Cardápio do SXSW: de água da chuva enlatada as bebidas nootrópicas
Algumas novidades para os interessados no futuro da alimentação
Algumas novidades para os interessados no futuro da alimentação
11 de março de 2023 - 15h06
Richard’s Rainwater (Crédito: juliana Glezer)
Comecei o dia com a palestra do Simran Jeet Singh, Diretor Executivo do programa de Religião e Sociedade do Aspen Institute, que fez um convite para saborear o lado doce da vida, alegando que isso é uma escolha.
No evento The Future of Food, parte do SXSW, pude entrar em contato com pequenos empreendedores americanos de alimentação e assistir alguns painéis sobre o tema dos sistemas alimentares, enquanto tomei água da chuva, literalmente. A água do evento é a Richard’s Rainwater. Essa empresa serve água da chuva em latinhas e alega que a chuva é 100 vezes mais limpa do que os padrões mais rígidos de água engarrafada, além de ser sustentável.
Em termos de tendências, assisti a um painel com duas Venture Capitalists especializadas nos sistemas alimentares, Brita Rosenhem (Vita Vera Ventures) e Brittany Davis (Backstage Capital). Elas pontuaram a entrada da adolescência dos produtos plant-based, ressaltando que o primeiro passo foi dado, pois produtos análogos aos animais já existem em quase todas as categorias. Agora, para atingir de fato a maturidade, é necessário que esses produtos apresentem um bom equilíbrio entre a experiência sensorial, mas também impacto ambiental e na saúde de quem consome. Uma aposta foi a entrada mais forte dos produtos análogos aos animais, clean label.
Além dos plant-based, as especialistas citaram o aumento dos alimentos étnicos e discutiram o futuro das fórmulas infantis. Nesse aspecto, destaca-se a atual escassez de fórmulas que imitam o leite materno para bebês com alergias. Brittany, que se tornou mãe há dois anos, acredita que a inovação no leite materno é uma área interessante a ser explorada e menciona o surgimento de empresas como Bobbie e Harmony que estão usando ingredientes melhores e mais limpos em suas fórmulas. A Harmony usa tecnologia de fermentação de precisão para criar componentes livres de alérgenos do leite materno. A palestrante acredita que há uma oportunidade interessante para empresas que possam oferecer uma alternativa melhor à fórmula atualmente disponível no mercado, especialmente para pais lidando com alergias.
Depois do painel, degustei diversos produtos e conversei com seus respectivos empreendedores.
Destaco aqui as startups mais interessantes do dia:
1) The Cultured Carrot é uma marca que se posiciona como a próxima evolução da fermentação ancestral, com molhos que têm a proposta de cuidar da microbioma, usando princípios da ayurveda, que é um sistema milenar que aborda a saúde de forma holística, equilibrando o corpo, a mente e o espírito para alcançar a saúde e o bem-estar geral.
2) Plink!é uma bebida em formato de comprimido efervescente, com funcionalidade de eletrólitos, divertida e funcional ao mesmo tempo, além de ter um formato prático.
3) Moment: uma bebida que chama atenção por ser nootropica, ou seja, “potencializadora cognitiva”. Os nootrópicos são substâncias que podem melhorar a função cerebral, como memória, atenção, concentração e criatividade. No caso da Moment, o efeito proposto é de “pre-meditação”, com o princípio ativo da ashwagandha, uma planta medicinal com propriedades antiinflamatórias e antioxidantes.
4) Moonshot – “climate-friendly crackers” – salgadinhos deliciosos e neutros em emissão de carbono. Pelo menos 25% de nossas emissões de gases de efeito estufa vêm dos alimentos e, por isso, a missão da Moonshot é ajudar a enfrentar as mudanças climáticas. Como eles fazem isso?
– Ingredientes rastreáveis e a curtas distâncias: as matérias-primas são cultivadas próximas de onde os biscoitos são produzidos, com controle e rastreabilidade de todo sistema alimentar;
– Agricultura regenerativa: a prática de agricultura regenerativa inclui a redução do cultivo e a rotação de culturas, resultando em um ecossistema saudável, pautado no conhecimento dos povos indígenas sobre a interdependência do lugar e das espécies.
5) Fazendeiros Felizes: a marca estabelece conexões diretas com os agricultores, garantindo que os ingredientes sejam rastreáveis até o agricultor e o campo. Além disso, pagam um prêmio para construir um mercado para os alimentos que eles cultivam com muito cuidado e para o solo saudável que estão construindo.
Confesso que ainda estou digerindo tudo que vi e aprendi, enquanto me preparo para o novo dia de evento, muito empolgada e com fome de conhecer mais! Amanhã volto por aqui para trazer mais novidades.
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