O que representa a divulgação de números de audiência da Netflix?
Plataforma revelou alguns dados relativos a conteúdos originais, movimento que indica maior transparência por parte de serviços de streaming
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Karina Balan Julio
24 de janeiro de 2019 - 10h00
Bird Box já atingiu a mais de 80 milhões de domicílios, segundo a Netflix. Foto: Reprodução
Na semana passada, a Netflix divulgou resultados relativos ao último trimestre de 2018. Em seu relatório, além de frisar o volume de 130 milhões de usuários globalmente, a empresa divulgou números sobre a audiência de suas séries e filmes originais. Bom, pelo menos alguns deles. O filme “Bird Box” já teria atingido a mais de 80 milhões de domicílios, enquanto as séries “Você” e “Sex Education” teriam chegado a 40 milhões de domicílios logo nas primeiras quatro semanas de exibição. A companhia também afirmou ser responsável por 10% do tempo gasto em telas de TV nos Estados Unidos.
Em um ano que promete ser promissor para o mercado de streaming de vídeo, com lançamentos de novos serviços VOD vindos da Apple, Disney e Warner, a divulgação de dados pela Netflix traz à tona uma questão que ganhará destaque neste mercado: as métricas de audiência para séries e filmes no VOD.
A divulgação de dados pela Netflix representa um primeiro passo para que plataformas de streaming saiam da caixa preta, já que a maioria delas não divulga números de audiência sobre produtos originais ou conteúdos de terceiros que exibem.
O movimento da Netflix, neste momento, provavelmente tem mais a ver com a vontade de mostrar potência a investidores diante da iminência de novos concorrentes, segundo a avaliação de Mauro Garcia, presidente da Brasil Audiovisual Independente (Bravi). “A Netflix está fazendo um apontamento das preferências do espectador e mostrando os resultados dos conteúdos nos quais ela fez uma grande aposta”, avalia.
Se a prática de divulgar resultados de audiência “pegar” entre os serviços VOD, a maior transparência tende a abastecer a cadeia audiovisual com insumos criativos. Assim como a bilheteria de cinema e pontos de audiência na TV, os dados de plataformas de streaming podem indicar o tipo de conteúdo que está agradando a audiência para além de suas estratégias internas.
“A Netflix já usa seus dados para produzir mais conteúdo, e estes dados seriam interessantes também para os produtores de conteúdo que querem produzir para plataformas. Seria interessante que divulgassem não só a quantidade de espectadores, mas o perfil deles e como eles assistem às séries. O VOD é um laboratório de ideias muito diferente da TV, que têm padrões mais rígidos. Seria preciso considerar a taxa de abandono e o binge watching”, pondera Mauro.
A Netflix define uma visualização como uma conta na qual o usuário assistiu a pelo menos 70% de um filme ou a 70% de um episódio único. No relatório, a empresa também enfatizou a audiência de produções regionais de sucesso. A série espanhola “Elite” teria chegado a 20 milhões de domicílios no primeiro mês de exibição. “Bodyguard”, do Reino Unido; “The Protector”, da Turquia; e “Baby”, da Itália, teriam atingido a 10 milhões domicílios nas primeiras quatro semanas de exibição.
Abertura de dados e a regulamentação do VOD
A transparência na forma como serviços de streaming contabilizam seus dados, assim como o compartilhamento mais amplo de informações, estão no escopo da proposta que circula na Agência Nacional de Cinema (Ancine) sobre a regulamentação do VOD. “Quando houver a regulamentação, os dados terão que ser revelados para acompanhamento de mercado e para a análise dos órgãos reguladores”, finaliza o presidente da Bravi.
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