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Opinião

Feliz Big Data 8 de março

Conhecer com mais acuidade pode ser um tremendo combustível para a criatividade e, principalmente, para ajudar as marcas a se conectarem de verdade com as pessoas (homens e mulheres)


8 de março de 2017 - 16h59

(Crédito: reprodução)

(Crédito: reprodução)

Ano passado, assisti a uma palestra da Camille Paglia em que ela falava sobre a não separação dos sexos, de como ela via a possibilidade de uma fluidez de gêneros. Nunca fui muito fã da pós-feminista Paglia, mas, dessa vez, algo me incomodou bastante e sem saber muito bem o porquê.

Explico: sou um feminista nato, logo acredito na separação de sexos. Quase todas as figuras marcantes da minha vida profissional foram e são mulheres – tirando o Nizan, que, como eu, também é apaixonado pela força das mulheres.

Minha primeira chefe, Lúcia, no Rio, me ensinou tudo sobre o ofício da estratégia. Fiz parte da equipe da Ana Couto, uma das mulheres mais fortes e inteligentes com quem já tive a honra de trabalhar. E estive sob a liderança delicada e humana da Celina Esteves, na Africa.

Minha vida é cercada por mulheres fortes e empoderadas que amo.

Acreditar que somos diferentes é interessante. Mas ver, em tempo real, essas diferenças se manifestarem em riquezas de dados é maravilhoso

Tanto que acompanhei, post a post, as queridas Laurinha Chiavone e Ana Cortat durante o Festival 3%, em Nova York, reivindicando igualdade de direitos e espaço para mulheres no nosso mercado. Causa que apoiei e apoio.

O que me incomodou no discurso de Paglia é que acredito que, para termos direitos iguais, não é necessário suprimir as diferenças.

Como profissional de planejamento, minha vida é investigar. Há pouco menos de um ano, tomei a decisão de trocar uma das maiores agências off-line do Brasil por uma das maiores digitais do mundo, em busca de trabalhar de maneira mais profunda com dados.

Na Wunderman, tenho acesso a uma ferramenta proprietária que consegue mapear as jornadas digitais de quase 8 mil painelistas, homens e mulheres, no Brasil todo. E olha a beleza dos dados: homens e mulheres têm comportamentos digitais bem diferentes, para não dizer completamente díspares.

Usamos o lugar-comum, o estereótipo. Falo “nós” porque também faço parte desse mercado e não estou aqui para apontar o dedo para ninguém. Não usamos os dados

Acreditar que somos diferentes é interessante. Mas ver, em tempo real, essas diferenças se manifestarem em riquezas de dados é maravilhoso.

Sabemos muito pouco sobre o comportamento das mulheres. No digital ou no real, tanto faz. Não é à toa que a pesquisa realizada pela consultoria 65/10 mostrou que 65% das mulheres não se identificam com a maneira como são retratadas pela publicidade brasileira.

Usamos o lugar-comum, o estereótipo. Falo “nós” porque também faço parte desse mercado e não estou aqui para apontar o dedo para ninguém. Não usamos os dados.

Sir John Hegarty deu uma entrevista ao The Guardian dizendo que o Big Data iria acabar com a criatividade, e eu discordo. Sei que discordo de uma lenda viva. Mas, humildemente, acredito que nós é que temos que ser criativos e não os dados.

Conhecer com mais acuidade pode ser um tremendo combustível para a criatividade. E, principalmente, para ajudar as marcas a se conectarem de verdade com as pessoas. Homens e mulheres.

Acho bonito que os dados possam nos ajudar a entender, respeitar e comunicar melhor com mulheres como a minha mãe, minhas irmãs, minhas amigas, minhas clientes e todas as mulheres que fazem parte da minha vida. Feliz Big Data 8 de março para vocês.

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