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Opinião

Vaga aberta para cupido sênior

No dia a dia, ficar apenas medindo se você está sendo preferido versus o seu concorrente direto só vai fazê-lo ficar mais parecido com ele


7 de dezembro de 2021 - 15h45

Por que quase nenhuma marca tem um número de seguidores tão grande quanto o dos maiores influenciadores nas redes sociais? Por que os meus clientes não são tão fiéis quanto os membros de uma igreja? Seria possível deixar os meus consumidores tão apaixonados pelo meu negócio quantos os integrantes de uma torcida organizada? Ou será que um dia a minha marca seria capaz de mobilizar pessoas como os partidos políticos conseguem fazer?

Essas perguntas têm me atormentado. E exigem respostas. Na tentativa de buscá-las, passei pela desculpa esfarrapada de que “a culpa é do algoritmo” e pelo pensamento de que “relações humanas são mais profundas”. Mas, no fundo, precisamos admitir: talvez a culpa seja nossa.

Dados e algoritmos podem ser acessados por qualquer um através da internet (Créditos: Pixabay/Pexels)

Quem se propõe a ser realmente amado por uma multidão não vai conseguir isso através de um “leve 2, pague1” e nem através de uma campanha isolada que foi muito comentada.

Falo sobre isso com propriedade, paixão e dores nas costas, porque sou parte do grupo que carrega o piano de querer construir a marca do “amo muito tudo isso”. Mas até onde vai esse amor?

Nos últimos meses conversei sobre isso com pessoas que fizeram minha mente explodir.

No bom sentido. Aquele tipo de explosão que acontece quando um foguete decola pela primeira vez rumo a um universo que nunca foi visto de perto. A gente acha que conhece o céu e os planetas pelas coisas que aprendemos na escola e pelo que vemos nas lunetas. Mas vê- -las de perto é uma experiência totalmente diferente. A ficha caiu enquanto falava com gente muito diferente, de outros segmentos e com outras práticas. Mas que sabe muito mais de “marketing” do que eu imaginava.

Por exemplo, um experiente marketeiro político me explicou: “Propagandas de sabão tentam te convencer através de informações que o produto X é a melhor opção porque deixa a sua roupa mais branca, mas uma campanha política pretende não deixar você dormir caso não vote no candidato X. Uma coisa é informar, conversar, entreter. Outra coisa é mexer com a sua moral.”

Já um grande cantor sertanejo me contou: “Todos os artistas precisam “trocar de roupa” constantemente para mostrar para o público que eles estão acompanhando os seus gostos”.

Um humorista bastante popular me disse: “Não vou agradar a todos, mas para o meu público eu tenho que ser a única opção.”

E um gestor de um podcast bombado ainda me revelou: “Quanto mais as pessoas tiverem  acesso ao meu conteúdo, mais elas vão querer acompanhar o que eu faço. Então compartilhar constantemente e gratuitamente trechos interessantes do meu trabalho não é trabalhar de graça. Esse é o trabalho gratuito mais bem remunerado que eu posso fazer.”

Quantos pensamentos interessantes. Fica evidente que não são apenas as marcas que estão tentando seduzir as pessoas. E que há muitas formas de cultivar essa paixão.

No dia a dia, ficar apenas medindo se você está sendo preferido versus o seu concorrente direto só vai fazê-lo ficar mais parecido com ele. Se você quer construir uma relação única com os seus consumidores, o segredo está em ir além. Fazer por eles algo que ninguém mais faz no seu mercado. Ativar uma parte do cérebro que ninguém mais ativa. Fazer o coração bater em um ritmo diferente.

Chega de cantadas manjadas. Para satisfazer quem está à procura de um grande amor na sua categoria, que tal contratar um novo cupido?

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