Já passou da hora de todos sermos emancipados
Gestor contemporâneo precisa entender que a liberdade não é um destino, mas, sim, o princípio que deve guiar todo o processo
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Todos sabemos que emancipados são aqueles que adquirem autonomia e são responsáveis por suas próprias ações, mas o que trataremos aqui é da urgência de se promover a emancipação dos profissionais, de sermos e termos equipes emancipadas. No entanto, isso só será possível com uma nova visão e prática de gestão. Antes de apresentarmos essa nova liderança emancipadora, é preciso refletir sobre a liderança que ainda prevalece: a liderança explicadora.
O gestor explicador é aquele que cria uma distância entre o projeto a ser executado e o profissional. Ele faz perguntas sobre as respostas que julga corretas e únicas; porém o que ele faz é guiar a inteligência do colaborador, restringindo suas potências. Embora coloque sua equipe para trabalhar, ele já constrangeu o ambiente colaborativo, o que cerceia a geração de novos olhares, de novas perspectivas, de cocriação.
A explicação, no contexto do gestor explicador, não é usada para sanar uma necessidade genuína de compreensão, mas sim como uma prática habitual de transmitir seus conhecimentos de forma paternalista. Ele adapta suas explicações às capacidades intelectuais que ele presume que sua equipe possua, o que impõe na limitação do potencial individual dos outros. Embora o ato de explicar possa parecer benéfico, ele na verdade inaugura o processo de embrutecimento — ou seja, a diminuição da capacidade de raciocínio ou da sensibilidade crítica da equipe.
Esse tipo de gestor, ao tentar garantir que sua equipe compreenda o que ele diz, interrompe o movimento natural da razão e mina a confiança que os colaboradores poderiam ter em suas próprias capacidades intelectuais. A lógica cruel dessa abordagem reside na criação de uma dependência: a equipe passa a acreditar que o melhor e mais seguro é aguardar a explicação do gestor. Dessa forma, ele subordina a inteligência dos outros à sua, criando um ambiente de dependência mental e privando seus colaboradores da liberdade de pensar e agir por conta própria. O gestor explicador separa dois elementos cruciais para o aprendizado — a vontade e a inteligência —, enfraquecendo a autonomia intelectual de sua equipe.
Por outro lado, o gestor contemporâneo precisa entender que a liberdade não é um destino, mas, sim, o princípio que deve guiar todo o processo. A exposição de fatos deve ser feita de maneira a não fechar o processo criativo, mas inspirar dúvidas e abrir novos caminhos. Ele reconhece que é necessário criar condições para que a igualdade se manifeste, e isso exige coragem para assumir riscos e inventar novas formas de praticá-la. Este gestor promove um ambiente onde cada pessoa é incentivada a pensar por si mesma, a questionar e a aprender de forma ativa e autônoma e colaborativa.
Esse novo gestor, a quem chamaremos de emancipador, é aquele que promove a autonomia plena em sua equipe. Ele incentiva seus colaboradores a mergulharem nos desafios, confiando que eles encontrarão soluções por si mesmos e as compartilharão em um processo contínuo. Ele não os guia com mão firme, os deixa imersos no projeto.
Nesse ambiente de emancipação, as inteligências dos colaboradores não se subordinam à do gestor. Embora suas vontades sigam a liderança do gestor emancipador, é ele quem as incentiva continuamente a aprender com os acontecimentos e explorar novas formas de agir. A equipe aprende como cada ação se conecta ao todo ao seu redor, compreendendo as inter-relações que permeiam todas as coisas e buscando respostas a quatro perguntas fundamentais: Como você vê esse fato? O que você pensa sobre isso? O que você faz com isso? Como isso impacta o demais?
Um gestor emancipador deixa seus títulos de lado e cria um ambiente em que os participantes deixem seus cargos do lado de fora da porta. Isso implica em trabalhar para que os membros da equipe superem a necessidade de obedecer a uma autoridade visível e audível, uma voz de comando que normalmente dita o rumo. Ele renuncia à fala superficial, preferindo abraçar e equilibrar as diversas forças e habilidades presentes na equipe, especialmente quando a vontade de um membro não é forte o suficiente para mantê-lo no caminho. Permanece sempre consciente de sua responsabilidade ativa, incentivando continuamente o crescimento da equipe.
Diferente daqueles que veem as opiniões como simples constatações de fatos, o gestor emancipador escuta essas opiniões, compreendendo que nem sempre são verdades, mas que são hipóteses a serem verificadas, mesmo que o que seja encontrado não seja exatamente o que estava sendo procurado. Ele sabe que cada descoberta, direta ou indireta, enriquece o conhecimento da equipe.
A inteligência, para o gestor emancipador, não é apenas a combinação de ideias, mas o ato de atenção e busca. É no processo de caminhar que surgem os elementos que podem levar ao sucesso ou à apatia. Mas, acima de tudo, o gestor emancipador sabe é a vontade que nos move alimentada pela inteligência.
Essa abordagem é especialmente relevante em empresas criativas, onde a inovação e a liberdade de pensamento são cruciais para o sucesso. Nessas organizações, é imperativo que os gestores sejam emancipadores, capazes de nutrir a autonomia e o potencial criativo de suas equipes, permitindo que novas ideias floresçam e que soluções inovadoras sejam continuamente desenvolvidas.
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