Assinar

Fernando Grostein vai do YouTube ao mercado internacional

Buscar

Fernando Grostein vai do YouTube ao mercado internacional

Buscar
Publicidade
Mídia

Fernando Grostein vai do YouTube ao mercado internacional

Cineasta, produtor e sócio da Spray fala sobre braço da produtora inaugurado nos EUA e de seus projetos em diferentes plataformas


16 de abril de 2019 - 6h00

Fernando Grostein Andrade. Foto: Divulgação

Produzir conteúdo em língua inglesa e capaz de viajar por diferentes mercados. Este é o plano do cineasta brasileiro Fernando Grostein Andrade, sócio-diretor da produtora Spray. Diretor do filme Quebrando o Tabu, que virou uma série homônima do GNT, premiada pelo New York Festival na semana passada, Grostein está expandindo a atuação da Spray para os Estados Unidos. A produtora acaba de inaugurar uma operação em Los Angeles com o objetivo de desenvolver produções internacionais para TV, cinema, publicidade e internet.

Com o novo braço americano, a perspectiva é intensificar as coproduções internacionais e ampliar o alcance das produções brasileiras da Spray. Ao Meio & Mensagem, Fernando falou sobre como é trabalhar com audiovisual no Brasil e nos Estados Unidos.  “A indústria americana tem muita escala e uma quantidade muito grande de players, enquanto a brasileira é mais concentrada”, disse. Seu filme mais recente, Abe, estreou em janeiro no Festival de Sundance, estrelando o cantor e ator Seu Jorge e Noah Schnapp, astro-mirim de Stranger Things.

Grostein também comentou sobre a sua experiência como youtuber — ele mantém desde 2017 um canal onde compartilha bastidores de suas produções — e como representante brasileiro de um programa para jovens líderes globais do Fórum Econômico Mundial. Confira a entrevista a seguir:

Meio & Mensagem – Como foi a preparação da Spray para a abertura da operação nos Estados Unidos?
Fernando Grostein – A internacionalização da Spray é um projeto que já vem de anos e agora deu mais um passo. Começou com a nossa sociedade com Richard Branson para a versão e lançamento internacional do filme Quebrando o Tabu, com narração do Morgan Freeman, lançamento no Google de Londres e Nova Iorque e que resultou na venda do filme para 22 países. O passo seguinte foi a realização de Abe, um filme brasileiro tipo exportação, feito para falar com todo mundo — e não só o Brasil. Por isso, o filme foi rodado em inglês e em Nova York, com estrelas americanas de séries como Stranger Things, Breaking Bad, Succession, entre outros. O filme teve boa recepção no Festival de Sundance e então surgiram muitos convites de trabalhos, agenciamentos e representação. Estava na hora de dar este passo e colocar um pedaço do Brasil dentro de Los Angeles.

Acredita que há muita diferença entre as dinâmicas de produção e financiamento audiovisual no Brasil e nos Estados Unidos? Quais são os desafios de trabalhar com audiovisual em cada país, na sua opinião?
As indústrias são bastante distintas. A americana tem muita escala, uma quantidade muito grande de players tanto no cinema como na televisão e streaming, e conta com sistema de incentivo fiscal bastante eficiente. A indústria brasileira é mais concentrada, com menos players e uma estrutura de incentivo fiscal complexa onde é possível levar anos para financiar um projeto. O mercado americano fala com o mundo todo, o brasileiro, por conta da língua, encontra mais barreiras na hora de viajar.

Em quais formatos de conteúdo e distribuição pretendem investir?
Inicialmente a operação está voltada para o entretenimento em língua inglesa, seja cinema, TV ou produções para Internet. Os próximos passos são expandir o trabalho para a publicidade e canais proprietários em inglês, a exemplo da Spray Brasil que incubou o Desimpedidos, maior canal de futebol do YouTube no mundo, e o Quebrando o Tabu, maior canal sobre direitos humanos no Facebook Brasileiro.

Você acabou de ser premiado no New York Festival pela série Quebrando o Tabu, que terá uma segunda temporada. Como tem sido o processo de pesquisa e produção da nova temporada?
Nossa missão é contribuir para fertilizar os debates no Brasil em temas desafiadores que têm impacto direto na nossa sociedade. Não podemos mais ficar perdendo tempo em discussões e brigas no Facebook com a profundidade de um pires. Precisamos contribuir para qualificar o público para exercer suas posições de forma mais consistente e racional.

Você também tem o canal no YouTube, onde fala sobre os bastidores de suas produções. De que forma o canal complementa o seu trabalho como produtor e diretor?
Estar no YouTube é um aprendizado constante. Desde a fundação da Spray, sempre acreditei em contrabandear conteúdos e aprendizados da publicidade para o cinema e para a internet, e vice-versa. Esta polinização cruzada é a nossa cara e o que fazemos de melhor. Assumir o risco de estar de frente à câmera foi mais um passo nesta direção. Fazer uma coluna na Veja e um blog na Folha de S.Paulo também. Sou inquieto e não gosto de engavetar projetos e me acomodar.

Como tem sido sua experiência no programa “Jovens Líderes Globais”, do Fórum Econômico Mundial?
É uma imensa honra estar ao lado de presidentes de vários países, CEOs, pensadores, ativistas e tanta gente fascinante. Na rede, temos desde de o Presidente do Citibank, a primeira-ministra da Nova Zelândia e o co-fundador do Lyft. São pessoas geniais com projetos nas questões mais urgentes da nossa sociedade, como água, aquecimento global, tecnologia e economia. Estar nesta rede é uma oportunidade imensa não só para mim, mas para a Spray em poder colaborar com tantas questões urgentes e desafiadoras. Não há uma reunião ou interação do programa em que não saio com a sensação de que aprendi muito.

Publicidade

Compartilhe

Veja também