatura Afya. As instituições de ensino superior ganham o nome Afya Faculdade de Ciências Médicas. As unidades de educação continuada e saúde assinam como Afya Educação Médica e as healthtechs passam a se chamar Afya Whitebook, Afya iClinic e Afya Papers. Para o rebranding, foram consultados 200 médicos em diferentes momentos de carreira sobre os desafios da profissão.
Toda a mudança visa colocar a Afya como hub de educação e soluções digitais para médicos, acompanhando-os em todas as suas etapas. O time reviu a arquitetura e portfólio das mais de 20 marcas, consultou cerca de 200 médicos em diferentes estágios de carreira, trabalhou com um especialista em semiótica.
“Colocamos o médico no centro da narrativa e não falamos apenas sobre o nosso produto, estamos transformando a saúde em conjunto com os médicos ao integrar educação e soluções digitais, trazendo mais desenvolvimento, atualização, assertividade e produtividade, ajudando o médico a ter também mais equilíbrio para se dedicar aos seus pacientes e à própria vida”, explica Stella.
A campanha “Afya. Viva o melhor da medicina” comunica a mudança. Ela foi desenvolvida pela Lápis Raro.
Ao Meio & Mensagem, a executiva compartilhou sua visão sobre o mercado de startups, inovção e de negócios, de um modo geral, citando desafios e oportunidades.
Meio & Mensagem – Como você vê o atual cenário de inovação no Brasil e quais são as oportunidades que enxerga para startups no País?
Stella – O cenário atual de negócios é marcado pela rápida evolução, tendo a inovação como fator central para o sucesso. As companhias que buscam e investem nas tendências emergentes estão mais bem posicionadas e equipadas para enfrentar os desafios vividos atualmente pelo setor, assim como para aproveitar as oportunidades do mercado de forma acelerada. Evidentemente, no cenário pós-pandêmico diante da alta inflação, que está pressionando os custos das empresas e reduzindo o poder de compra dos consumidores, os investimentos desaceleraram. A taxa de juros, apesar das recentes quedas, ainda está alta, o que está tornando mais caro para as empresas financiarem suas operações. E, consequentemente, isso afeta toda a economia local. Apesar disso, vejo que as oportunidades no Brasil são promissoras, com um ecossistema de startups e um número crescente de investidores interessados em apoiar essas empresas, principalmente as que já atingiram o break even. Acredito que o País tem um grande potencial para inovação, com um mercado consumidor em expansão. Para termos uma retomada positiva, é necessário um conjunto de fatores, como a aceleração do acesso à tecnologia para lançamentos de produtos e serviços, o crescimento do empreendedorismo, e o apoio do governo e empresas em políticas e programas de inovação.
Recentemente, a Afya lançou o seu programa de CVC (Corporate Venture Capital) com o objetivo de, por meio de investimentos minoritários e priorizando startups em estágio inicial (seed) e em início de escala (série A), desenvolver oportunidades de transformação para a Afya em saúde e educação no médio e longo prazo, reduzindo o tempo de reação às mudanças do mercado e ampliando a visão em áreas de tecnologia emergentes, criando, assim, um diferencial competitivo. Essa iniciativa é importante, pois sabemos que para as startups, o venture capital corporativo representa uma oportunidade de investimento estratégico, que vai além do dinheiro.
M&M – Quais são os principais desafios que as startups enfrentam ao tentar inovar no Brasil? E como a Afya tem lidado com esses desafios?
Stella – Toda empresa, independentemente do estágio que se encontra, precisa ter uma estratégia e um modelo de negócio consistente, além de uma boa governança corporativa e uma importância para sua reputação e construção de marca. Isso vale para startups e grandes empresas. Alguns caminhos são essenciais para que uma startup prospere, como possuir capital de giro, proteger o caixa e captar recursos para validar e lançar um novo produto ou serviço no mercado. Além disso, precisa atuar na construção da reputação enquanto escalona o negócio e, ter uma equipe apaixonada pelo que fazem, inovadora, resiliente e com capacidade de adaptação rápida diante dos limitados recursos.
M&M – Na sua opinião, como está o ambiente de negócios para startups no Brasil atualmente? Como navegar pelo ambiente de negócios local?
Stella – Os investimentos e aportes em startups seguem como um desafio importante. Dados da Inside Venture Capital Report apontam que no primeiro trimestre de 2023, o capital levantado pelas startups no Brasil caiu 86% quando comparado a 2022. Outro relatório de mercado, da plataforma Distrito, aponta que os investimentos em startups caíram 49% no primeiro semestre de 2023, quando comparado ao último semestre de 2022. Do ponto de vista dos investidores, temos uma taxa de juros e uma inflação muito alta. Vejo que há receios ainda por conta da recessão. Do lado das startups, enxergo que o momento é de resiliência. Enquanto o mercado responde ao momento de instabilidade, com fuga de capital para fora do Brasil, os empreendedores encontram caminhos para sanar a dificuldade. Isso se traduz em se adequarem ao atual momento de receber investimentos mais conservadores e maior necessidade de eficiência operacional, com redução de custos, focar no produto ou no serviço, e segmentar um nicho de cada vez. Ou seja, não é mais a busca pelo crescimento a qualquer custo, mas sim com rentabilidade.
M&M – Observamos uma onda de demissões no início do ano em diversos setores. Qual balanço você faz do cenário atual, depois dessas demissões? Ainda há desafios a serem superados ou para lidar no cenário atual?
Stella – O mercado opera em ondas de maior ou menor demanda, em momentos com a necessidade de mais equipes alocadas e em outros atuando de forma mais enxuta. Cada empresa tem seu cenário, sua necessidade e conduta. Em um cenário econômico de captação de recursos mais conturbado, a necessidade de diminuir custos passa a ser até necessidade de sobrevivência do negócio. Vejo que o mercado está em um momento de cautela, mas ainda promissor. Os diversos grupos seguem avaliando oportunidades e estudando com cuidado grandes movimentos de contratação e aumento da operação. Para quem pensa em fazer este movimento, vale ter apetite para risco, grande capacidade de adaptação, analisar com profundidade o P&L da empresa, a situação do caixa e a proposta de valor, para maximizar as chances de estar em um negócio e escolha de vida promissores. Estou em um momento de felicidade e realização extremas profissionalmente e vejo o valor que boas escolhas tem.
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