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Opinião

Gestão de mudança para sair melhor da crise

Se queremos facilitar a transformação, não devemos gerar mais medo no processo


21 de agosto de 2020 - 15h57

(Crédito: Eoneren/istock)

Tudo muda o tempo todo e parece que a cada dia as coisas mudam mais rápido. Prova disso é que somente três entre as dez maiores empresas de 2010, continuam liderando o ranking 500 Global Brand Finance de 2020. Muitas perderam lugar e outras deixaram de existir porque não se adaptaram às mudanças. E sabe por que isso acontece? Porque toda e qualquer mudança causa desconforto.

Mas, se temos certeza de que as mudanças são tão determinantes para o futuro, por que resistimos tanto a mudar?

Mudar não é um processo natural para as empresas, e claro que também não é para nós seres humanos que tomamos todas as decisões em nome delas. Fomos configurados naturalmente para vivermos em zonas de conforto, economizando energia cerebral, seguindo padrões que nos poupam esforços para processar novas informações, como nos mostra, por exemplo, o livro O poder do hábito, de Charles Duhigg, entre tantos outros estudos.

Quando somos provocados a mudar, iniciamos um conflito interno entre a parte consciente da necessidade de mudança e a que quer evitar esforços extras, necessários ao processo de descoberta de algo novo. Fomos programados para gostar dos caminhos mais curtos, dos trabalhos mais fáceis e das soluções mais rápidas.

A questão é que, independentemente de nossa escolha, as mudanças acontecem. Estamos presenciando modificações culturais, políticas, tecnológicas e organizacionais o tempo todo. E no mundo corporativo as mudanças seguem ditando as transformações, resultando em diferentes demandas, exigências profissionais e novas posições de trabalho. As pessoas proativas e mais preparadas para lidar com as mudanças saberão se encaixar. Já as mais acomodadas permanecerão agarradas a seus atuais desafios, cargos e funções, que podem não existir mais a partir de amanhã.

E como podemos promover essas mudanças? Precisamos começar realinhando nossa organização e planejamento. Temos que aprender a pensar para onde estamos indo e como será o futuro que queremos, para termos a visão e entendermos o que vale a pena mudar. Não estou falando aqui de mudança caótica, aquele tipo que somos obrigados a processar para sobreviver ao caos, estou falando de mudança planejada, daquele tipo que conversa com o nosso desejo de sair da crise em uma condição melhor do que entramos.

Quando pensamos no ambiente de trabalho, para nos mantermos abertos às mudanças, precisamos entender que temos de reeducar nosso cérebro para que ele possa aproveitar outras capacidades nossas, como a curiosidade e o ímpeto por novas descobertas. Talvez venha daí a criatividade humana. Por isso buscamos tanto criar coisas que facilitam a nossa vida, que reduzem nosso esforço de trabalho e possibilitam criarmos um ambiente melhor, onde podemos usar nosso tempo para atividades prazerosas ou que nos permitam ampliar nossos conhecimentos e interações humanas.

Nas organizações, por exemplo, a mudança não é necessariamente o problema. O maior desafio é a dor que sentimos quando não conseguimos entender os motivos das mudanças que nos afetam, suas finalidades, seus impactos e principalmente o nosso papel no processo. Somos invadidos por uma sensação de “perda do controle” que causa medo, insegurança e gera um senso defensivo, nos levando inclusive ao “boicote” de ações para que nada mude.

Ante o cenário dinâmico em que vivemos, se desejamos inovar, precisamos nos esforçar mais para enxergar oportunidades nas mudanças. E podemos fazer isso traçando relações de custo-benefício favorável e mensurando o esforço que vamos empregar versus a tranquilidade e os ganhos que poderemos ter em nosso futuro pessoal e profissional.

Se quisermos ampliar nossa visão de oportunidades, precisamos antes nos transformar em agentes de mudança. Para isso é importante entender todo o processo percorrido para encurtar as distâncias e fazer a transição entre a mudança que acontece fora da gente, e como respondemos internamente a ela. Assim podemos aproveitar nosso sentimento de insatisfação com o status quo e mudar as coisas a partir de nosso papel na sociedade ou de nosso próprio crescimento individual. Para quem tem o desejo de crescer, a mudança sempre traz oportunidades, pois gera reestruturação.

Todos nós passamos por esse caminho, pois estamos em curva de mudança o tempo todo. Mudança sempre é processo. Nunca deve ser encarada como um ponto de chegada estático e imutável. Portanto, se estivermos predispostos às mudanças, há técnicas para avançarmos com menos desgaste. Exercitar a habilidade da empatia, bem como desenvolver ações voltadas à diversidade e inclusão das diferenças, são exemplos que garantem mudanças cotidianas, pois ocorrem através das pessoas e com foco nelas.

Outra dica importante além da disposição para mudar é ficar longe das pessoas resistentes e reacionárias. Quando a mudança ocorre, acontece uma exposição maior das pessoas acomodadas, que passam a ficar incomodas e, por isso, fazem críticas ativas ao processo. Isso contamina o ânimo das demais pessoas, as convidando a abandonar o novo e voltar ao conhecido, o que torna fundamental que o processo seja mapeado e devidamente acompanhado. Criar ações de sensibilização com grupos de pessoas com mais afinidade e abertura para os novos objetivos pode ser um bom passo para reduzir ou impedir ações contrárias às propostas de mudança.

Para terminar, mapear essa gestão revela que o medo é o estado emocional mais presente quando enfrentamos uma situação de mudança; por este motivo, se queremos facilitar a transformação, não devemos gerar mais medo no processo. Precisamos de ações que promovam um ambiente seguro, minimizando desconfianças e insatisfações por meio de diálogos e dados transparentes.

Assim, o papel da liderança inclusiva no processo de mudança mostra-se essencial. Um líder que dá voz a seus liderados, cria times coesos e, por isso, encontra aliados em todos os níveis da organização. No mundo corporativo, as mudanças ocorrem mais facilmente quando começam de cima para baixo e se realizam com sucesso quando são reforçadas por agentes de mudança que promovem a sustentação de baixo para cima.

**Crédito da imagem no topo: hh5800/iStock

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