Diversidade e inclusão: do censo às metas
Camila Novaes, da Visa e Cintia Pessoa, da Publicis Brasil, explicam como equipes mais plurais contribuem para impulsionar os negócios
Camila Novaes, da Visa e Cintia Pessoa, da Publicis Brasil, explicam como equipes mais plurais contribuem para impulsionar os negócios
Amanda Schnaider
4 de outubro de 2022 - 12h29
Nos últimos anos o tema diversidade e inclusão tem sido uma das pautas das grandes corporações e agências de comunicação. Antes, porém, a discussão era muito sobre retenção desses talentos. Agora, a discussão evoluiu para como construir um ambiente seguro para que esses talentos possam desenvolver as suas habilidades.
No primeiro dia do Maximídia 2022, Cintia Pessoa, diretora de recursos humanos da Publicis Brasil, e Camila Novaes, diretora de marketing e líder do comitê de inclusão e diversidade da Visa, debateram a respeito de como construir esse ambiente e como as empresas podem ir do discurso para a prática na consolidação de uma cultura inclusiva.
Cintia enfatizou que criar esse ambiente seguro para os talentos diversos não é uma tarefa fácil. “Construir esse ambiente é uma jornada, não é de um dia pro outro, mas se o líder estiver atento a isso é sucesso garantido. Por isso a importância do diálogo, principalmente com o apoio dos recursos humanos”, completou.
O principal desafio das companhias, na visão de Camila, é unir todos os departamentos nessa construção. “Não podemos pensar como um bloco, departamento de recursos humanos olhando para pessoas, a área de negócios olhando para negócios. O nosso desafio, principalmente como profissional de marketing, é fazer essa junção”. Um exemplo disso, é o programa de bolsas criada pela Visa em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, com mentorias e aulas de inglês.
Desenvolver ações concretas e intencionais é fundamental para garantir esse ambiente seguro para os talentos, segundo a diretora de recursos humanos da Publicis Brasil. Neste sentido, a agência tem se movimentado. Em 2019, a empresa assinou o pacto do ministério Público do Trabalho se comprometendo com a inclusão de negros no mercado de trabalho.
A agência ainda criou o Plano UNA, que tem o objetivo qualificar os profissionais com o objetivo de evitar aquela desculpa de que eles não têm qualificação e por isso não estão em determinados cargos. “Empresa faz a parte dela para poder transformar esse profissional num profissional mais competitivo”, ressaltou Cintia. A agência ainda conta com o Entre, programa de capacitação, desenvolvimento e inclusão de mulheres em áreas criativas. Na sua quarta edição, em parceria com a Carreira Preta, o programa teve 615 inscrições para 30 vagas. “Elas entenderam o que é a vida real de uma agência de publicidade. Tiramos um pouco desse olhar assistencialista para entender qual é esse potencial criativo que essas mulheres têm. Elas surpreenderam demais”, afirmou a diretora da RH da Publicis.
A Visa também tem tomado medidas efetivas e intencionais para aumentar essa diversidade e inclusão dentro da companhia. “Não dá para ficar sentado de um lugar olhando para um problema tentando achar a solução para aquilo. Temos que conectar”, pontou Camila. Segundo ela, para se posicionar a respeito desse tema é preciso desenhar um programa, muitas vezes.
Um exemplo de ação efetiva da Visa é o seu programa de estágio exclusivo para estudantes de graduação negros, que faz parte do Visa Black Employees (ViBE – Comitê de Inclusão e Diversidade). Foram mais de 800 inscrições para oito posições. “Tem muitas questões e dores que eles trazem que eu já vivenciei e eu vou explicando como prosseguir. É importante ter essa troca e esse ambiente para falar sobre isso. Entrar nesses assuntos, desmistificar, falar sobre isso e olhar sob uma perspectiva crítica faz parte desse processo”, enfatizou Camila.
Para atingir resultados concretos no tema de diversidade e inclusão é importante começar pelo censo interno da sua empresa, de acordo com Cintia, da Publicis. “Começar pelo censo é fundamental para entender onde você está. Não só olhar para o quadro geral, mas quebrar por áreas, cargos”, complementa. “Começa pelo censo para depois estabelecer as suas metas”.
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