A pergunta do momento e o trabalho com alma
Será que as ferramentas de IA vão, um dia, nos substituir, no trabalho e na nossa existência?
Será que as ferramentas de IA vão, um dia, nos substituir, no trabalho e na nossa existência?
Nas últimas semanas, a pergunta que eu mais ouvi no ar foi: será que a inteligência artificial vai roubar o meu emprego? O interesse em IA só cresce desde que foram lançadas novas ferramentas. É ChatGPT, Midjourney, Lensa, Optimus e por aí vai. Em meio a todo o alvoroço e curiosidade, claro que vem a reflexão e, junto com ela, a preocupação: afinal para onde vamos, e como vamos?! Será que essas ferramentas vão, um dia, nos substituir, no trabalho e na nossa existência? Na busca por uma resposta, comecei pelo próprio ChatGPT, que me respondeu:
“Como uma máquina de inteligência artificial, eu não tenho a capacidade de substituir completamente os seres humanos. Embora eu possa realizar muitas tarefas com precisão e rapidez, não posso substituir a capacidade humana de criar conexões emocionais, tomar decisões com base em experiências pessoais e habilidades interpessoais, como empatia e compaixão. Além disso, eu sou uma ferramenta criada para ajudar as pessoas, e meu objetivo é trabalhar em colaboração com elas para tornar as coisas mais eficientes e eficazes, não para substituí-las”.
Dá para confiar nessa resposta? É, o desconhecido pode ser apavorante. Será que podemos, então, olhar para trás na busca de algo conhecido que nos ajude a projetar o que pode acontecer lá na frente? Fui resgatar o histórico de todas as revoluções que vivemos, como a Revolução Industrial. Consegui imaginar as tensões do dia a dia daquela sociedade. Não deve ter sido fácil trocar o taylor-made pelo ready-to-wear, o artesanal pelo industrializado, o familiar pelo misterioso. Mas, hoje, nos sentamos do outro lado da história, e já vivemos muitos benefícios dessa transição. Com isso, sabemos que aquelas eram portas para novas e melhores oportunidades.
Essas oportunidades vão muito além da obviedade do fato de essa tecnologia facilitar o nosso dia a dia. São oportunidades que acontecem quando honramos o uso dessas funções não apenas para entrarmos no piloto automático, mas – ao contrário – para evoluirmos, elevarmos a nossa própria barra, e, então sim, darmos nós, seres humanos, um próximo passo para nossa humanidade. Como se nosso maior trunfo fosse, então, usar essas ferramentas para nos liberar tempo e espaço mental para conseguirmos ter novas linhas de raciocínio que nos levem a evoluir.
A base de muitas dessas inteligências é o acervo do que foi realizado, enquanto nosso próximo passo é conseguir olhar esse passado de forma mais distinta e clara, para, assim, nos provocarmos a pensar no que pode ser diferente no futuro. É aí que entra o papel da nossa alma, e que a expressão “colocar a alma” faz mais sentido do que nunca, pois é ela que fará a diferença entre sermos ultrapassados ou ainda mais valorizados.
Para mim, esse é o ponto-chave dessa discussão. Trabalhar com alma significa fazer o trabalho com a cabeça e o coração. É achar aquilo que gostamos de fazer e nos dedicarmos para fazê-lo como ninguém. Não falo aqui de perfeccionismo, mas de sermos o melhor que podermos ser. E, quando damos nosso melhor, normalmente os resultados vêm como consequência.
No trabalho, os profissionais que colocam a alma no que fazem serão muito mais valorizados, enquanto quem adere ao piloto automático poderá, sim, ficar obsoleto. Não podemos nos acomodar com o pensamento de que o trabalho já está feito pela inteligência artificial – precisamos nos desafiar a ir além.
Talvez um dia essas tecnologias evoluam tanto ao ponto de também terem uma identidade. Talvez não. Isso é algo que não podemos controlar, mas independentemente do que aconteça, teremos que continuar multiplicando a nossa potência e encontrando o que de mais único existe em nós para seguirmos contribuindo com o mundo ao nosso redor.
Hoje, as ferramentas nos ajudam a ver as melhores coisas já feitas, mas ainda não o melhor que podem ser. Eu vejo o movimento que estamos vivendo como um convite para desconstruir o medo e construir a coragem de ver adiante, sair da zona de conforto e do automático, para buscarmos a sempre inédita melhor versão de nós mesmos. Quem diria que, afinal, uma inteligência artificial poderia nos ajudar a achar ainda mais da nossa humanidade?
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