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SXSW Londres: um festival sem comparação

Quando a alma criativa de Londres encontra o espírito inovador do SXSW, nasce um novo capítulo — autêntico, plural e impossível de comparar


9 de junho de 2025 - 13h26

Nos últimos dias, tenho recebido muitas perguntas — de amigos que não vieram e de quem está aqui em Londres — sobre qual é melhor: Austin ou Londres? Mas a verdade é que essa comparação não faz sentido. O SXSW Londres nasceu grande e já assumiu seu lugar no calendário global de cultura, tecnologia e inovação. Não é apenas uma extensão do original texano: é um novo festival, com alma própria, feito sob medida para a energia única de Londres.

É importante lembrar que a edição londrina não é produzida pela equipe original de Austin. Trata-se de uma licença da marca SXSW para produtores locais, o que dá ao festival uma identidade própria. Essa diferença se traduz em tudo: desde as venues, que vão de igrejas históricas a clubes underground, até o consumo do evento, que respira a vibração cosmopolita de Londres. Shoreditch, bairro criativo por natureza, se tornou o palco perfeito para essa convergência de ideias e experiências.

A qualidade da curadoria tem sido outro ponto marcante — e um lembrete de que Londres não veio para copiar Austin, mas para estabelecer um novo padrão. A programação traz nomes como Demis Hassabis, CEO da DeepMind, que discutiu o impacto da inteligência artificial; Deepak Chopra, explorando a convergência entre espiritualidade e tecnologia; Idris Elba, falando sobre criatividade como força transformadora; Cesc Fàbregas, oferecendo insights sobre liderança no esporte; e Katherine Ryan, provocando reflexões sobre a imortalidade e o tempo. São conversas que não só inspiram, mas também ampliam a forma como pensamos o futuro.

Na música, as apresentações de Tems, Wyclef Jean, Erykah Badu (como DJ Lo Down Loretta Brown) e Mabel trouxeram à cena londrina uma energia que só a música ao vivo pode oferecer. Nas artes visuais, nomes como Andy Warhol, Beeple, Alberta Whittle e Alvaro Barrington construíram pontes entre arte, identidade e tecnologia. O cinema, com a estreia de Stans e a retrospectiva de Jenn Nkiru, mostrou que narrativas emergentes também têm espaço — e relevância — neste palco plural.

Entre esses nomes, um destaque especial é Rohit Bhargava — figurinha carimbada no SXSW Austin e um dos poucos que se repetem aqui em Londres. Rohit sintetizou bem a essência desta edição: “Londres não está aqui para recriar a experiência de Austin — e, depois de alguns dias, percebi que não precisa. O SXSW Londres é o futuro do festival: distribuído em dezenas de locais, com música como força central e a emoção e serendipidade em cada esquina. É um vislumbre do que podemos esperar no futuro, sem a necessidade de copiar o passado.” Suas palavras ressoam porque capturam o que está no coração deste evento: a capacidade de Londres de gerar conexões genuínas, encontros inesperados e diálogos transformadores, lembrando que Austin passará por uma transformação no ano que vem com a ausência do ACC.

Claro que, como toda primeira edição, há ajustes a serem feitos. Mas o que se vê aqui é um festival que já nasce maduro. Um festival que não quer ser Austin — quer ser Londres. Os temas que emergem — de saúde mental e IA ao futuro do trabalho e cultura de fãs — refletem um olhar atento às tensões e oportunidades do nosso tempo.

No final, o SXSW Londres não é melhor ou pior que Austin. É diferente. E essa diferença não é apenas o que o torna único — é o que já o faz necessário. Em vez de comparações, vale celebrar o ineditismo e a força desta nova página no calendário global da inovação. O SXSW Londres chegou para ficar, mostrando que o futuro da cultura e da tecnologia é sempre sobre criar algo que ainda não vimos.

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