Carreiras são imperfeitas, mas servem para nos aperfeiçoar

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Opinião

Carreiras são imperfeitas, mas servem para nos aperfeiçoar

Qualquer jornada, inclusive a profissional, é repleta de desafios, revezes e, mais importante, oportunidades de crescimento, que acontecem justamente a partir dessas nuances


25 de setembro de 2023 - 14h00

Desde os anos 90, com Carrie Bradshaw, de Sex and the City, uma jornalista bem-sucedida que vive no glamour de looks de grife no coração de Manhattan, até 2020, com Emily Cooper, de Emily em Paris, um prodígio do marketing que se muda dos Estados Unidos para a França por causa do emprego dos sonhos, a cultura cinematográfica frequentemente nos apresenta um roteiro romantizado da vida – inclusive profissional. Esse enredo tem seu papel lúdico, envolvente e divertido, capaz de inspirar visões de futuro e alimentar sonhos. Não há problema algum com isso. O problema acontece quando criamos a expectativa de que isso seja o significado de uma carreira.

Carrie e Emily, personagens criadas pelo mesmo autor, representam vidas de sucesso profissional, independência e realização. Mas a verdade é que a vida não funciona apenas, ou o tempo todo, dessa maneira, e as carreiras também não seguem um roteiro pré-determinado. Qualquer jornada, inclusive a profissional, é repleta de desafios, revezes e, mais importante, oportunidades de crescimento, que acontecem justamente a partir dessas nuances.

Quando escolhi minha profissão antes dos meus 20 anos, também me atraía a ideia (superficial) de, ao vestir um terninho e salto alto, estar pronta para entrar no mundo executivo e, então, embarcar em uma sequência ininterrupta de sucessos até chegar ao “topo”. Mas não demorou muito para que eu descobrisse um universo muito mais complexo e profundo (e muito mais interessante) do que a roupa que você veste, o prédio que você frequenta ou o lugar que você ocupa. Um universo de desafios e conquistas, em que me vi constantemente confrontada, nos melhores e nos piores dias, com a necessidade de responder para mim mesma: o que me faz acordar todos os dias e escolher essa carreira?

Em 15 anos nessa trajetória, posso afirmar que a resposta para essa pergunta vem de um lugar muito mais profundo, onde encontro a minha paixão por crescer todos os dias. Isso acontece a partir dos desafios de negócio que me impulsionam a aprender e me desenvolver a fim de ser capaz de resolvê-los, das oportunidades que me convidam a experimentar habilidades diferentes, das possibilidades de trabalhar em equipes que comprovam que 1+1 > 2, das infinitas possibilidades de troca que me ensinam, graças a tantas pessoas brilhantes com quem sigo cruzando ao longo do caminho.

O outro lado da moeda? Para crescer (e não falo sobre crescer para um cargo mais alto, mas, sim, sobre investir em si mesmo para se tornar um profissional e uma pessoa melhor) é preciso sair da zona de conforto e ser capaz de, ao se olhar no espelho, enxergar (e até mesmo buscar) os pontos em que precisamos ser melhores. A coragem de ser imperfeito, como Brené Brown nos ensina, é fundamental.

E é justamente nesse sentido que é importante redefinir o sucesso. Sucesso, para mim, passou a ser o aprimoramento pessoal e o orgulho de mim mesma pelo processo (mais do que pelo resultado) desse aprimoramento. Trata-se de me apaixonar por me tornar melhor e, nesse processo, descobrir o melhor de mim. A partir dessas descobertas, podemos ajustar rotas e nos direcionar para lugares em que, ao mesmo tempo em que podemos aprender e crescer, também conseguimos disponibilizar o melhor de nós para o mundo.

Nossa carreira, assim como nossa vida, pode ser uma jornada de autodescoberta e desenvolvimento. Ela pode nos permitir mostrar ao mundo quem somos, enquanto o mundo nos abre caminhos para descobrirmos mais sobre nós. O sucesso não é apenas o reconhecimento externo, mas a consciência interna de que estamos evoluindo e amadurecendo. E, com isso, podemos retribuir ajudando os outros em seus próprios caminhos.

Por fim, a carreira – assim como a vida – não são trilhas perfeitamente pavimentadas. Personagens como Carrie e Emily podem nos inspirar com suas histórias românticas, mas a realidade requer construção contínua, cheia de altos e baixos. A trajetória de cada um de nós é única, cheia de oportunidades de transformação e é nesse processo que encontramos o verdadeiro significado da vida.

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