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Opinião

Estude o mercado de cannabis hoje para atender seu cliente amanhã

Essa indústria se encontra em estágios bem diferentes ao redor do mundo e o Brasil parece empacado no fim da fila, consequência de desconhecimento e preconceito em parte da sociedade e de governantes


30 de julho de 2020 - 15h03

(Crédito: Aphiwat chuangchoem/Pexels)

Se você atua na área de marketing, em agência de propaganda, digital ou de relações públicas aqui vai uma dica importante: comece imediatamente a prestar atenção a assuntos relacionados ao tema cannabis. Prepare-se para participar ativamente de processos criativos com foco no setor, olhando, desde já, para quem está uns bons passos a nossa frente. Essa indústria se encontra em estágios bem diferentes ao redor do mundo e o Brasil parece empacado no fim da fila, consequência de desconhecimento e preconceito em parte da sociedade e de governantes. Esse jogo precisa — e vai — virar e quem trabalha com comunicação e marketing será demandado para construir marcas relevantes nesse segmento.

O primeiro passo é entender as diferentes dinâmicas dessa indústria no momento atual. Vamos, então, por partes:

1. Uso adulto da cannabis – Antes era chamado uso recreativo, mas agora mudou. Canadá, Uruguai e parte dos Estados Unidos, por exemplo, liberaram o consumo da cannabis, mas há regras bastante rígidas para a comunicação. É praticamente impossível anunciar em redes sociais, uma vez que Facebook, Instagram e Google não permitem. Uma saída encontrada pelas empresas foi a construção de comunidades no ambiente virtual e físico, utilizando a educação como ferramenta para alcançar os consumidores e transmitir confiança. Antes da pandemia, a realização de eventos também foi uma estratégia bastante utilizada, o que na atual circunstância deverá migrar para plataformas online.

E como os erros do passado nos servem de lição — ou deveriam, pelo menos — é importante não glamorizar o uso da cannabis como aconteceu com o tabaco e a bebida em meados do século passado. Como prega a American Marketing Association, educar os consumidores será fundamental no marketing da maconha de forma responsável.

Como o Brasil está muito distante da liberação do uso adulto da cannabis, melhor pular para o próximo item.

2. Uso medicinal – Aqui, sim, o Brasil começa a engatinhar em direção à curva de aprendizado sobre os benefícios da cannabis em nosso organismo. A decisão de Anvisa de liberar a venda de medicamentos nas farmácias ainda é muito tímida, mas mostra sinais de avanço e abertura do diálogo. Em mais de 50 países atualmente já é possível adquirir medicamentos legalmente nas farmácias. Só que, em todos, a comunicação dos produtos é bem restritiva e deve seguir a regulamentação das entidades médicas. Se o seu cliente for dessa área, preste atenção aos regulamentos regionais para não ferir nenhuma regra de marketing, publicidade, eventos, embalagem e sinalização.

Também no uso medicinal a criação de comunidades nas redes sociais e realização de eventos são ferramentas importantes para construção de marcas. Os jovens são valorosos catalisadores desse mercado, apoiando essas iniciativas e ajudando a reduzir o preconceito do público mais velho.

3. Cânhamo – Esta planta polivalente abre horizontes para áreas de comunicação e marketing exercerem toda sua criatividade e potencial. O cânhamo, ou hemp, é matéria-prima para mais de 25 mil produtos relacionados a várias indústrias: vestuário, cosméticos, bem-estar, construção, alimentos e bebidas, pets, entre tantos outros. Dessa espécie de cannabis tudo se extrai, nada se desperdiça. O cânhamo não “dá barato” e pode render muito dinheiro. Por ter no máximo 0,3% de tetrahidrocanabinol (THC), a planta não apresenta qualquer princípio psicoativo. Quando nossos governantes entenderem isso, deixando o desconhecimento de lado e liberando o cultivo do cânhamo no País, vamos ver o surgimento de um mercado com enorme potencial.

Marcas ligadas ao luxo, bem-estar e life style em países que já avançaram nesse sentido encontram um consumidor ávido por produtos que, além de outros benefícios, colaboram com práticas ambientalmente sustentáveis. Estamos falando de marcas como Levi’s, Avon, Ben & Jerry’s, Adidas, Body Shop, Coca-Cola, BMW, Heineken e tantas outras que já lançaram produtos feitos com canabidiol (CBD) ou estão em fase de estudos.

Como consultores e aceleradores de startups focadas em cannabis, estamos fazendo nossa parte tentando educar o mercado e desmitificar o tema por meio da realização de eventos, lançamento de relatórios econômicos e muita conversa com profissionais de diversos setores. A liberação do cultivo do cânhamo representará o primeiro passo de uma longa e vantajosa caminhada para várias indústrias brasileiras e, possivelmente, para seu cliente também!

**Crédito da imagem no topo: Michael Fischer/Pexels

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