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Conselho Empresarial para Inteligência Artificial é uma iniciativa pioneira da Unesco para alinhar desenvolvimento da tecnologia a princípios éticos globais


21 de fevereiro de 2024 - 14h00

Em outubro de 2023, a Unesco deu um passo significativo ao lançar o Conselho Empresarial para Inteligência Artificial, uma iniciativa pioneira que busca alinhar o desenvolvimento e o uso da inteligência artificial (IA) com princípios éticos globais. O objetivo desse conselho é promover a implementação das recomendações da Unesco sobre a ética da IA dentro das empresas, acompanhando iniciativas públicas ao redor do mundo para regular a IA com uma visão ética. Essa iniciativa reflete uma necessidade crescente de abordar os desafios éticos que emergem à medida que a IA se torna cada vez mais integrada em nossas vidas diárias.

O Conselho Empresarial tem como foco não apenas a troca de experiências e a facilitação da colaboração multissetorial entre empresas de diferentes setores que estão à frente dos desenvolvimentos e do uso da IA, mas também a promoção da conscientização e a geração de conhecimento sobre o impacto ético da IA. Além disso, busca disseminar as melhores práticas do setor privado sobre a ética da IA, estabelecendo um benchmark para a indústria.
Durante a reunião mais recente do Conselho, ocorrida no Fórum Global para Ética na Inteligência Artificial organizado pela Unesco neste mês de fevereiro de 2024 na Eslovênia, representantes de gigantes tecnológicas como Microsoft, Google, LG, Mastercard e Telefônica reforçaram seus compromissos com os dilemas éticos do desenvolvimento e do uso da IA. Esse evento serviu como uma plataforma para essas empresas demonstrarem publicamente as medidas que estão tomando para abordar os desafios éticos associados à IA.

Interessantemente, cada empresa tem adotado estratégias distintas para mitigar os riscos associados à IA. Algumas estão investindo em centros de pesquisa globais, focando no avanço do conhecimento e na inovação responsável. Outras estão desenvolvendo protocolos éticos robustos, garantindo que suas tecnologias sejam desenvolvidas e utilizadas de maneira justa e transparente. Há também aquelas que priorizam a divulgação de relatórios periódicos, buscando demonstrar a transparência de seus processos e promover uma maior confiança pública.

No entanto, apesar desses esforços, a concorrência no mercado dinâmico da IA muitas vezes impede a criação de uma estrutura de governança compartilhada entre as empresas. Isso destaca a importância de iniciativas como o Conselho Empresarial para Inteligência Artificial, que pode facilitar o diálogo e a colaboração em questões éticas.

Um ponto que merece atenção e que tem sido menos discutido é o uso sustentável da IA. A sustentabilidade energética, por exemplo, é um tema crítico, considerando o enorme consumo de energia necessário para treinar modelos de IA de última geração. Alguns estudos indicam que o treinamento de um único modelo de IA pode gerar uma pegada de carbono equivalente à de cinco carros durante toda a sua vida útil. Além disso, o desenvolvimento social, incluindo questões de equidade e inclusão, ainda precisa ser mais integralmente considerado nas estratégias das empresas de tecnologia.

Iniciativas como o Conselho Empresarial para Inteligência Artificial são vitais para acelerar o processo de diálogo e criar um ambiente de confiança entre os atores do setor privado. Elas promovem uma abordagem mais ética e sustentável no desenvolvimento e na aplicação da Inteligência Artificial, garantindo que a inovação tecnológica avance de maneira responsável e benéfica para a sociedade como um todo. À medida que nos movemos para o futuro, a colaboração entre organizações globais, governos, empresas e a sociedade civil será crucial para garantir que a IA seja desenvolvida e utilizada de maneira que respeite os direitos humanos, promova a inclusão e contribua para um desenvolvimento sustentável.

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