Victória Navarro
22 de janeiro de 2021 - 6h00
A análise e o uso adequados de dados, das próprias marcas, em prol de tomadas de decisões mais assertivas consiste no sistema Business Intelligence (BI). O método, além de aumentar a inteligência cognitiva ao mesmo tempo em que fornece conhecimento necessário para o planejamento e a implementação de soluções para problemas, amplia a capacidade de aprendizagem das empresas, sofistica o modo como profissionais remodelam trabalhos e fomenta a criatividade organizacional, ao apoiar a produção de novas ideias, produtos e serviços. O sistema, responsável por combinar ferramentas de interrogação e de exploração de informações com aquelas que permitem a geração de relatórios, cada vez mais, vem movimentando os anunciantes e gerando dados que podem ser usados, posteriormente, na gestão de topo das organizações.
A área de BI é formada por profissionais de TI, marketing e planejamento estratégico (crédito: reprodução)
De forma geral, o Business Intelligence está associado a três tecnologias. A Data Warehouses baseia-se em um armazém de dados, que permite o depósito de informação relevante para a tomada de decisão. Os repositórios podem ser analisados, por meio das ferramentas On-Line Analytical Processing e Data Mining. A primeira garante análises multidimensionais, com dados que podem ser vistos sob diferentes perspectivas. Já a segunda fornece algoritmos de exploração das informações, o que identifica padrões, relacionamentos e modelos, até então ocultos na grande quantidade de dados armazenados.
Nos últimos anos, aponta Vitor Peçanha, chief marketing officer e cofundador da Rock Content, o custo de armazenamento de informações diminuiu drasticamente e acaba sendo mais barato, para a empresa, armazenar um dado que não tem utilidade hoje, ao invés de, no futuro, perceber que algum dado que pode ser importante para responder uma dúvida de negócio não foi coletado e ter que começar a guardá-lo do zero. “Todo dado é relevante para o BI”, afirma.
Uma análise de Business Intelligence, sempre, surge de uma pergunta de negócio a ser respondida. Após a definição dessa pergunta, o processo é feito em quatro etapas: coleta de dados, tratamento, análise e apresentação. Essas etapas são análogas a um processo de pesquisa acadêmica. Essa ação auxilia não só na execução da análise de BI, mantendo o foco da equipe em responder à pergunta, mas também ajuda outras pessoas, que podem criticar e dar feedbacks sobre a análise feita.
Segundo Vivaldo José Breternitz, professor de computação e informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie, o termo Business Intelligence foi criado, no início dos anos 1990, por Howard Dresner, da Gartner Group, empresa de pesquisas na área de TI. “Porém, muitas organizações, há muito tempo, faziam estudos estatísticos, utilizando dados disponíveis, que eram muito menos específicos dos que temos hoje em dia”, diz. Para Vitor, as empresas começaram a perceber a importância de tomar decisões, baseadas em dados, quando a quantidade de dados disponíveis começou a crescer exponencialmente, tornando impossível a análise com ferramentas mais simples ou via planilhas. Já atualmente, por exemplo, pode-se, adiciona, “via estratégia de marketing de conteúdo, produzir conteúdos interativos, que nos oferecerem uma série de dados decisivos para criar estratégias, cada vez mais, alinhadas aos interesses da audiência, aumentando o engajamento e a conversão do conteúdo que você está produzindo”.
A área de BI, normalmente, é formada por profissionais de tecnologia da informação (TI), marketing e planejamento estratégico. No geral, explica Vitor, para trabalhar com esse método, é preciso formar um time com pessoas que tenham conhecimento de negócios e da operação da empresa, associados com conhecimentos técnicos de coleta de dados, modelagem de dados, visualização e estatística. “Esse profissional vai procurar entender com outros times da companhia quais são suas dores, questões ou perguntas de negócio que precisam ser solucionadas ou entendidas, por meio dos dados. A comunicação aqui é bem importante. É por isso que essa área é essencial na tomada de decisões corretas e sem achismos, porque ela embasa as questões por meio, de análises e relatórios”, afirma.
Adaptando a cultura aos dados
Contudo, adaptar a cultura da empresa para o BI é, extremamente, importante para a sua sobrevivência. “Ter uma mentalidade baseada na análise de dados faz com que os colaboradores deixem de apoiar suas decisões em achismo ou em opiniões e passem a considerar informações reais e disponíveis”, diz o CMO e cofundador da Rock Content. Para que essa transição ocorra de forma eficaz, a empresa deve dar suporte ao colaborador, por meio de treinamentos, cursos e artigos: “É preciso ensinar não somente a entender como trabalhar com os dados, mas também mostrar a importância e a mudança que essa nova cultura vai trazer para o dia a dia e a rotina da empresa”. Além disso, é importante que esse suporte também ocorra, via tecnologia, oferecendo à equipe as melhores ferramentas e softwares. Vivaldo, ainda, aponta a necessidade de iniciar o movimento de adaptação de cultura do Business Intelligence, por meio de aplicações pequenas, com mais probabilidade de êxito.
*Crédito da foto no topo: Pixabay/Pexels