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De 7 a 15 de março de 2025 I Austin - EUA
SXSW

Apostas para o futuro dos alimentos

Se você é um amante de comida, continue lendo, pois preparei um menu degustação do que vi por aqui


13 de março de 2023 - 11h29

Crédito: Arte Meio & Mensagem

Chegamos rapidamente ao fim da trilha de alimentação no SXSW! Em meio a tanto conteúdo do evento, se você é um amante de comida, continue lendo, pois preparei um menu degustação do que vi por aqui.

Alternativas às proteínas animais

No painel sobre “uma mudança eminente do ecossistema plant-based”, o chef de cozinha Tom Colicchio (jurado do Top Chef e fundador do Gramercy Tavern) e os empreendedores Tyler Huggins (Meati Foods) e Nicolas Jammet (sweetgreens) discutiram sobre produtos alternativos às proteínas animais.

Os palestrantes dividiram esses produtos em primeira e segunda geração. A primeira geração foi a que desbravou e criou esse segmento, trazendo os famosos hambúrgueres de planta com aparência e textura similares à carne (Impossible Foods e Beyond Meat). O consenso foi que essa primeira geração teve um importante papel de trazer consciência ao grande público de que é possível comer menos carne, sem grandes sacrifícios. Esses mesmos produtos apresentam oportunidades de melhoria, o que leva à segunda geração.

Para dar o próximo passo, é necessário entregar os principais critérios de decisão do consumidor em um único produto. Esses critérios são: acesso, sabor, textura, qualidade nutricional e ainda impacto positivo ao meio ambiente. Com uma conta difícil de fechar, os painelistas acreditam que já existe uma solução.

A grande aposta está nos produtos à base de cogumelos. Nessa fonte de proteínas, as primeiras startups estão utilizando o micélio dos fungos (a parte que fica embaixo da terra, também conhecido como “raiz” dos cogumelos) para produzir alternativas clean label, nutritivas e saborosas, por meio do processo de fermentação.

As duas marcas que experimentei foram a Meati, com um “peito de frango” e a Fynd, com um “breakfast patties”, espécie de hamburguer para comer no café da manhã. Ambos feitos de micélios e surpreendentes! Com pouco processamento e fabricados de forma muito “clean”, os produtos entregam uma experiencia sensorial incrível sem abrir mão da nutrição e impacto ambiental.

Além dos cogumelos, outra alternativa vegetal que chamou atenção foi a Finless, com seu “atum” feito de “winter melon”, a prima da melancia! Eles operam no modelo B2B, fornecendo para restaurantes japoneses essa alternativa ao atum para garantir a inclusão de pessoas veganas e alérgicas quando vão jantar com seus amigos.

Outras tendências

Durante esses dias, tive a oportunidade de conhecer algumas outras startups interessantes:

1) Vel: soluções completas para escritórios, pensando em toda a experiência do colaborador. Inclusive no tipo de alimento que ele vai consumir! Eles fazem uma curadoria de alimentos que ajudam na cognição, como cogumelos, nootrópicos e infusões. Além dos alimentos em si, chama atenção que eles são entregados por robôs autônomos

2) Coldraw: tecnologia japonesa ainda bem early stage, que acelera o processo de infusão e extração a frio. Algumas aplicações incluem Cold Brew (que pode ser feito em poucos minutos, enquanto sua versão tradicional demora de 6 à 12 horas) e infusões de bebidas alcóolicas (o exemplo exposto era de Tequila com infusão de camomila).

3) Fishwife: fundada e liderada por mulheres, com o objetivo de tornar os frutos do mar enlatados – de origem ética, premium e deliciosos – em um item básico em todos os armários. Com comunicação divertida e graficamente maravilhosa, a empresa está fazendo um rebranding da categoria de enlatados. Inclusive, posiciona seus produtos como “coleções”. Curiosidade: o termo “Fishwife” remonta ao século XVI e originalmente se referia às filhas ou esposas de pescadores que vendiam peixe no mercado. O termo evoluiu gradualmente para um insulto de gênero para mulheres impetuosas, desbocadas e atrevidas.
Estou animada de ver tantas inovações interessantes e vejo quantas oportunidade temos na mesa. Fica a pergunta: como podemos trazer essas tendências para o Brasil e adaptá-las às nossas necessidades e preferências culinárias?

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