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Opinião

Do mundo V.U.C.A ao ESG, você está preparado?

Todas as atividades econômicas deveriam estar preocupadas e com planos de ação definidos para evitar a degradação ambiental e buscar a reciclagem de tudo que utilizamos


31 de maio de 2021 - 17h50

(crédito: Akil Mazumder/Pexels)

Se eu te disser Black Rock, é muito provável que você lembre da Black Rock, aquele super gestor de ativos em Wall Street, certo? Mas, nada impede de você pensar no deserto de Nevada e associar a imagem ao festival Burning Man, um evento social, colaborativo, de contracultura. E por mais maluco que possa parecer, eu quero dizer que os dois podem nos ensinar muito sobre o presente. E você vai entender por quê:

Começando pelo festival, que em minha opinião não é bem um festival, mas sim uma mistura de galeria de arte ao ar livre com um camping, habitado por personagens do Mad Max; ou um encontro da Marquês de Sapucaí e seus carros alegóricos com o Museu do Inhotim e suas instalações que anualmente, no início do mês de setembro, recebe 70.000 mil pessoas para uma semana neste deserto (também conhecido como “the Big Empty”) na cidade temporária Black Rock City, que é construída para sediar o evento e depois destruída. Uma metrópole temporária participativa e pretensiosamente sustentável.

Agora, saindo do deserto e indo para Nova York, vamos falar da Black Rock, empresa gestora de ativos para quem tem muito dinheiro e quer ganhar ainda mais investindo através deles. O maior “não banco” do mundo, ou como os americanos chamam “shadow bank”, com ativos de quase U$ 9 trilhões de dólares. Tipo mais de quatro vezes o PIB anual do Brasil. Apesar de serem exímios representantes do capitalismo, eles possuem pretensões sustentáveis. E é isso que estes dois opostos, Black Rock City e a Black Rock, têm em comum: a sustentabilidade!

O festival não acontece desde 2019 por conta da pandemia e a próxima edição tem data “confirmada” para setembro de 2022 e podemos afirmar que é um exercício utópico de criação e destruição de uma cidade temporária, a tal da Black Rock City, que não existe nos outros 348 dias do ano. Portanto, podemos imaginar que tudo é planejado para acontecer e desaparecer da mesma forma. “Leave no traces” é o lema da comunidade. Mas é bom lembrar que com o crescimento do festival as coisas saíram um pouco fora do controle. A 1ª edição, que aconteceu em uma praia perto de São Francisco em 1986, durou alguns anos por lá até que a prefeitura local proibiu a realização por falta de estrutura. Em 1991, decidiram ir para o “Big Empty”, uma terra de ninguém com as leis de Nevada e o que era para ser um exemplo de sustentabilidade virou um pesadelo logístico. O governo do estado de Nevada pensou até em processar os organizadores. Tinha muito mais do que cinzas no deserto, depois do festival. E o que era para ser uma utopia, virou um problema de pegada não-ecológica. Um festival da contracultura se transformou em um problema urbano como muitas outras cidades do mundo enfrentam. A utopia tomou um “choque de realidade”.

Enquanto isso, a empresa Black Rock, que sempre foi uma máquina de fazer dinheiro através de investimentos nas mais diversas áreas, teve um sacada de mestre e no ano 2020 em sua carta aos acionistas, o fundador e CEO Larry Fink revelou que a partir daquela data iria priorizar investimentos somente em empresas que demostrassem a sua capacidade de realizar negócios sustentáveis, e que para demonstrar esse compromisso ele “desinvestiu” U$ 500 milhões de ativos que possuíam na extração de carvão. Ou seja, a máquina capitalista estava com os olhos focados na sustentabilidade. Um outro tipo de “choque de realidade”.

Duas histórias opostas, duas realidades que se complementam, mas que demonstram o contexto que estamos vivendo agora. O mundo está mudando de VUCA para ESG. Neste mundo ESG todas as atividades econômicas deveriam estar preocupadas e com planos de ação definidos para evitar a degradação ambiental e buscar a reciclagem (de recursos, de energia, de embalagens, de conceitos) de tudo que utilizamos. Seja um pedaço de um deserto durante sete dias do ano; ou uma decisão de investimento de sete bilhões. Estes exemplos antagônicos são fundamentais para demostrar uma clara direção de pensamento. Talvez a utopia de uma sociedade mais justa e sustentável pensada pelos organizadores naquela praia perto de São Francisco em 1986 tenha alcançado os escritórios em Wall Street. As B-CORPS estão por aí. Não são muitas é verdade, mas estão mostrando o caminho. Mundo ESG, bem-vindo!

**Crédito da imagem no topo: Ruslan Khismatov/iStock

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