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Opinião

Vozes femininas na tecnologia: o que líderes mulheres apresentaram no MWC

No maior evento de conectividade do mundo, 45% dos palestrantes foram mulheres, liderando discussões sobre os tópicos mais relevantes do mercado tech, desde o futuro da AI até o avanço do 6G, o metaverso e a internet industrial


1 de março de 2024 - 16h13

Questionar o “Nosso DNA Digital” foi um dos objetivos do MWC 2024, evento que deu espaço a discussões sobre a importância da diversidade na tecnologia, promovendo insights relevantes sobre inclusão de grupos pouco representados e sobre os desafios que ainda enfrentamos quanto à diversidade no setor tecnológico. Com dados desanimadores a cerca do percentual feminino em cargos de liderança em tech no ano de 2023, encontrar um evento com um número significativo de palestrantes mulheres compartilhando seus trabalhos em áreas de vanguarda na conectividade foi uma boa surpresa.

Assim como o evento em geral, que abordou várias frentes da conectividade, as palestrantes mulheres do MWC lideraram apresentações de temas diversos e alta relevância, passando pela IA, destaque desse ano, até temas como gestão do espectro para o 6G – apresentado pela Diretora de Espectro e Padronização da Nokia, Eiman Mohyeldin – o metaverso e computação espacial para a indústria, a conectividade fixa de alta velocidade para empresas e comunidades e a internet industrial.

Sendo a primeira palestrante feminina a subir no palco principal do MWC, a CEO Margherita Della Valle, chamou a internet industrial de o próximo capítulo das telcos, destacando que, como o 4G desbloqueou uma nova era de consumo móvel para o público geral, as novas tecnologias de rede e os avanços em redes inteligentes devem fazer o mesmo para o setor industrial, possibilitando desde maior produtividade e segurança as fábricas até melhorias nos sistemas de saúde. A chave para isso, segundo Margherita, está na parceria. Assim, para esse próximo capítulo todos os players do setor de telecomunicações devem estar abertos a colaboração com foco em inovação e abdicar do pensamento atual de que telcos conseguem fazer tudo sozinhas.

Outro tema em alta apresentado por palestrantes mulheres foi o da realidade estendida (XR) – ou metaverso, ou computação espacial, como quiser chamar. Leslie Shannon, Diretora de Pesquisa de Tendencias e Inovação na Nokia, comentou sobre o impacto financeiro que podemos esperar no mercado proveniente de tecnologias de XR, esse deve partir de 55 bilhões de dólares em 2023 para 490 bilhões em 2030. Para ela, a fase do hype do metaverso passou, mas deu lugar a uma investida em busca das reais aplicações dessa tecnologia, que reside principalmente nas aplicações industriais, em concordância com a internet industrial. Hoje, portanto, estamos mais próximos de atingir uma adoção em maior escala de tecnologias de XR.

Sobre o tópico mais comentado do evento e da atualidade, a IA, Liliac Ilan, diretora de desenvolvimento de negócios da NVIDIA, comentou – em um painel junto a outras empresas do setor, como a Nokia – a respeito futuro dessa tecnologia, principalmente quando tratamos de conectividade. Podemos esperar redes cada vez mais inteligentes, com os esforços da indústria focados em AI-RAN, veremos que a IA deve exercer funcionalidades ligadas a gestão de banda e organização do espectro, por exemplo, isso apenas para começar, a longo prazo podemos esperar serviços ainda mais inteligentes como redes que suportem a comunicação direta entre modelos de IA distintos, que poderão por si só otimizar decisões de latência e slicing.

Ainda sobre inteligência artificial, o tema de responsabilidade social que rodeia esse assunto também foi um tópico abordado por palestrantes no MWC. Iris Meijer, Chief Product & Marketing Officer na Verizon Business, ressaltou a importância da diversidade e da representação na ciência de dados e a urgência dessa diversidade agora que a IA generativa passa a alcançar um público maior, advogando por um uso consciente e responsável da tecnologia.

Ver líderes mulheres à frente de importantes discussões no cenário tecnológico é um sinal de que estamos, ainda que lentamente, caminhando na direção certa. Quando falamos em avanços e transformações, principalmente dentro da área de tecnologia, a palavra ‘futuro’ tende a estar incrivelmente presente. Em um setor que lidamos com revoluções, é imprescindível que essas não fiquem restritas somente a avanços técnicos, de soluções, plataformas e equipamentos, mas que reflitam também em como nos organizamos socialmente – uma área que constrói o futuro precisa necessariamente prezar para que ele seja diverso e inclusivo.

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