“Black Friday não é só sobre ‘promoção’ — é sobre entretenimento”
Na economia da atenção, a Black Friday revela um varejo que transforma a compra em experiência contínua
A Black Friday deixou de ser um exercício de disputa por preços. Hoje, ela acontece dentro da lógica da economia da atenção, um ambiente em que capturar interesse, sustentar estímulos e manter o consumidor presente tornou-se tão estratégico quanto o próprio desconto. Nesse contexto, o varejo opera cada vez mais próximo do shoppertainment, a convergência entre compra, descoberta e entretenimento.
Esse movimento não nasce por acaso, o brasileiro já consolidou o digital como parte do seu ritual de consumo. Segundo projeções da ABIACOM, o e-commerce deve crescer cerca de 10% em 2025 e, junto com esse crescimento, vem a transformação do comportamento. O consumidor não abre mais um aplicativo apenas para resolver algo, ele chega movido por curiosidade, pela busca de inspiração, pelo simples prazer de explorar, ser surpreendido, se divertir e ver o que existe de novo naquele dia. É justamente esse hábito de “dar uma olhada” que transforma a Black Friday de um evento de compra planejada em um momento de interação contínua.
A jornada se alonga, a comparação se intensifica, o conteúdo passa a ser parte do processo decisório. Navegar sem pressa, compartilhar achados, voltar mais tarde: tudo isso transforma o período em uma experiência, e não apenas em uma transação.
Isso fica ainda mais evidente quando olhamos o que está acontecendo globalmente: A previsão é de que mais de 2,7 bilhões de pessoas comprem online até o fim de 2025. Isso significa milhões de jornadas acontecendo simultaneamente, todas atravessadas por conteúdo, social commerce e formatos interativos que transformam a compra em um ato social e não apenas funcional.
E aqui está a reflexão central: a Black Friday, apesar de gigante, é apenas o showroom de tudo isso. Ela escancara o comportamento que já se repete em datas comemorativas como Dia das Mães, Dia dos Namorados e Natal Na verdade, o consumidor que espera ser entretido em novembro, espera ser entretido todos os dias.
Na economia da atenção, a pergunta não é mais “como vender mais?”, mas sim “como gerar valor sempre?”. Porque, quando a experiência é bem construída, a compra deixa de ser o final da jornada e passa a ser apenas uma consequência natural de um relacionamento que começou muito antes e que continua depois.