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Opinião

Propaganda boa tem que ser para todo mundo

O ideal é que esses empreendedores tenham à mão soluções que caibam em sua necessidade


27 de fevereiro de 2020 - 6h03

(Crédito: Erhui1979/iStock)

No Brasil, duas em cada cinco pessoas com idade entre 18 anos e 64 anos estão liderando alguma atividade empreendedora, seja por oportunidade ou necessidade. Vi esse dado no relatório do Global Entrepreneurship Monitor. Nele também está registrado que, somente em 2018, os empreendedores em estágio inicial das atividades e que geraram pelo menos um emprego, foram responsáveis pela criação de 6,5 milhões de postos de trabalho, formalizados ou não.

Ao longo dos meus 36 anos de carreira, tive contato com profissionais de diferentes perfis e países. Essa experiência me permite concluir que os empreendedores do Brasil têm potencial para acelerar a economia do País. Afinal, por natureza, o brasileiro tem grande capacidade de se reinventar e superar desafios. A questão é que, por mais força de vontade que se tenha, sem apoio do governo e de parceiros da iniciativa privada fica difícil almejar voos mais altos.

Nesse contexto, acredito que a propaganda tenha um papel muito importante para ajudar pequenos empresários e comerciantes a alavancarem seus negócios, gerando mais empregos e tornando-os ainda mais relevantes para a economia do País. Mas, para isso, é preciso mitigar a ideia de que “publicidade é privilégio de empresa rica” e viabilizar que o pequeno e médio empreendedor possam se beneficiar de um serviço de qualidade, a preço acessível. Isso, a meu entender, só será possível quando no Brasil estiver consolidada a cultura de customização dos serviços também na comunicação.

Explico. Dentro das empresas, existe um movimento mundial de redução de custos e otimização de processos. No pequeno e médio negócio, por questão de sobrevivência, essa dinâmica se faz ainda mais necessária. E, quando falamos de publicidade, o ideal é que esses empreendedores tenham à mão soluções que caibam em sua necessidade, seu entendimento, seu bolso e sua cultura de comunicação. Ele quer e precisa pagar apenas pelo que usa, e não pela mega estrutura de um fornecedor de grande porte.

Não digo, com isso, que as grandes agências de publicidade devem acabar. Minha defesa é para que haja também a oferta de um serviço de qualidade sob medida, entendendo melhor o valor do dinheiro de quem está começando um negócio, pois sabemos bem as dificuldades que permeiam qualquer início. Faz mais sentido vender para esse público uma inteligência central que entenda as necessidades do negócio para, então, mapear quais profissionais devem ser agregados ao projeto. Até mesmo porque, hoje, com um propósito bem definido, um celular e uma rede social é possível fazer maravilhas por uma marca.

Sempre acreditei que a publicidade responsável tem um compromisso muito nobre com a sociedade, pela capacidade de colocar um produto ou serviço na vida das pessoas ou fazer com que alguém desperte para um ideal ou uma causa. Minhas experiências profissionais neste último ano me deram a certeza de que a contribuição pode ir além, auxiliando o “dono do próprio negócio” a profissionalizar sua operação e fazer a economia girar. É uma forma de ajudar a sociedade e o País.

A hora é de diversificar os modelos de oferta em publicidade, aculturar os empreendedores quanto à função estratégica da propaganda dentro do negócio e criar oportunidades para o surgimento de novos talentos da área. Afinal, propaganda boa tem que ser para todo mundo.

**Crédito da imagem no topo: Marchmeena29/IStock

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