Assinar

Adtechs intensificam iniciativas de transparência no digital

Buscar

Adtechs intensificam iniciativas de transparência no digital

Buscar
Publicidade
Mídia

Adtechs intensificam iniciativas de transparência no digital

Players como MediaMath, Teads, Network Media e Criteo criam novos modelos de combate à fraude e de precificação de mídia online


9 de agosto de 2019 - 7h31

O mercado global de publicidade digital deve movimentar US$ 250 bilhões em 2019, segundo a consultoria eMarketer. Com mais investimentos, porém, também se intensificam problemas como o tráfego fraudulento, questões relacionadas à segurança de marca e dados inflados sobre a entrega de campanhas. Diante disso, ad techs têm reforçado o discurso e práticas relacionadas à transparência na entrega de anúncios online. Nas últimas semanas, diversos players anunciaram iniciativas nessa direção.

A Teads, plataforma global de mídia, anunciou uma nova função capaz de mensurar o tempo de exposição do usuário a campanhas exibidas em sites de publishers, novidade oferecida em parceria com a Oracle Moat. A ideia é oferecer 100% em viewability, ou seja: o anunciante determina o tempo de visualização que espera para uma peça, e então só paga pelos anúncios que foram vistos durante o tempo mínimo determinado. As impressões que não alcançam a meta selecionada, então, são oferecidas como mídia gratuita.“Cada segundo de exposição do usuário a uma campanha gera impacto na intenção de compra ou em branding, e por isso o tempo de consumo do vídeo é importante. Com ferramentas integradas que auditam viewability, temos uma granularidade muito maior de verificação”, afirma Fabricio Proti, managing director da Teads.

A ad network brasileira Network Media, por sua vez, anunciou um novo recurso que permite aos operadores de mídia acompanhar em tempo real o desempenho de todos os players envolvidos na entrega de uma campanha — como ad exchanges, ad networks e DSPs.

Viu ou não viu: eis a questão
De forma geral, porém, não há consenso sobre o conceito de “view” de campanhas em páginas desktop ou mobile no mercado, o que dificulta a consolidação de boas práticas em mídia programática e segmentação digital, na avaliação de Paulo Beltrão, CEO da Network Media. “Uma plataforma pode forçar a reprodução de uma campanha em uma página, sem o comando do usuário, ou embedar um vídeo bem pequeno em baixo da página, fora de seu campo de visão. Ainda assim, essa reprodução muitas vezes é contabilizada como uma visualização”, pondera, defendendo a auditoria externa de todo o contexto de entrega de campanhas online.

Diante de dados inflados, agências e marcas correm o risco de montar estratégias de mídia online com base em informações e expectativas de audiência irreais.

De acordo com as recomendações do Interactive Advertising Bureau (IAB), porém, para alcançar os padrões mínimos de viewability, uma peça display precisa ser carregada em 50% (em pixels) e ser exibida por no mínimo um segundo. Já para vídeos, o tempo de exibição contínuo deve ser de no mínimo dois segundos.

A transparência de dados de audiência online também está ligada ao conceito de internet aberta, que norteia o novo posicionamento da Criteo. A empresa nasceu com foco em retargeting e hoje investe em uma plataforma de marketing de funil mais completo. Segundo Maiby Gignon, diretora da Criteo para parcerias com publishers na América Latina, a transparência é a única forma de amenizar conflitos de interesse na indústria.“Anunciantes costumam considerar o Google e Facebook como bons investimentos, pois tratam-se de soluções de grande alcance em um momento em que a competição pela atenção dos consumidores é acirrada. O problema é que, nestas plataformas, clientes não conseguem avaliar seus resultados de forma independente ou testar a validade de suas análises, pois elas restringem o uso de soluções de terceiros para mensuração”, pontua a diretora. Cerca de 60% da verba digital global de anunciantes é destinada a publicidade em propriedades do Google e Facebook.

De olho nos bots
De acordo com um estudo da empresa israelense Cheq, 20% do investimento anual em publicidade digital global é perdido devido ao tráfego fraudulento, ou seja, quando anunciantes pagam por falsos cliques e visualizações advindos de bots, que simulam o comportamento do usuário humano. Essas impressões fraudulentas inflam o valor da mídia digital e diminuem a eficácia das campanhas. Segundo a Cheq, anunciantes desperdiçam cerca de US$ 50 bilhões anualmente por conta desse fenômeno.

Para tentar combater o tráfego artificial, empresas de mídia online têm adotado ferramentas para bloquear o direcionamento de anúncios a sites com audiência induzida por bots (sophisticated invalid traffic, segundo o termo técnico). A MediaMath, por exemplo, anunciou no mês passado duas parcerias, uma com a White Ops e outra com o Rubicon Project. A primeira vai ajudar a empresa a avaliar todas as impressões de sua base global para identificar fraudes, enquanto a segunda visa visa oferecer um inventário visível e seguro para marcas.

“No geral, falhas no supply chain comprometem a capacidade de alcançar o público certo, no momento certo com o conteúdo certo, que é a premissa central da mídia programática”, afirma Alexandre Morais, VP de Parcerias da MediaMath no Brasil. Do lado dos anunciantes, grupos como Unilever e P&G vem cobrando mais transparência de seus parceiros, agências e equipes in-house, justamente para combater desperdícios nessa cadeia. “A cobrança aumentou muito. Antes, os clientes ficavam encantados pelas ferramentas em si, e hoje já começam a exigir mais dos fornecedores”, avalia Paulo, da Media Network.

Já quando o assunto é a prevenção de fraudes na venda do inventário de publishers, o formato “ads.txt”, criado pelo IAB, também ajuda a garantir que a transação seja feita apenas por vendedores autorizados.

Marketing preditivo
Por fim, tecnologias como blockchain e machine learning devem alterar substancialmente as dinâmicas de publicidade digital a longo prazo, uma vez que favorecem a criptografia das transações de ponta a ponta e conexões diretas entre compradores e vendedores de espaço publicitário no digital.

“O marketing preditivo é uma das áreas que mais se beneficiarão dessas inovações, impulsionando a análise do cliente e facilitando a previsão do comportamento de um usuário, em vez de focar em seus comportamentos passados”, afirma Alexandre, da MediaMath.

Publicidade

Compartilhe

Veja também