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Opinião

A telona que é uma plataforma de tendências

O cinema é um dos únicos ambientes de atenção exclusiva das pessoas, o que é cada vez mais raro nesses tempos de comunicação à palma das mãos


5 de abril de 2018 - 20h58

(Crédito: reprodução)

Com mais de 120 anos de existência, o cinema ainda é o principal lançador de tendências e de movimentos internacionais. Ele é força motriz para discussões importantes do avanço da humanidade. Assistir um filme em cinema é uma das formas de lazer mais democráticas que existe, pois abrange todas as idades, gostos e gêneros, pode ser em família, com amigos, um programa romântico ou mesmo em um momento solitário. Basta escolher a produção que se quer ver e o cinema se torna programa certeiro para as pessoas que querem diversão.

O Oscar, cerimônia que há 90 anos premia o melhor da produção cinematográfica, continua sendo um dos eventos mais glamorosos e vistos em todo o planeta. Com a audiência ampliada com a exibição em streaming, os comentários sobre o que acontece ali e reverberam nas redes sociais tem tido força cada vez maior. A cerimônia por si só é vista há décadas ao vivo em todo o mundo de maneira simultânea, o que pode ser interpretado como um dos prenúncios da comunicação globalizada em tempo real, com a qual não se vive atualmente. E a festa do Oscar tem sido palco de ações ou atitudes que reverberam nas redes sociais com força cada vez maior, o que atesta a percepção de que o cinema é uma plataforma para tendências da sociedade e do comportamento.

É nesse evento movido pela indústria do cinema e que reúne arte e glamour, que nascem protestos de grande relevância e que, de alguma forma, fazem com que as pessoas apoiem causas. Pudemos ver isso com o discurso de Frances McDormand, que em seu agradecimento pelo Oscar de Melhor Atriz em “Três Anúncios Para Um Crime”, abordou a inclusão das mulheres na indústria cinematográfica e pediu para que todas as indicadas a qualquer categoria se levantassem para mostrar sua presença no prêmio, bem como as demais que tinham projetos que precisam de financiamento. Outro exemplo de como a trajetória do cinema é permeada por engajamento foi o protesto contra o assédio, com mulheres vestindo negro na cerimônia de premiação do Globo de Ouro, que teve imensa repercussão e viralizou nas redes.

Os conteúdos disponíveis no cinema são variados, para todas as idades e classes sociais. Vimos nascer o fenômeno “Extraordinário”, que emocionou famílias pela lição de vida e a luta contra o preconceito. E “Pantera Negra”, que até então era um herói quase desconhecido do grande público e, transportado ao cinema, já é a maior bilheteria do ano. Esse filme, que conta com elenco de atores negros – rompendo vários paradigmas da indústria cinematográfica –, é um dos mais fortes acontecimentos dos anos recentes a chamar a nossa atenção para a história do racismo.

Inúmeros grandes personagens foram retratados pelo cinema ao longo de sua história, mas especialmente nos últimos três anos eles tem nos mostrado de maneira tão clara a força do empoderamento feminino, movimento que já faz parte de nosso presente e que vai ganhar cada vez mais força no futuro. Em 2017, por exemplo, tivemos nas telonas a Mulher Maravilha, ícone da luta feminina e da não dependência; a Moana – primeira princesa Disney que não teve par romântico; Star Wars e sua Rey, protagonista do filme pela primeira vez; as Estrelas Além do Tempo, que mostra uma equipe de cientistas da NASA formada exclusivamente por mulheres afro-americanas; além da vila das smurfettes em “Smurfs a Vila Perdida”. Esses são alguns exemplos de que o cinema pode ser visto como muito mais do que simples entretenimento. É reflexão, é tendência, é revisão de valores que pode contagiar as pessoas com bons exemplos.

E o cinema, além de tudo, é um dos únicos ambientes de atenção exclusiva das pessoas, o que é cada vez mais raro nesses tempos de comunicação à palma das mãos. Quem está no cinema não se divide entre diferentes telas, não espia as redes sociais nos smartphones ou sequer conversa com sua companhia sentada ao lado enquanto o filme está passando. Porque é um lugar de histórias, de sonhos, de emoções e envolvimento total dos espectadores, como nenhuma outra mídia.

 Não existe outro lugar tão completo em imagem, cor, som, movimento, qualidade, grandiosidade, segmentação e proximidade com o consumidor como o cinema. Que outro meio reúne todas essas características e condições favoráveis para associação de uma marca? Tenho certeza de que Lumiére ficaria muito orgulhoso do que seu filho mais famoso fez e continuará fazendo na vida das pessoas.

 

*Créditos da imagem no topo: iStock

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