Governo prepara plano para tentar atenuar tarifas de Trump
Plano de contingência inclui medidas aos setores mais afetados, entre linhas de crédito e garantia de empregos
O governo brasileiro está preparando um plano de contingência, semelhante ao visto durante a pandemia de Covid-19, para atender produtores brasileiros e tentar aliviar os efeitos da tarifa de 50% imposta pelo presidente Donald Trump, que entraram em vigor na última quarta-feira, 6.

Produtores de café estão entre mais afetados pelo tarifaço e que deverão estar inclusos nos planos do governo (Crédito: BRA_Stk/Shutterstock)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já está com o plano em mãos e a divulgação da aprovação, bem como as medidas propostas no documento, deverão ser anunciadas até a próxima terça-feira, 12, de acordo com o vice-presidente Geraldo Alckmin.
Informações obtidas por meio de interlocutores, e que foram publicadas pela imprensa, indicam que uma das propostas inclui a compra do excedente de produção que deveria ser importado aos EUA por parte dos governos estaduais. Alguns dos produtos incluem pescados e frutas, que não foram incluídos na lista de quase 700 itens isentos da tributação.
O plano também prevê linhas de crédito para o setor rural, sobretudo pecuaristas e os produtores de fruta e café. Informações divulgadas pela Exame indicam a criação de uma linha de financiamento de R$ 10 milhões, destinado à renegociação de dívidas. A primeira parte do valor deverá ser liberada ainda este ano, enquanto a outra metade apenas em 2026.
Outros segmentos afetados também terão auxílio governamental. É o caso do setor de calçados. Mais de 40% de todo o couro produzido no Brasil é destinado para a exportação. Dados da Associação Brasileira das Indústria de Calçados (Abicalçados) indicam que as tarifas dos EUA deverão impactar 80% dos produtores e podem causar danos irreversíveis às exportações.
Além de linhas de crédito, deverá haver flexibilização de contratos de trabalho e outras medidas para evitar demissões nas empresas envolvidas.
Outra questão que pode ser abordada no plano é a ampliação do programa Reintegra, que restitui parte dos impostos pagos pelas empresas exportadoras no País.
Na paralela, o governo segue com os esforços de negociação junto os EUA. Alckmin tem estabelecido conversas com os responsáveis pela embaixada norte-americana no Brasil. Assuntos que não envolvem as tarifas diretamente podem estar em pauta.
Entre eles está a regulamentação e operação das big techs no Brasil — uma das queixas de Trump — bem como a infraestrutura de datacenters no País, fundamentais para o avanço da inteligência artificial, um dos principais planos de fomento do republicano atualmente. A exploração das chamadas terras raras também podem entrar na jogada, uma vez que o território brasileiro abriga uma das maiores reservas de minerais usados na tecnologia de ponta para a produção de chips, por exemplo.