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A minha jornada no SXSW London 2025

Inovação, cultura e vozes globais convergiram para repensar o futuro e fortalecer conexões, em um evento novo e com sua identidade própria


9 de junho de 2025 - 6h10

Voltando de Shoreditch, sinto que o SXSW London 2025 foi, acima de tudo, um encontro de vozes poderosas — pessoas que carregam visões transformadoras sobre tecnologia, cultura, criatividade e impacto social. Não foram apenas discursos, mas provocações vivas que se organizaram em experiências reais, imersivas e conectivas.

Vozes como Demis Hassabis, cofundador e CEO da DeepMind, trouxeram à tona a urgência de um “imperativo humano” na inteligência artificial, defendendo uma IA orientada para amplificar nossa humanidade e bem-estar social. Deepak Chopra, por sua vez, convidou o público a mergulhar no tema da “inteligência emocional algorítmica”, explorando como a tecnologia pode — ou deve — dialogar com o equilíbrio mental, transcendendo o corpo e adentrando dimensões espirituais.

Azeem Azhar, autor do Exponential View, apresentou uma reflexão aguda sobre os impactos exponenciais da tecnologia nas estruturas sociais e culturais — destacando a IA como uma força de convergência e redefinição dos hábitos humanos. Dan Clancy, CEO da Twitch, comandou o painel “Live and Unfiltered”, onde explicou como o livestreaming está moldando novas comunidades digitais, com modelos de monetização que aproximam criadores e seguidores de forma direta e genuína.

Jimmy Wales, fundador da Wikipedia, debateu “Building Trust in the Age of Information Overload”, ressaltando a importância da curadoria colaborativa mesmo em tempos impulsionados por automação e IA. Keily Blair, como CEO da OnlyFans, destacou os desafios de equilibrar liberdade criativa com responsabilidade e governança — posicionando a plataforma como protagonista da economia criativa disruptiva.

Além dos temas de IA e do ecossistema criador, outros destaques vibrantes incluíram Idris Elba, que discutiu como a criatividade — por meio da música, do cinema e da atuação — pode ser um instrumento de mudança social. Katherine Ryan, no painel sobre a ciência da imortalidade, uniu humor e ciência ao explorar biohacking, envelhecimento e redefinição das convenções da longevidade. Cesc Fàbregas, ex-capitão do Arsenal e hoje gestor do Como FC, falou sobre o crescimento de uma marca esportiva e as estratégias de liderança em transição — levando aprendizados do futebol à gestão e inovação empresarial.

Ahmed Bimini (drag queen Bimini) e artistas como Erykah Badu, Tems e Wyclef Jean também estiveram presentes, reforçando a força da diversidade cultural nas conversas do festival. Jane Goodall, Björn Ulvaeus, Dina Asher‑Smith, Ian Wright e apresentadores como Joe Wicks participaram de painéis que uniram esporte, conservação, cultura e saúde — mostrando o amplo escopo do evento.

O olhar de Dario Amodei, da Anthropic, reforçou que a credibilidade dos próximos modelos de IA depende de serem desenvolvidos com foco em confiabilidade, transparência e ética — bandeiras que caminham lado a lado com a inovação e precisam se consolidar como padrão, não exceção. A presença de OpenAI nos painéis e exibições sobre IA generativa e segurança de modelos só reforçou que o debate sobre regulação, impacto social e ética não é mais periférico, mas central.

O SXSW London 2025 terminou como uma espécie de “laboratório vivo”: princípios, plataformas e pessoas experimentando — em tempo real — novos formatos de conexão, monetização e impacto cultural. A minha impressão é clara: mais do que tendências tecnológicas, emergiu a urgência de desenvolver modelos sustentáveis que unam lucro a propósito, liberdade a segurança, comunidade a responsabilidade. Foi em Shoreditch que essa conversa se materializou em colocações, conexões e provocações concretas — e a volta ao Brasil carrego não apenas insights, mas responsabilidade para interpretar, adaptar e democratizar essas reflexões para além do inglês britânico.

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