PF vs PJ e outras siglas mais
Quoeficiente de inteligência humana vem caindo nas últimas décadas e submissão às ferramentas tecnológicas têm feito cair também o pensamento crítico
Quoeficiente de inteligência humana vem caindo nas últimas décadas e submissão às ferramentas tecnológicas têm feito cair também o pensamento crítico
Após um aumento acentuado na inteligência humana (determinado pelo teste de quociente de inteligência – o QI) durante os primeiros três quartos do século XX – um fenômeno conhecido como Efeito Flynn – 20 diferentes pesquisas científicas apontam para uma clara queda na capacidade cerebral humana desde 1975.
A taxa média de declínio foi de cerca de três pontos de QI por década, totalizando uma perda de cerca de 13,5% na inteligência média entre 1975 e 2020. Resultados de estudos separados, realizados em sete países diferentes, descrevem uma perda geral de inteligência. Até agora, os pesquisadores não conseguiram atribuir com segurança uma causa única a esse notável declínio, mas concordam de forma uníssona com o que descrevo abaixo:
A ciência indica que os 2,3 bilhões de toneladas por ano de produtos químicos produzidos pelo homem – muitos deles nocivos ao sistema nervoso – agravado por uma segunda inundação química relacionada – os desreguladores endócrinos (EDCs), são os vilões por afetar processos básicos como nosso crescimento, condições como autismo e TDAH, Alzheimer e Parkinson, depressão, desenvolvimento lento e perda de inteligência. De acordo com vários estudos, esses diagnósticos afetam, hoje, 800 milhões de seres humanos – um em cada dez – impondo um custo vasto e crescente à economia mundial.
Não perca o fio. Já que chegamos aqui no impacto econômico-financeiro da diminuição da nossa suposta inteligência até 2020, vamos acrescentar a esse fenômeno o mais novo elemento da sociedade: o ChatGPT.
Em uma economia em que os dados estão mudando a forma como as empresas criam valor – e competem -, os especialistas preveem que o uso de inteligência artificial (IA) em larga escala adicionará até US$ 15,7 trilhões à economia global até 2030. Como a IA está mudando a forma como as empresas trabalham, muitos acreditam que quem faz esse trabalho também mudará – e que as organizações começarão a substituir funcionários humanos por máquinas inteligentes. Isso já está acontecendo: os sistemas inteligentes estão substituindo os humanos na manufatura, na prestação de serviços, no recrutamento e no setor financeiro, consequentemente movendo trabalhadores humanos para empregos com salários mais baixos ou deixando-os desempregados. Essa tendência levou alguns a concluir que em 2040 nossa força de trabalho poderá estar totalmente irreconhecível.
O que o ChatGPT fez foi aplicar uma área específica de aprendizado de máquina, a um ambiente de conversação e deslumbrou o planeta com esse processo. Como resultado, cada vez mais pessoas o estão usando – não tanto para conversas, como foi projetado inicialmente, mas como um mecanismo de busca.
No entanto, o problema aqui é o que acontece com o pensamento crítico. Uma página de resultados do Google, com seus links, nos mostra a fonte e pode incluir um fragmento de texto etc., antes de finalmente clicarmos e chegarmos à página para (assim esperamos) encontrar o que procurávamos. Mas, com o ChatGPT e afins, fazemos uma pergunta e recebemos alguns parágrafos com a resposta – e essa resposta pode ou não estar correta, embora certamente pareça.
Tal é a ausência de pensamento crítico no mundo de hoje que muitas pessoas tomam o primeiro resultado em uma página do Google como um evangelho.
Então, se as pessoas aceitam a palavra do Google de forma acrítica, imagine a resposta ao ChatGPT. A devolutiva para sua consulta pode ser 100% besteira, mas tanto faz: para muitas pessoas, é uma verdade dura e confiável.
A raiz do “declínio iminente” decorre do fato de que a I.A. está criando sua “inteligência” de conteúdo linguagem a partir da fossa existente de conteúdo verificado e confiável. Uma “inteligência” baseada na “não-inteligência”.
O que mais me intriga é por que os humanos estão com tanta pressa de se substituir e/ou se tornarem inúteis?
E é nesse imbróglio que os assuntos se misturam. A inteligência artificial já está tendo um impacto significativo no nosso quociente de inteligência (QI). Enquanto alguns especialistas argumentam que a IA até nos torna mais ágeis e eficientes, outros argumentam que pode estar nos fazendo mais preguiçosos e muito menos inteligentes. Por exemplo, alguns estudos descobriram que nossa capacidade de lembrar e recordar informações diminuiu nos últimos anos, pois nos tornamos mais dependentes de nossos smartphones e outros dispositivos digitais para armazenar e recuperar informações para nós.
Alguns especialistas também afirmam que a IA já se tornou um desastre nas nossas habilidades cognitivas, pois terceiriza o momento tênue e sensível na habilidade de resolução de problemas.
Se a matéria-prima de quem trabalha com marketing e comunicação é criatividade, como achar razoável que um resultado homogêneo e pasteurizado – por mais ágil e barato que seja – possa ser positivo pra qualidade do produto final entregue pelo nosso mercado? Se fôssemos parte do setor industrial, mas na economia do conhecimento e dos serviços parece que estamos balizando nossa contribuição a meras tarefas táticas de comunicação trivial e não a recomendações estratégicas de negócio. É como se nosso setor fosse medido por SLA’s e não por KPI’s o que me soa no mínimo temerário.
Um declínio de sete pontos de QI dos últimos 40 anos traduz o cidadão médio para o nível de inteligência do delinquente juvenil médio. E, perceba, o preço da diminuição do nosso QI compensa o incremento corporativo de faturamento das companhias que serão mais competentes, mais leves em custos e potencialmente mais eficazes? Enquanto não aprendermos definitivamente que a pessoa física vem antes da jurídica, seremos reféns tardios de políticas compensatórias dos nossos próprios erros. Ou você dúvida que assim como hoje se faz necessário ESG – daqui 10 anos teremos que adicionar mais alguma letra como inicial da dívida dos efeitos perigosos de uma inteligência artificial aplicada sem cuidado e responsabilidade com a nossa própria destreza intelectual?
Compartilhe
Veja também
Marketing de influência: estratégia nacional, conexão local
Tamanho do Brasil e diversidade de costumes, que poucos países têm, impõe às empresas com presença nacional o desafio constante de expandir seu alcance sem perder de vista a conexão com as comunidades
O novo eixo na comunicação das marcas
A base (fraca) do modelo persuasivo está sendo substituída pelo informativo